Outros países da América Latina, como Chile e México, fazem reformas para modernização econômica e atraem estrangeiros
BRASÍLIA — Num esforço para “vender” o Brasil no mercado internacional, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, declarou na semana passada, durante um roadshow, em Nova York, que o país é “dos poucos que oferecem possibilidade de ganhar dinheiro fazendo investimento”. Mas a realidade dos números e a visão do mercado são diferentes. Especialistas ouvidos pelo GLOBO afirmam que, em um cenário de crise como o atual, no qual os países disputam investimentos produtivos para recuperar as economias, o Brasil tem concorrentes cada vez mais fortes, inclusive alguns vizinhos. Na lista dos emergentes da América Latina que estão na briga aparecem México, Chile, Costa Rica e Panamá, só para ficar com alguns dos que estão à nossa frente no ranking de competitividade do Fórum Econômico Mundial.
Para os especialistas, o Brasil precisa de reformas estruturais e regras claras, se quiser continuar a ser considerado um lugar atraente pelos investidores estrangeiros. A última capa da revista “The Economist”, indagando se o Brasil não “estragou tudo” que se esperava, aponta esta reflexão atual do cenário externo em relação ao país. Embora tenha a oferecer ao mercado um programa de concessões de R$ 470 bilhões, o país ainda é criticado pelo ambiente burocrático, a alta carga tributária e a insegurança jurídica.
— O Brasil tem potencial de atração pelo tamanho de seu mercado. Mas isso não nos exime de fazer o dever de casa. Não somos competitivos em todos os setores — afirma o economista Antonio Corrêa de Lacerda, professor da PUC-SP.
Enquanto o governo tenta azeitar o programa de concessões, o Chile já dobrou a capacidade de sua rede de banda larga no último ano, a Costa Rica continua a avançar num sistema educacional de alta qualidade e o Panamá vem se consolidando como um hub aeroportuário, além de ampliar a capacidade do canal entre o Atlântico e o Pacífico.
A Colômbia está concedendo quatro mil quilômetros de rodovias, num programa que supera US$ 20 bilhões. O México deu a largada em reformas na área trabalhista e educacional e tem feito parcerias público-privadas em rodovias. O Peru tem um programa envolvendo ferrovias.
— Chile e México estão fazendo reformas que o Brasil não fez — diz o presidente da Sociedade Brasileira de Estudos de Empresas Transnacionais e da Globalização Econômica (Sobeet), Luís Afonso Lima.
Para Gabriel Goldschmidt, gestor de Infraestrutura para a América Latina e Caribe da IFC, braço financeiro do Banco Mundial, o Brasil reúne condições macroeconômicas excepcionais, dadas pela combinação de possibilidades de crescimento, aumento da população, oferta de oportunidades e importância geopolítica. Mas, nos aspectos microeconômicos, muitas vezes o balanço risco-retorno de empreendimentos necessita de ajustes.
Mudanças em regras passam sinal ruim ao mercado
Alguns especialistas avaliam que as mudanças que vêm sendo feitas nos leilões de concessão passam um sinal ruim ao mercado, de que o governo altera regras no meio do caminho. Na semana passada, por exemplo, pela primeira vez a presidente Dilma Rousseff considerou fazer uma Parceria Público-Privada (PPP) em vez de concessão para a rodovia BR-262, cujo leilão fracassou por falta de interessados.
— O investidor que participa de um leilão de concessão avalia várias questões, como o tempo que levará para lucrar. E sabe que o governo vira quase um sócio. Por isso, regras claras são importantes — diz o diretor da Comissão Econômica para América Latina e Caribe (Cepal) para o Brasil, Carlos Mussi.
Um sinal de que os estrangeiros estão olhando para outros emergentes na América Latina foi o fato de gigantes como Exxon, Chrevron e BP terem desistido de participar do leilão de petróleo de Libra, no pré-sal — alardeado como a maior oferta à disposição no mundo.
— O Brasil não é rota tradicional de investimentos estrangeiros em infraestrutura — reconheceu ao GLOBO um consultor do governo com experiência no exterior, para quem o Brasil tem de se esforçar para demonstrar lá fora que é interessante.
Para o executivo da IFC Gabriel Goldschmidt, o anúncio feito em Nova York pela presidente na quarta-feira, reafirmando o respeito aos contratos, foi um sinal importante para manter a atratividade do país.
— O Brasil tem potencial de atração pelo tamanho de seu mercado. Mas isso não nos exime de fazer o dever de casa. Não somos competitivos em todos os setores — afirma o economista Antonio Corrêa de Lacerda, professor da PUC-SP.
Enquanto o governo tenta azeitar o programa de concessões, o Chile já dobrou a capacidade de sua rede de banda larga no último ano, a Costa Rica continua a avançar num sistema educacional de alta qualidade e o Panamá vem se consolidando como um hub aeroportuário, além de ampliar a capacidade do canal entre o Atlântico e o Pacífico.
A Colômbia está concedendo quatro mil quilômetros de rodovias, num programa que supera US$ 20 bilhões. O México deu a largada em reformas na área trabalhista e educacional e tem feito parcerias público-privadas em rodovias. O Peru tem um programa envolvendo ferrovias.
— Chile e México estão fazendo reformas que o Brasil não fez — diz o presidente da Sociedade Brasileira de Estudos de Empresas Transnacionais e da Globalização Econômica (Sobeet), Luís Afonso Lima.
Para Gabriel Goldschmidt, gestor de Infraestrutura para a América Latina e Caribe da IFC, braço financeiro do Banco Mundial, o Brasil reúne condições macroeconômicas excepcionais, dadas pela combinação de possibilidades de crescimento, aumento da população, oferta de oportunidades e importância geopolítica. Mas, nos aspectos microeconômicos, muitas vezes o balanço risco-retorno de empreendimentos necessita de ajustes.
Mudanças em regras passam sinal ruim ao mercado
Alguns especialistas avaliam que as mudanças que vêm sendo feitas nos leilões de concessão passam um sinal ruim ao mercado, de que o governo altera regras no meio do caminho. Na semana passada, por exemplo, pela primeira vez a presidente Dilma Rousseff considerou fazer uma Parceria Público-Privada (PPP) em vez de concessão para a rodovia BR-262, cujo leilão fracassou por falta de interessados.
— O investidor que participa de um leilão de concessão avalia várias questões, como o tempo que levará para lucrar. E sabe que o governo vira quase um sócio. Por isso, regras claras são importantes — diz o diretor da Comissão Econômica para América Latina e Caribe (Cepal) para o Brasil, Carlos Mussi.
Um sinal de que os estrangeiros estão olhando para outros emergentes na América Latina foi o fato de gigantes como Exxon, Chrevron e BP terem desistido de participar do leilão de petróleo de Libra, no pré-sal — alardeado como a maior oferta à disposição no mundo.
— O Brasil não é rota tradicional de investimentos estrangeiros em infraestrutura — reconheceu ao GLOBO um consultor do governo com experiência no exterior, para quem o Brasil tem de se esforçar para demonstrar lá fora que é interessante.
Para o executivo da IFC Gabriel Goldschmidt, o anúncio feito em Nova York pela presidente na quarta-feira, reafirmando o respeito aos contratos, foi um sinal importante para manter a atratividade do país.
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