segunda-feira, 30 de setembro de 2013

Católicos denunciam ataques de rebeldes islamistas a igrejas na Síria
Grupo ligado à al-Qaeda teria arrancado cruzes e imagens e ateado fogo em templos cristãos
O GLOBO

DAMASCO — Imagens arrancadas, paredes destruídas e cruzes queimadas. O cenário parece estar se tornando cada vez mais comum em igrejas cristãs na Síria, de acordo com a ONG Observatório Sírio dos Direitos Humanos. Católicos da região afirmam que rebeldes islamistas ligados à al-Qaeda, aparentemente membros do Estado Islâmico do Iraque e o Levante (Isil), atearam fogo em uma igreja católica na cidade de Raqqa, no norte do país. Outro ataque parecido, na Igreja dos Mártires, que pertence a armênios católicos, também teria ocorrido esta semana. Segundo a ONG, a cruz posicionada no alto da torre da igreja foi destruída e uma bandeira do Isil foi içada no lugar. Acredita-se que o grupo tenha sido responsável pelo sequestro do padre italiano Paolo Dall’Oglio, que desapareceu na cidade em julho.
De acordo com uma agência de noticias armênia, a cruz foi recolocada durante a noite. A Igreja dos Mártires fica a 160 quilômetros de Aleppo. Extremistas também quebraram as paredes da igreja ortodoxa Sayida al-Bshara, onde todas as cruzes e imagens foram arrancadas, antes de um incêndio provocado pelos jihadistas. Não houve feridos nos ataques.
A ONG emitiu um comunicado denunciando os atos contra as igrejas em Raqqa e pedindo respeito religioso. Recentemente, o grupo Missionário Jesuíta procurou líderes do Estado Islâmico do Iraque e o Levante em sua sede, para tentar negociar a libertação de alguns reféns e conseguir uma trégua entre rebeldes islâmicos e curdos locais.
“Nós, do Observatório Sírio para os Direitos Humanos condenamos veementemente tais ações sectárias que contradizem as demandas do povo sírio em relação à justiça, liberdade, democracia e igualdade.”
Em março, Raqqa passou a ser a primeira grande cidade totalmente tomada pelos rebeldes. Agora, dá pistas do que pode ser um hipotético futuro pós-Bashar al-Assad. Hoje, as fotos do presidente e as bandeiras do regime foram destruídas ou cobertas. A bandeira da revolução é onipresente, mas outra sobressai: a da frente al-Nusra, organização extremista da oposição síria que jurou lealdade à al-Qaeda.
Na última quarta-feira, milhares de rebeldes romperam com a Coalizão Nacional da Síria, o principal grupo opositor ao regime de Assad e que conta com o apoio do Ocidente. Em comunicado, 13 grupos anunciaram a formação de uma força islamista, num momento em que o governo parece ganhar terreno no conflito. Nos últimos meses, membros da al-Qaeda mataram o maior número de civis no Iraque desde 2008, realizando uma série de ataques terroristas. E o Isil vem aproveitando a guerra civil na Síria para estender seu alcance.

Nenhum comentário: