quinta-feira, 1 de agosto de 2013

BC dos EUA mantém estímulos à economia
Decisão reduz turbulência nos mercados, após PIB americano surpreender; no Brasil, BC intervém 3 vezes no câmbio
Maior economia global cresce 1,7% no 2º tri; Bovespa reduz parte das perdas e fecha em queda de 0,67%
ANDERSON FIGO - FSP
A decisão do banco central americano (Fed), na tarde de ontem, de manter os estímulos econômicos reduziu as turbulências nos mercados, em um dia em que o PIB dos EUA surpreendeu e cresceu mais do que o esperado.
O órgão disse que os EUA crescem em "ritmo modesto" --em junho, falava em avanço "moderado"--, o que foi visto por alguns analistas como indicação de que o estímulo vai durar mais tempo.
Antes de o Fed anunciar a sua decisão, o BC brasileiro agiu três vezes para frear a valorização do dólar ante o real.
O que deu início às preocupações foi a divulgação na manhã de ontem de que o PIB americano do segundo trimestre foi mais forte do que esperavam os analistas.
O crescimento de 1,7% na taxa anualizada em relação aos três primeiros meses (ante estimativa de analistas de alta de 1%) despertou as preocupações de que o BC dos EUA iniciaria a desmontagem do programa de estímulo de compra mensal de US$ 85 bilhões em títulos do Tesouro americano.
Ou seja: encerraria a era do dinheiro barato, em que investidores pegavam dinheiro nos EUA com juro baixo e aplicavam em mercados mais arriscados, como os emergentes (Brasil, inclusive), mas com chance de retorno maior.
"Apenas a perspectiva de que isso deverá acontecer já está causando migração de recursos dos países emergentes para os EUA", diz Hamilton Alves, estrategista do BB Investimentos.
No Brasil, o dólar subiu em relação ao real e chegou a R$ 2,30, forçando o Banco Central a interferir três vezes para conter a alta da moeda.
À tarde, porém, o dólar perdeu força, depois de o banco central americano indicar que a ajuda vai continuar pelo menos por enquanto.
A moeda americana à vista, referência para as negociações no mercado financeiro, fechou em alta de 0,8%, a R$ 2,294 na venda --maior valor de fechamento desde 31 de março de 2009, quando ficou em R$ 2,310. Já dólar comercial, utilizado no comércio exterior, teve ligeira alta de 0,08%, para R$ 2,282.
O Ibovespa, principal índice da Bolsa brasileira, que operou boa parte do dia em baixa, foi para o positivo depois do anúncio do Fed, mas fechou o pregão com queda de 0,67%. Nos EUA, o Dow Jones, o principal da Bolsa de Nova York, fechou em queda de 0,14%, recuperando parte das perdas do dia.
Apesar de o PIB americano ter crescido mais que o esperado no segundo trimestre, o resultado dos três primeiros meses foi menor do que mostrava a estimativa anterior: alta de 1,1%, 0,7 ponto menos do que fora divulgado.
Como parte de uma grande revisão (o PIB desde 1929 foi recalculado), o crescimento do ano passado foi estimado em 2,8% --a projeção anterior era de 2,2%.
Já a recessão de 2007 a 2009 foi mais branda: queda de 2,9%, 0,3 ponto menor que o cálculo inicial.

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