Caminhoneiros de cinco estados podem cruzar os braços
Líderes sindicais de São Paulo, Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Ceará e Pará querem convenção nacional e ameaçam greve geral da categoria
Renato Jakitas e Marina Pinhoni - VEJA
Sindicalistas de pelo menos cinco estados mostram disposição de aderir a uma paralisação nacional de caminhoneiros, que pode ser convocada até o fim deste mês por meio de convenção da categoria. Líderes de São Paulo, Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Ceará e Pará admitiram ao site de VEJA que tanto a greve quanto a convenção nacional estão em discussão.
A possibilidade de um movimento em todo o país entrou em pauta depois que o presidente do Sindicato Nacional das Empresas Distribuidoras de Combustíveis e de Lubrificantes (Sindicom), Alísio Vaz, informou que os caminhoneiros devem trabalhar neste fim de semana para normalizar o fornecimento de combustíveis na Grande São Paulo. Após cruzarem os braços por três dias, os motoristas de caminhão-tanque interromperam o abastecimento de gasolina, etanol e diesel na capital, secando em 12 horas a maioria dos postos de combustíveis da capital paulista.
O assunto foi debatido por cerca de quatro horas na sede do Sindicato dos Transportadores Autônomos de Bens do Estado de São Paulo (Sindicam-SP) na noite de quinta. Participaram da reunião, além do presidente do Sindicam-SP, Norival de Almeida Silva, líderes da Associação Brasileira dos Caminhoneiros (Abcam), do Sindicato das Empresas e Transportadores de Combustível e Derivados de Petróleo (Sindtanque) e da Federação dos Caminhoneiros do Estado do Rio Grande do Sul (Fecam-RS).
“O momento é importante. Todos os representantes de carga, seja ela seca ou líquida, estão revoltados com a restrição imposta na cidade de São Paulo. Todo mundo está conversando e vamos marcar uma reunião para discutir o que fazer, se será um movimento nacional ou não, se vamos parar ou não, que tipo de mobilização vamos promover”, afirma o vice-presidente da Abcam, Claudinei Pelegrini. Segundo ele, não há data para realizar a convenção.
Para André Costa, vice-presidente da Federação dos Caminhoneiros do Estado do Rio Grande do Sul, a restrição paulistana deve repercutir negativamente no bolso do caminhoneiro gaúcho. “Em essência, avaliamos as causas e as consequências das atitudes tomadas, os resultados que essa nova lei gera para o resto do país. São Paulo é o centro nervoso do Brasil e nossos caminhões passam por lá o tempo todo”, afirma.
Segundo Costa, a última vez que a categoria convocou uma convenção nacional foi há cerca de cinco anos, quando se cobrava do governo uma maior fiscalização sobre o benefício do vale-pedágio, que obriga os contratantes a ressarcirem o desembolso dos caminhoneiros nas praças de pedágio.
Circulação – O mais enfático entre os sindicalista é Eurico Tadeu Ribeiro, que dirige o sindicato dos caminhoneiros no estado do Pará. Para ele, uma greve nacional “é quase certa”.
Ribeiro e os caminhoneiros locais estão insatisfeitos com um decreto municipal de 2008, que proibiu a circulação de veículos de carga no perímetro urbano de Belém das 6 horas às 9 horas e das 17 horas às 20 horas. O sindicalista, entretanto, reclama que não há infraestrutura para que os motoristas aguardem com seus veículos na entrada da capital paraense. Ele quer aproveitar a mobilização paulista para forçar na prefeitura a construção de um pátio de mil metros quadrados, com capacidade para 5 mil caminhões.
“A gente vai parar também. Já tínhamos, inclusive, uma paralisação marcada para a última terça-feira. Mas a justiça conseguiu um acordo com a prefeitura para suspender a restrição por sessenta dias. O juiz entendeu que não havia sinalização suficiente para os caminhoneiros que desconheciam a restrição e solicitou que a prefeitura providencie as placas”, diz.
Em Minas Gerais, Irani da Silva Gomes, que comanda o Sindtanque-MG, também não descarta a possibilidade de paralisação. “Por enquanto não temos reuniões nem assembleias marcadas, mas não descartamos a possibilidade de aderir a uma paralisação, inclusive com o fim do abastecimento dos aeroportos”. Os motoristas chegaram a parar por doze horas na quinta-feira e farão uma reunião com representantes do governo, nesta segunda, para decidir o que fazer.
Outro estado que pode aderir ao coro dos grevistas é o Rio de Janeiro. Dirigentes locais farão na manhã deste sábado uma assembleia para definir o posicionamento dos caminhoneiros locais.
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