sábado, 31 de agosto de 2013

EUA dizem que ataque à Síria visa manter sua 'credibilidade'
Secretário Kerry diz que um dos objetivos é mandar recado a países como Irã
Obama diz que ação não está decidida, mas seria limitada; para EUA, 1.429 morreram em ataque semana passada
JOANA CUNHA  - FSP
Em discurso no qual apresentou os argumentos para um ataque à Síria, o secretário de Estado dos EUA, John Kerry, deixou claro ontem que a ação militar que seu governo prepara para os próximos dias tem por objetivo preservar a "credibilidade americana" junto a regimes como Irã e Coreia do Norte.
"Isso importa além das fronteiras da Síria. É sobre se o Irã se sentirá confiante, na ausência de ação, para obter armas nucleares. É sobre Hizbullah, Coreia do Norte e todos os grupos terroristas ou ditadores que podem contemplar o uso de armas de destruição em massa", diz.
A declaração mostra que a motivação humanitária não é a única para o ataque contra o ditador Bashar al-Assad, após o uso de armas químicas na semana passada.
Momentos após a fala de Kerry, o presidente Barack Obama também se pronunciou. Disse que a decisão sobre a iminente intervenção ainda não foi tomada e reiterou que a ação planejada será limitada e não envolve tropas terrestres.
A ideia é um ataque a alvos militares de Assad, como punição pelo uso das armas químicas, mas sem necessariamente tomar parte na guerra civil do país.
Tanto Kerry (que foi mais incisivo) quanto Obama deixaram claro que o ataque com armas químicas não ficará sem resposta.
TRAUMA DO IRAQUE
Kerry tentou afastar a memória dos erros cometidos no Iraque, em 2003, quando a falsa existências de armas de destruição em massa foi usada como pretexto para o ataque. Ele se preocupou em enfatizar que o trabalho da equipe de inteligência da ONU foi minucioso.
"Não vamos repetir aquele momento", disse. Ele anunciou relatório divulgado pelo governo que trouxe, entre outros dados, o cálculo de 1.429 mortos no ataque do dia 21, incluindo 426 crianças.
Esforçando-se em fundamentar a posição, Kerry enumerou conclusões tomadas pela investigação, como o registro de que, antes do ataque, equipes do regime prepararam a área e se preveniram com máscaras.
O governo dos EUA também diz ter descoberto o horário e o local de onde partiram os ataques, em áreas sob controle do regime. Apenas destinos mantidos pela oposição teriam sido atingidos, sempre segundo a investigação americana.
Ele dedicou parte do discurso para dizer que não espera autorização da ONU para o ataque, por causa da obstrução russa.
Elencou países que poderão ajudar numa ação militar, como França, Austrália e Turquia --mas não citou o Reino Unido, cujo Parlamento anteontem rejeitou participação do país.


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