Merval Pereira - O Globo
Ao mesmo tempo em que discute os temas econômicos mais atuais, o Fórum Econômico Mundial abre espaços há alguns anos para debates paralelos, e este ano um deles se dedicou a discutir como incluir a felicidade e o bem-estar dos cidadãos na medida da prosperidade de um país, para além do tamanho do Produto Interno Bruto (PIB). Entre os debatedores, os economistas Jeffrey Sachs, da Universidade Columbia, e o Prêmio Nobel Joseph Stiglitz, além de Laura Chincilla, presidente da Costa Rica, um dos países mais felizes do mundo de acordo com pesquisas ainda incipientes sobre o tema.
O resultado dessa pesquisa, por sinal, fez Sachs ressaltar que os países escandinavos aparecem nos quatro primeiros lugares (Dinamarca, Finlândia, Noruega e Suécia), na frente de países da Europa mais ricos e dos Estados Unidos. O Brasil aparece em várias pesquisas entre os mais felizes. Mas o que faz de um país feliz?
Paul Dolan, Professor de Ciência do Comportamento da London School of Economics e Oliver Harrison, Diretor de Estratégia da Autoridade de Saúde de Abu Dhabi escreveram um artigo para o blog do Fórum Econômico Mundial onde afirmam que “uma vida boa tem que ser medida individualmente.” Há evidências científicas de que um povo mais feliz é mais saudável, produtivo e mais resistente a choques externos, como desemprego.
Não é apenas o Butão que usa a medida da felicidade. A Organização de Cooperação para o Desenvolvimento Econômico (OCDE), que reúne os países mais desenvolvidos do mundo, está fazendo pesquisas para medir o bem-estar das populações, assim como o Reino Unido já está monitorando esse estado de espírito da população.
O economista Joseph Stiglitz diz que não sabemos ainda fazer boas medições sobre as diversas dimensões do progresso, e ele está convencido de que o PIB não é uma boa medida da felicidade do povo. O PIB pode crescer e o indivíduo não sentir o impacto na sua vida, pois o PIB per capita “é apenas uma estatística”. Ele lembra que a produtividade do setor público não é medida, nem o sentimento de insegurança, assim como diversas outras dimensões que afetam a vida das pessoas. Há pesquisas que mostram, por exemplo, que no mundo atual a conectividade é fundamental para o bem-estar das pessoas.
A Presidente da Costa Rica, Laura Chinchilla, deu um exemplo do que seu país faz para aumentar a taxa de felicidade da população. Disse que o país poderia crescer mais que os 5% do PIB que vem conseguindo em média nos últimos anos, mas que não aprofunda a exploração de recursos naturais, como petróleo e gás, para manter o meio ambiente preservado. Com relação ao trabalho, disse que não basta ter pleno emprego, mas que o número de horas trabalhadas permita tempo para o lazer e também que o número de mulheres empregadas seja proporcional á presença delas na sociedade. Empregos inseguros e baixos pagamentos não produzem trabalhadores felizes.
Jeffrey Sachs lembrou que só nos últimos 200 anos o mundo passou à fase da riqueza, e que apesar de décadas de crescimento quase não houve mudança no bem-estar. As mudanças climáticas estão acontecendo dramaticamente, ele ressaltou, e é preciso salvar a humanidade. Foi lembrado no debate que questões políticas impedem mudanças, e o exemplo do Partido Verde da Alemanha é característico disso. A tentativa de impor limites de velocidade nas autoestradas alemães, para evitar acidentes e poluir menos a atmosfera, nunca é aprovada por que a medida pode afrontar o sentimento machista dos homens alemães.
Stewart Wallis, diretor executivo da New Economics Foundation, falou dos estudos acadêmicos mais recentes sobre felicidade, mostrando que eles fazem a combinação de sentimentos de curto e longo prazos. Um deles, feito com mil estudantes entre 13 e 16, mostrou que atividades esportivas e musicais davam mais alegria do que qualquer outra coisa. Jeffrey Sachs falou sobre modelos psicológicos usados para medir o bem-estar, e citou outra pesquisa que mostrou que os piores momentos do dia são quando você se encontra com seu chefe e a volta para casa, com a dificuldade de transporte. Os melhores momentos são quando se está com os amigos e quando se faz amor.
Jeffery Sachs lembrou que a procura da felicidade é registrada desde sempre, com Buda e Aristóteles, com a busca de uma vida virtuosa e a redução do sofrimento. Alcançar a felicidade é um trabalho de longo prazo.
