quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

Aumento de empregos em Wall Street causa inveja no deprimido centro financeiro de Londres
Marc Roche - Le Monde
Seth Wenig/AP
31.dez.2012 - Corretor de Wall Street usa óculos comemorativo do Réveillon durante seu último expediente do ano no centro de Nova York (EUA)
31.dez.2012 - Corretor de Wall Street usa óculos comemorativo do Réveillon durante seu último expediente do ano no centro de Nova York (EUA)
A felicidade de Wall Street faz a infelicidade da City, sua rival na corrida pela liderança financeira mundial. Para além da relação transatlântica exaltada pelos discursos oficiais, em questões financeiras, as vitórias americanas são derrotas britânicas. E vice-versa. É fato, a melhora nova-iorquina deprime a City.
"De 80% a 90% da volta de Wall Street é guiada pelo mercado interno americano. Verdadeiro centro internacional, a City evolui independentemente do que ocorre no país. Ela é vulnerável aos acontecimentos externos sobre os quais ela não tem influência, como a crise da zona do euro", afirma Peter Hahn, professor de finanças na Cass Business School.
Em 2012, segundo um estudo do Centre for Economics and Business Research, Nova York voltou a ultrapassar a capital britânica em termos de empregos nos serviços financeiros. O suficiente para deprimir a City, ainda mais por ser um momento de corte de postos nos bancos americanos, que estão repatriando seus funcionários do outro lado do Atlântico. A queda da libra esterlina, na qual são pagos salários e bônus dos expatriados americanos, não ajudou em nada.
A relação "especial" entre o Reino Unido e sua filha mais velha foi bastante abalada. Wall Street ficou chocada com a intervenção bruta das autoridades britânicas nos escândalos que mancharam as filiais londrinas de renomadas marcas americanas. Como as enormes perdas da "baleia" da JPMorgan ou a tentativa do Goldman Sachs de excluir seus bônus da tributação de Sua Majestade...
A City, por sua vez, aponta o papel-chave exercido pela Commodity Futures Trading Commission, o órgão regulador dos mercados futuros nos Estados Unidos, na imposição de pesadas multas ao Barclays e em breve ao Royal Bank of Scotland pelo escândalo da taxa Libor.

"Mundo interconectado"

Após o fracasso da fusão entre a Bolsa de Londres e a de Toronto, a City teme que seja transferida para a América do Norte a inclusão das companhias mineradoras da antiga URSS. Além disso, a compra em dezembro de 2012 da operadora NYSE-Euronext pela plataforma Intercontinental Exchange (ICE) reforça a influência americana sobre o mercado londrino dos derivados, o LIFFE.
Por fim, a controvérsia sobre a adesão britânica à União Europeia está destruindo a imagem de centralizadora europeia que a City construiu para si desde o Big Bang de 1986. O alerta do governo Obama contra uma saída do Reino Unido da UE estremeceu os hierarcas da Square Mile. Para acalmar a controvérsia, o primeiro-ministro David Cameron pronunciou seu discurso de 23 de janeiro sobre a Europa na sede londrina da agência de informações americana Bloomberg.
"No mundo interconectado de hoje, é ridículo que um centro financeiro tente afundar o outro. No caso de Londres, somente os serviços financeiros podem criar crescimento e empregos, e isso só pode ser feito colaborando com os outros centros": sem subestimar a ameaça vinda de Wall Street, Chris Cummings, diretor-geral da TheCityUK, órgão que promove as finanças britânicas, continua confiante. A City continua no controle do ramo das divisas, particularmente o euro, das matérias-primas e dos produtos derivados.
Tradutor: Lana Lim

Nenhum comentário: