Alain Faujas - Le Monde
Valter Campanato/Agência Brasil
17.mai.2013 - O novo diretor-geral da Organização Mundial do Comércio, embaixador Roberto Carvalho de Azevêdo, ao conceder sua primeira entrevista no Brasil após ser eleito para o cargo
O sucessor de Pascal Lamy na direção da Organização Mundial do Comércio (OMC), Roberto Azevêdo, assumirá o cargo em 1º de setembro. Seu antecessor lhe avisou: "A OMC anda como um enorme petroleiro, e seu diretor-geral não é seu capitão. Ele precisará lutar para vencer a tendência dos diplomatas à procrastinação."
Roberto Azevedo é um diplomata dos pés à cabeça. Oriundo de Salvador, na Bahia (Brasil), ele permaneceu dezesseis anos alocado em Genebra. Aos 55 anos, ele conhece de cor a mecânica das negociações comerciais, tendo contribuído na condenação dos Estados Unidos por seus subsídios ao algodão, e da Europa por seus subsídios ao açúcar.
Para ajudá-lo em sua tarefa, ele escolheu quatro diretores adjuntos, representantes ou ex-representantes de seus países junto à OMC: um alemão, um americano, um chinês e um nigeriano. Seu chefe de gabinete será o embaixador australiano. Assim todos os continentes estão representados, mas não há mais nenhuma mulher nem francófonos na equipe principal.
Ainda que originário de um país que voltou a se tornar protecionista com sua presidente Dilma Rousseff, o novo diretor da OMC pretende dar "novo fôlego, vital para desbloquear o sistema comercial multilateral". A conferência ministerial da OMC em Bali (Indonésia), de 3 a 6 de dezembro, deverá lhe permitir explicar como o fará.
As condições não parecem estar ruins para seu primeiro grande teste. Em julho, os representantes dos Estados-membros deram a impressão de que eles estavam prontos para avançar na direção de uma simplificação dos procedimentos aduaneiros que reduziria em muito os custos do comércio, sobretudo para os países isolados. A ideia seria também que os países em desenvolvimento fossem autorizados sob certas condições a fornecer uma ajuda alimentar às suas populações ameaçadas de fome e, para isso, proteger sua agricultura indo contra as regras da OMC.
Será que ele irá propor reformas institucionais, para que a organização saia de um torpor que só poupa seu temido "órgão de acertos de divergências"? Para Richard Baldwin, professor de economia internacional do Graduate Institute de Genebra, a questão está mal formulada: "Não é a OMC que precisa de reformas, mas sim seus Estados-membros." Em suma: eles devem superar seu egoísmo sagrado e sua falta de visão.
Tradutor: Lana Lim
17.mai.2013 - O novo diretor-geral da Organização Mundial do Comércio, embaixador Roberto Carvalho de Azevêdo, ao conceder sua primeira entrevista no Brasil após ser eleito para o cargo
O sucessor de Pascal Lamy na direção da Organização Mundial do Comércio (OMC), Roberto Azevêdo, assumirá o cargo em 1º de setembro. Seu antecessor lhe avisou: "A OMC anda como um enorme petroleiro, e seu diretor-geral não é seu capitão. Ele precisará lutar para vencer a tendência dos diplomatas à procrastinação."
Roberto Azevedo é um diplomata dos pés à cabeça. Oriundo de Salvador, na Bahia (Brasil), ele permaneceu dezesseis anos alocado em Genebra. Aos 55 anos, ele conhece de cor a mecânica das negociações comerciais, tendo contribuído na condenação dos Estados Unidos por seus subsídios ao algodão, e da Europa por seus subsídios ao açúcar.
Para ajudá-lo em sua tarefa, ele escolheu quatro diretores adjuntos, representantes ou ex-representantes de seus países junto à OMC: um alemão, um americano, um chinês e um nigeriano. Seu chefe de gabinete será o embaixador australiano. Assim todos os continentes estão representados, mas não há mais nenhuma mulher nem francófonos na equipe principal.
Primeiro grande teste em Bali
Roberto Azevedo sabe que a OMC deve concluir de uma maneira ou outra as negociações da rodada Doha, pois, segundo ele, "o sistema comercial está enfraquecido pela completa estagnação das negociações". Ele sabe também que os Estados Unidos começaram a cercar a China ao propor uma parceria transpacífica e outra à Europa. E que o desenvolvimento dos acordos bilaterais poderia prejudicar a legitimidade da OMC, cujas regras se aplicam ainda para 85% do comércio mundial.Ainda que originário de um país que voltou a se tornar protecionista com sua presidente Dilma Rousseff, o novo diretor da OMC pretende dar "novo fôlego, vital para desbloquear o sistema comercial multilateral". A conferência ministerial da OMC em Bali (Indonésia), de 3 a 6 de dezembro, deverá lhe permitir explicar como o fará.
As condições não parecem estar ruins para seu primeiro grande teste. Em julho, os representantes dos Estados-membros deram a impressão de que eles estavam prontos para avançar na direção de uma simplificação dos procedimentos aduaneiros que reduziria em muito os custos do comércio, sobretudo para os países isolados. A ideia seria também que os países em desenvolvimento fossem autorizados sob certas condições a fornecer uma ajuda alimentar às suas populações ameaçadas de fome e, para isso, proteger sua agricultura indo contra as regras da OMC.
Será que ele irá propor reformas institucionais, para que a organização saia de um torpor que só poupa seu temido "órgão de acertos de divergências"? Para Richard Baldwin, professor de economia internacional do Graduate Institute de Genebra, a questão está mal formulada: "Não é a OMC que precisa de reformas, mas sim seus Estados-membros." Em suma: eles devem superar seu egoísmo sagrado e sua falta de visão.
Tradutor: Lana Lim
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