quinta-feira, 1 de março de 2012

ANGELA MERKEL E O FUTURO DA UNIÃO EUROPEIA

Angela Merkel sofre pressão em relação a decisões sobre resgate do euro
Der Spiegel
Merkel estará condenada se o fizer - mas a Europa poderá ser condenada se ela não o fizer. Aumenta a pressão sobre a chanceler alemã para abandonar a oposição de seu governo a aumentar significativamente o tamanho do fundo de socorro permanente do euro. Mas essa medida encerraria riscos políticos significativos para Merkel em casa.
A chanceler alemã, Angela Merkel, tem um problema. A pressão externa sobre seu governo para apoiar o aumento do tamanho do fundo de resgate permanente do euro, o Mecanismo Europeu de Estabilidade (ESM na sigla em inglês), está crescendo rapidamente, com Berlim hoje virtualmente isolada entre o G-20 e a zona do euro, com o Fundo Monetário Internacional também insistindo. Até os países em desenvolvimento do mundo estão pedindo que Merkel concorde em reforçar a proteção dos atuais planejados 500 bilhões de euros (US$ 670 bilhões) para pelo menos 750 bilhões de euros.
Internamente, porém, ela está em um impasse. A fadiga da ajuda se instalou entre os conservadores de Merkel de forma intensa, e o apetite político de seu gabinete para contrabalançar esse ceticismo é limitado. Na verdade, a votação na segunda-feira (27) no Parlamento alemão do segundo pacote de ajuda à Grécia provavelmente só endureceu a resistência de Merkel. Legisladores renegados nos bastidores de sua coalizão de governo, que une seus conservadores com os Democratas Livres, amigos da livre iniciativa, deixaram Merkel sem a simbólica "maioria do chanceler", uma maioria absoluta dos assentos no Parlamento apenas com os votos da coalizão.
Isso, porém, não impediu que os políticos da UE esta semana acrescentassem suas vozes à cacofonia dos que pedem que Berlim entre em ação. Especificamente, a ideia é adicionar os cerca de 250 bilhões de euros que restaram do fundo temporário de socorro do euro, o Fundo Europeu de Estabilização Financeira (EFSF, na sigla em inglês), aos 500 bilhões de euros do ESM, que entra em vigor no final deste ano, para criar um pote no valor de três quartos de trilhão de euros.
Em uma entrevista com o jornal conservador "Die Welt", impresso na quarta-feira (29), o diretor do Grupo do Euro, Jean-Claude Juncker, reiterou sua crença de que "até o final de março teremos chegado a um acordo para reter o ESM e o EFSF em paralelo. Isso tornaria 750 bilhões de euros disponíveis".
Em uma conversa com "Spiegel Online", o presidente do Parlamento Europeu, Martin Schulz, um social-democrata, não tinha menos certeza de que um muro corta-fogo maior está a caminho: "Sim, o fundo de socorro do euro será aumentado, quer Angela Merkel goste quer não". Ele também disse: "No final, Angela Merkel está sempre preparada para dar os passos necessários. Mas só no final. Seria melhor se ela desce os passos necessários no início".
Houve alguns indícios de que o governo de Merkel poderia estar preparado para rever sua atual posição teimosa sobre o fundo de ajuda. Merkel disse recentemente que "por enquanto" seu governo não via necessidade de ampliação. Outros políticos alemães tarimbados também sugeriram que poderão mudar de ideia.
Mas a resistência continua firme, especialmente entre os que votaram contra o segundo pacote de ajuda à Grécia na segunda-feira. E Horst Seehofer, chefe da União Social Cristã, partido irmão na Baviera dos Democratas Cristãos de Merkel e uma parte crucial de sua coalizão em Berlim, disse a um jornal de Munique em entrevista publicada na quarta-feira que duvida que uma ampliação do muro corta-fogo seja politicamente possível. "Acredito que tal coisa é dificilmente possível", ele disse ao "Münchner Merkur".
Merkel não tem muito tempo para tomar sua decisão. O ESM entrará em vigor em julho, mas os líderes haviam planejado abordar o tema em uma reunião esta semana. Isso agora foi adiado, com o fundo de socorro marcado para surgir novamente em meados de março.
Enquanto isso, em seus comentários ao "Die Welt", Juncker deu mais uma ideia sobre a longa lista de artigos sobre a crise do euro a ser discutidos na UE. Ele gostaria de ver um comissário europeu exclusivamente encarregado de supervisionar as reformas econômicas e do mercado de trabalho na Grécia.
"Eu seria muito a favor de tornar um comissário europeu responsável pela construção das estruturas econômicas gregas", ele disse. "Não um comissário da austeridade, como foi proposto, mas um ministro do desenvolvimento econômico que personifique todas as competências da Comissão Europeia na Grécia." Mais adiante na entrevista ele acrescentou: "Eu falo muito a sério sobre essa proposta".
Com agências de notícias
Tradutor: Luiz Roberto Mendes Gonçalves

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