terça-feira, 29 de janeiro de 2013

Conceituada escola de música americana abre filial na China
Joyce Lau - IHT                    
Estudantes de música da Escola Juilliard, em Nova York, ouviram as perguntas da pequena plateia da Sociedade da Ásia, em Hong Kong, sobre suas experiências em uma das principais escolas de arte do mundo. De certo modo, parecia como qualquer outra faculdade de elite, com estudantes desalinhados, carga de trabalho pesada e pais que ficam constantemente de olho.
"Os banheiros para os calouros no campus eram horríveis", disse Olivia Mok, 20, violinista formada de Hong Kong.
Eles também falaram dos dias longos de aulas e da competição feroz. Além de praticarem seus instrumentos, Mok e seus amigos praticavam corrida para inscrição nas vagas de testes. "Havia literalmente um estouro de boiada no segundo que eu apresentava meu nome", ela disse.
"Eu acho que todo mundo quer que seus filhos sejam solistas. Os pais tentam pressionar o máximo possível", acrescentou Kathryn Peterson, uma trompista do Texas e companheira de quarto de Mok. (Elas já saíram do campus.)
A conversa em Hong Kong neste mês ocorreu após o anúncio em junho de que a Juilliard montaria seu primeiro campus no exterior na China. O empreendimento faz parte da Juilliard Global, uma iniciativa de 2011 para expansão no exterior.
Várias instituições americanas –mais notadamente a Universidade de Nova York e Yale– estão no processo de abrir campi na Ásia. Mas Juilliard é a primeira escola de artes performativas americana importante a fazê-lo.
A ideia é abrir um campus em Yujiapu, um distrito financeiro planejado em construção em Tianjin, uma cidade vizinha de Pequim.
O instituto Juilliard em Yujiapu não será uma cópia do existente em Nova York. Ele terá programas semelhantes aos da Divisão Pré-Universitária menor da Juilliard, para estudantes de 8 a 18 anos, e não oferecerá diplomas superiores. Ele também se concentrará em música e carecerá da grande variedade de cursos de humanas e artes performativas encontrados no campus principal.
Um novo corpo docente será recrutado para o campus chinês, apesar de que o corpo docente de Nova York realizará visitas para oficinas e aulas especiais, disse Christopher Mossey, vice-presidente de iniciativas globais da Juilliard, em uma resposta por e-mail às perguntas.
Mas talvez a diferença mais importante é que Yujiapu não é Nova York. Juilliard fica famosamente localizada dentro do Lincoln Center for the Performing Arts. Ela é tão respeitada na cena cultural da cidade que as apresentações dos alunos recebem atenção dos críticos dos principais veículos de mídia.
"A Juilliard de Nova York faz parte de uma cena de artes bem estabelecida, enquanto em Yujiapu nós estamos orgulhosos em trabalhar com nossos parceiros no desenvolvimento de uma tradição rica e nova", disse Mossey por e-mail.
O campus chinês servirá como o único endereço não americano para estudantes que desejarem realizar testes para o campus principal da Juilliard em Nova York.
"Os estudantes dos países asiáticos não precisarão mais viajar para Nova York para testes ao vivo", disse Katy Ho, uma violista do quarto ano que se apresentou no Carnegie Hall.
"Todo mundo agora terá uma oportunidade igual de entrar na Juilliard", disse Ho, natural de Macau, que falou no evento na Sociedade da Ásia.
Mossey citou uma "grande demanda por treinamento na Juilliard na Ásia".
A Juilliard, que tem entre seus ex-alunos celebridades ásio-americanas como o violoncelista Yo-Yo Ma e a violinista Sarah Chang, é altamente respeitada na Ásia.
A China é apaixonada por crianças prodígio da música clássica desde 1979, quando o falecido Isaac Stern tirou o violoncelista de 10 anos chamado Wang Jian da obscuridade. Desde então, o país está à procura do próximo Li Yundi ou Lang Lang.
Ao longo dos anos, houve tentativas de abertura de escolas baseadas em institutos americanos como Tanglewood. O governo chinês está despejando centenas de milhões de dólares no financiamento das artes.
Mas, assim como muitos projetos na China, os detalhes são escassos. O "Juilliard Journal" noticiou em setembro que um estudo de viabilidade tinha sido concluído e que os planos para construção começariam depois dele, mas não há datas confirmadas.
Mossey escreveu que os parceiros no projeto chinês "ainda estão finalizando vários dos detalhes específicos do programa".
Os estudantes no evento da Sociedade da Ásia enfatizaram a diferença entre o método asiático de ensino de música e o formato de artes liberais mais amplo da Juilliard.
"A escola fez um esforço para promover uma educação mais arredondada", disse Mok, que cofundou uma organização de música sem fins lucrativos chamada Project Discover com seu irmão.
(Riva Hiranand e Calvin Yang contribuíram com reportagem.)
Tradutor: George El Khouri Andolfato

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