EFE/Stephanie Pilick
23.nov.2012 - A editora Gruner+Jahr anunciou nesta sexta (23) que o jornal Financial Times Deutschland será fechado
Muito depois dos leitores de jornais começarem a trocá-los pela Internet em outros países ocidentais, a Alemanha ainda parece um baluarte da impressão.Em um trem, avião ou ônibus, os leitores ainda abrem jornais repletos de propagandas. Mais de 72% dos alemães com mais de 14 anos leem jornais regularmente, segundo a Federação Alemã dos Editores de Jornais.
Logo, foi uma espécie de choque quando, no final do ano passado, notícias de problemas surgiram em vários jornais alemães e outras organizações de notícias. Em outubro, a "DAPD", um agência de notícias, entrou com pedido de concordata. Em novembro, o "Frankfurter Rundschau", um dos primeiros jornais que começaram a ser publicados na Alemanha ocupada depois da Segunda Guerra Mundial, também pediu concordata. Em dezembro, "The Financial Times Deutschland" fechou as portas.
Será que o setor de jornais na Alemanha seguirá o mesmo caminho de seus pares em outros lugares do mundo industrializado?
Talvez. Certas tecnologias, incluindo a Internet, demoram mais para pegar na Alemanha do que em outros lugares. A receita publicitária já caiu acentuadamente nos jornais alemães; talvez agora os leitores passem também a partir.
"Eu ficaria muito surpreso se não houvesse uma crise", disse Norbert Bolz, professor de ciência da mídia na Universidade Técnica de Berlim. "Há uma crise estrutural. Mas eu preciso dizer, honestamente, em quão surpreso estou com o sucesso das principais organizações de mídia em lidar com isso."
Os analistas dizem que os fechamentos e pedidos de concordata do ano passado foram provocados principalmente por fatores singulares das publicações e organizações individuais.
O setor alemão de agências de notícias, por exemplo, é incomumente saturado. A "DAPD", formado a partir da união do serviço em língua alemã da "The Associated Press" e da antiga agência de notícias estatal da Alemanha Oriental, compete com um serviço muito maior, a "Deutsche Presse Agentur", assim como varias outras agências de notícias de língua alemã.
O "Frankfurter Rundschau", que ainda está sendo publicado enquanto seu maior acionista, DuMont Schauberg, busca alguém que o resgate, vem cambaleando há anos. Há uma década, ele foi salvo pelo governo estadual de Hesse, e a divisão editorial do Partido Social Democrata é detentora de uma participação acionária de 40%.
O "FT Deutschland", que foi lançado em 2000 por duas editoras –Pearson do Reino Unido e pela Gruner & Jahr, que é controlada pelo conglomerado alemão de mídia Bertelsmann– nunca conseguiu se tornar uma concorrência convincente ao jornal de negócios alemão dominante, o "Handelsblatt". A Pearson vendeu sua participação acionária para a Gruner & Jahr em 2008.
A queda nos anúncios impressos afetou os jornais alemães, mas eles têm conseguido compensar com o aumento dos preços de capa. Ao todo, a receita dos jornais se manteve estável no ano passado, segundo a associação dos editores –um desempenho relativamente positivo, diante da queda em todos os outros lugares. O número de jornais na Alemanha na verdade aumentou em 2012.
Em um esforço para rechaçar novos declínios na publicidade, os editores de quatro jornais alemães de circulação nacional –"Handelsblatt", "Frankfurter Allgemeine Zeitung", "Suddeutsche Zeitung" e "Die Zeit"– formaram uma aliança neste mês para promover seu apelo junto aos profissionais de marketing.
Os editores também persuadiram o governo da chanceler Angela Merkel para que apresentasse uma legislação que poderia resultar em uma nova fonte de receita: taxas de licenciamento pagas por empresas de Internet como o Google. A medida autorizaria os editores a exigirem taxas dos mecanismos de busca ou de agregadores para apresentarem links para seus artigos. O sucesso dos editores no lobby em prol da medida, que enfrentou oposição amarga pelo Google, demonstra a força deles, dizem os analistas.
Os problemas do "Frankfurter Rundschau", "FT Deutschland" e "DAPD" "não são uma indicação da morte da mídia impressa", disse Steffen Burkhardt, um pesquisador de mídia da Universidade de Hamburgo. "Os editores na Alemanha estão em uma situação fantástica, em comparação com os editores de outros mercados."
Tradutor: George El Khouri Andolfato
Nenhum comentário:
Postar um comentário