sexta-feira, 31 de janeiro de 2014

Defesas atuais dificultam repetir colapsos do passado
José Paulo Kupfer - O Estado de S.Paulo
Sempre que os mercados de câmbio entram em períodos de turbulência, especialmente quando as chacoalhadas afetam economias emergentes, a lembrança das crises cambiais do passado recente ajuda a alimentar um clima de medo. Mas, desta vez, talvez seja inapropriado considerar que a volatilidade mais acentuada do momento nas cotações do dólar possa desandar em crises cambiais.
Apesar das instabilidades na Argentina, do choque de juros na Turquia e da elevação das taxas na Índia e na África do Sul, a situação atual não parece propícia a um dominó de quebras na economia global. Ainda que a fuga de recursos de mercados emergentes para os Estados Unidos já seja uma realidade incontestável, não se pode querer comparar os atuais movimentos aos colapsos cambiais da segunda metade dos anos 90.
Desde que, entre 1995 e 1998, uma sucessão de fugas de capital levou à lona as economias do México, de alguns dos então chamados "Tigres Asiáticos" e, finalmente, a Rússia, a maior parte dos países adotou regimes de câmbio flutuante, um mecanismo de ajuste mais rápido e mais eficaz contra desequilíbrios entre oferta e demanda de moeda.
Além disso, diferentemente daqueles tempos, são poucas as economias em que a relação déficit externo/PIB supera 5% e, pelo menos nos maiores emergentes, o volume de reservas cambiais sustenta dívidas externas proporcionalmente menores. Ações mais prontas de bancos centrais, que parecem ter aprendido com as crises anteriores, também colaboram para formar, nos dias de hoje, um quadro diferente e mais benigno.
No caso brasileiro, o que mais se pode esperar é uma repetição do ocorrido entre maio e agosto do ano passado, quando o Banco Central criou um esquema de compras programadas de dólares, mantido até agora. Momentos de alta nas cotações da moeda americana, ação direta do Banco Central no sentido de esfriar a pressão cambial e, possivelmente, novas altas das taxas de juros devem ser colocados no radar.

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