Ao mesmo tempo em que discute os temas econômicos mais atuais, o Fórum Econômico Mundial abre espaços há alguns anos para debates paralelos, e este ano um deles se dedicou a discutir como incluir a felicidade e o bem-estar dos cidadãos na medida da prosperidade de um país, para além do tamanho do Produto Interno Bruto (PIB). Entre os debatedores, os economistas Jeffrey Sachs, da Universidade Columbia, e o Prêmio Nobel Joseph Stiglitz, além de Laura Chincilla, presidente da Costa Rica, um dos países mais felizes do mundo de acordo com pesquisas ainda incipientes sobre o tema.
O resultado dessa pesquisa, por sinal, fez Sachs ressaltar que os países escandinavos aparecem nos quatro primeiros lugares (Dinamarca, Finlândia, Noruega e Suécia), na frente de países da Europa mais ricos e dos Estados Unidos. O Brasil aparece em várias pesquisas entre os mais felizes. Mas o que faz de um país feliz?
Paul Dolan, Professor de Ciência do Comportamento da London School of Economics e Oliver Harrison, Diretor de Estratégia da Autoridade de Saúde de Abu Dhabi escreveram um artigo para o blog do Fórum Econômico Mundial onde afirmam que “uma vida boa tem que ser medida individualmente.” Há evidências científicas de que um povo mais feliz é mais saudável, produtivo e mais resistente a choques externos, como desemprego.
Não é apenas o Butão que usa a medida da felicidade. A Organização de Cooperação para o Desenvolvimento Econômico (OCDE), que reúne os países mais desenvolvidos do mundo, está fazendo pesquisas para medir o bem-estar das populações, assim como o Reino Unido já está monitorando esse estado de espírito da população.
O economista Joseph Stiglitz diz que não sabemos ainda fazer boas medições sobre as diversas dimensões do progresso, e ele está convencido de que o PIB não é uma boa medida da felicidade do povo. O PIB pode crescer e o indivíduo não sentir o impacto na sua vida, pois o PIB per capita “é apenas uma estatística”. Ele lembra que a produtividade do setor público não é medida, nem o sentimento de insegurança, assim como diversas outras dimensões que afetam a vida das pessoas. Há pesquisas que mostram, por exemplo, que no mundo atual a conectividade é fundamental para o bem-estar das pessoas.
A Presidente da Costa Rica, Laura Chinchilla, deu um exemplo do que seu país faz para aumentar a taxa de felicidade da população. Disse que o país poderia crescer mais que os 5% do PIB que vem conseguindo em média nos últimos anos, mas que não aprofunda a exploração de recursos naturais, como petróleo e gás, para manter o meio ambiente preservado. Com relação ao trabalho, disse que não basta ter pleno emprego, mas que o número de horas trabalhadas permita tempo para o lazer e também que o número de mulheres empregadas seja proporcional á presença delas na sociedade. Empregos inseguros e baixos pagamentos não produzem trabalhadores felizes.
Jeffrey Sachs lembrou que só nos últimos 200 anos o mundo passou à fase da riqueza, e que apesar de décadas de crescimento quase não houve mudança no bem-estar. As mudanças climáticas estão acontecendo dramaticamente, ele ressaltou, e é preciso salvar a humanidade. Foi lembrado no debate que questões políticas impedem mudanças, e o exemplo do Partido Verde da Alemanha é característico disso. A tentativa de impor limites de velocidade nas autoestradas alemães, para evitar acidentes e poluir menos a atmosfera, nunca é aprovada por que a medida pode afrontar o sentimento machista dos homens alemães.
Stewart Wallis, diretor executivo da New Economics Foundation, falou dos estudos acadêmicos mais recentes sobre felicidade, mostrando que eles fazem a combinação de sentimentos de curto e longo prazos. Um deles, feito com mil estudantes entre 13 e 16, mostrou que atividades esportivas e musicais davam mais alegria do que qualquer outra coisa. Jeffrey Sachs falou sobre modelos psicológicos usados para medir o bem-estar, e citou outra pesquisa que mostrou que os piores momentos do dia são quando você se encontra com seu chefe e a volta para casa, com a dificuldade de transporte. Os melhores momentos são quando se está com os amigos e quando se faz amor.
Jeffery Sachs lembrou que a procura da felicidade é registrada desde sempre, com Buda e Aristóteles, com a busca de uma vida virtuosa e a redução do sofrimento. Alcançar a felicidade é um trabalho de longo prazo.
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