domingo, 29 de setembro de 2013

Albergues ganham popularidade entre viajantes executivos
Tanya Mohn - NYT
Ferdi van 't Wout, gerente de uma companhia global de fabricação de eletrônicos na Holanda, costuma ficar em albergues quando viaja a trabalho, uma opção que ele descobriu no ano passado por acaso.
"Eu precisei viajar inesperadamente para Copenhague para encontrar com alguns colegas", disse ele. "Por causa do tempo curto e de algum grande evento que estava acontecendo, foi simplesmente impossível encontrar um hotel no centro da cidade que estivesse perto de ser considerado acessível". Então ele reservou um quarto privado com banheiro no albergue Generator Copenhaguen.
O serviço, a decoração e as áreas públicas para trabalhar com tranquilidade e relaxar o impressionaram, então ele voltou várias vezes e também se hospedou num albergue associado em Hamburgo, na Alemenha. Albergues são "bons para jovens empresários como eu, que estão prontos para ficar em qualquer lugar, mas não quero passar a noite inteira sozinho no quarto", diz Van 't Wout, 30. 
Os albergues, por muito tempo associados a mochileiros solitários e grupos de estudantes, recentemente passaram a atrair outros adultos mais velhos, famílias e, agora, até mesmo os viajantes executivos, especialmente aqueles de 20 e 30 e poucos anos, com orçamentos apertados, que ficam em albergues de luxo e bem decorados.
Josh Wyatt, sócio da Patron Capital, empresa de investimentos com sede em Londres que é dona dos albergues Generator Hostels, disse que há um tráfego estimulante de jovens empresários em seu albergue em Copenhague e em sete outras propriedades do grupo na Europa. Em um deles, quase 20% dos hóspedes durante a semana são viajantes executivos, especialmente nas épocas fora de temporada. Ele atribuiu isso às melhores no serviço, acomodações, decoração, alimentos e bebidas, áreas em que os albergues tradicionalmente não se destacam.
Muitos hóspedes do Generator Hostel estão começando suas carreiras e viajando a trabalho, mas não têm grandes orçamentos para despesas. Em 10 anos, eles poderão ficar em hotéis elegantes como o W e Standard, mas por enquanto eles escolhem albergues de luxo ao invés de hotéis econômicos. Wyatt disse que eles são atraídos por "uma boa noite de sono, um bom chuveiro e acesso Wi- Fi, tudo num lugar descontraído e interessante. Se você tem que viajar e tem pouco dinheiro, ainda assim quer se divertir e quer algo legal".
Ele disse que uma cama num dormitório do Generator Copenhague pode custar cerca de 20% do preço de um quarto num hotel executivo típico de médio porte nas proximidades e, no Generator Barcelona, cerca de 10% do valor num hotel de médio porte. E quartos privados em albergues Generator nessas cidades podem a metade do preço dos quartos de um hotel de três estrelas, disse ele.
A companhia está começando divulgar seus albergues para firmas start-up e funcionários mais novos. Ele faz reservas em lugares normalmente não associados com albergues que competem com hotéis baratos, listando suas propriedades em sistemas globais de sites de reservas online.
O setor de albergues tem crescido nos últimos anos porque mais pessoas estejam viajando e porque a crise econômica global apetou mais os orçamentos dos viajantes, de acordo com a Stay Wyse, uma associação comercial sem fins lucrativos que monitora e investiga as tendências de acomodações entre jovens viajantes no mundo todo.   
Os albergues, que têm tido lucros estáveis ao longo dos anos, também estão evoluindo à medida que se afastam do conceito rústico tradicional para uma arquitetura mais elaborada, com instalações e serviços melhores, numa tendência que começou por volta de 2004.
Cerca de 10% dos hóspedes de albergues são viajantes executivos, um número que tem crescido cerca de 1% ao ano desde 2009, em parte porque "o produto teve uma melhoria significativa em termos de qualidade", disse Laura Daly, gerente de associações da Stay Wyse. "Com o investimento em instalações, prevemos que isso crescerá numa taxa anual ainda maior."
Bjorn Hanson, reitor da divisão do Centro de Hospitalidade, Turismo e Gestão de Esportes Preston Robert Tisch na Universidade de Nova York, disse que não tinha conhecimento de dados que acompanhem a estadia de viajantes executivos em albergues, mas disse que isso pode ser mais comum fora dos Estados Unidos. O que ele atribui a vários fatores: as marcas tradicionais de hospedagem oferecem mais opções baratas de alojamento com qualidade consistente nos Estados Unidos. E na Europa, onde as marcas de baixo custo não são tão predominantes, os albergues "podem preencher esse vazio", disse. Ele também citou "uma maior aceitação de formatos não tradicionais de hospedagem."
Giovanna Gentile, executiva sênior de relações públicas da HostelBookers.com, um site de Londres para acomodações baratas no mundo todo, disse que muitos albergues agora oferecem serviços tradicionalmente associados a hotéis: quartos privados com banheiro, piscinas, salas de conferências e academias. Ela disse que albergues oferecem muitas comodidades que os hotéis geralmente não oferecem: salas de entretenimento com televisões grandes, salas de cinema com som estéreo, salas de jogos, mesas de bilhar e cozinhas coletivas que "incentivam os viajantes a fazer sua própria comida e evitar gastar uma fortuna em restaurantes". Os albergues também organizam atividades sociais, como noites de cinema, passeios pela cidade e outros.
Impulsionados em grande parte pela concorrência, os proprietários de albergues "tinham que encontrar uma forma de se destacar", disse Gentile.
David Orr, fundador do Hostelz.com, um site de resenhas e reservas de albergues, diz: "O essencial para um viajante executivo ficar num albergue é escolher o estabelecimento certo. Acho que em alguns albergues, os viajantes executivos se sentiriam deslocados", como ele descobriu numa viagem de negócios à Espanha quando ficou num albergue "onde os hóspedes costumam fazer festas a noite inteira". Mas, no geral, o mercado competitivo tem melhorado o padrão, diz ele. "Não dá para funcionar sendo um lugar sujo", diz ele. "Em algumas cidades, os albergues são mais agradáveis do que os hotéis."
Tradutor: Eloise De Vylder

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