Taleban lança "ofensiva da primavera" no Afeganistão
Extremistas islâmicos atacam alvos na capital, Cabul, e em outras 3 províncias
Embaixadas, bases da Otan e Parlamento são alvejados; aliança militar ocidental chama ações de "ineficazes"
DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS
Militantes do Taleban lançaram ontem uma "ofensiva da primavera" em Cabul, alvejando embaixadas, o Parlamento e o quartel-general da Otan (a aliança militar ocidental), além de edifícios governamentais. Houve ainda ataques nas províncias de Logar, Paktia e Nangarhar.
Ao menos dois policiais e 17 insurgentes morreram nos ataques, qualificados pelo comando da Otan no Afeganistão de "ineficazes" e pelo Departamento de Estado de "covardes". Ficaram feridos 14 policiais e nove civis.
A série de ataques -entre os piores na capital desde que o Taleban foi derrubado do poder, em 2001- demonstra a capacidade dos militantes de alvejar a fortificada zona diplomática, no coração do poder afegão, mesmo após dez anos de guerra.
A ofensiva ocorre ainda em meio às negociações sobre a retirada das forças ocidentais do Afeganistão em 2014 e à transferência das tarefas de segurança para os afegãos.
É também uma saia justa para o presidente dos EUA, Barack Obama, que quer apresentar, no pleito presidencial de novembro, a guerra no país como um sucesso.
"Esses ataques são o começo da ofensiva de primavera, que planejamos por meses", afirmou o porta-voz do Taleban, Zabihullah Mujahid.
Mujahid disse que as ações eram represália a incidentes envolvendo tropas americanas, como a queima de exemplares do Corão em uma base e o massacre de 17 civis por um soldado americano.
"É também uma mensagem a esses comandantes estrangeiros que dizem que perdemos força. Acabamos de mostrar que podemos fazer um ataque quando quisermos", disse nota do Taleban.
Os ataques múltiplos, aparentemente coordenados, envolveram homens-bomba e militantes com armas como fuzis e granadas-foguete. Mais de oito horas após o primeiro ataque, por volta das 13h15 locais, ainda havia combates na capital.
Foram atacadas as embaixadas da Alemanha, do Reino Unido e da Rússia, o Ministério do Comércio, a residência do embaixador britânico, os arredores da embaixada americana, um hotel e diversas instalações da Otan.
"Quase levei um tiro nas costas, não de um terrorista, mas da polícia, que não tinha ideia de em quem estavam atirando", disse a parlamentar afegã Wazhman Frogh. "Isso mostra quão ridícula é a política de transição."
Anteontem à noite (início da manhã de hoje no Afeganistão), relatos davam conta de novas explosões e tiros em Cabul, perto do Parlamento.
PAQUISTÃO
No vizinho Paquistão, cerca de cem militantes do Taleban paquistanês invadiram uma prisão em Bannu (noroeste) na manhã de ontem e soltaram quase 400 detentos.
Entre os libertados estavam um preso no corredor da morte por tentativa de assassinato do ex-ditador Pervez Musharraf e outros 20 considerados pelo governo "perigosos insurgentes".
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