Eliane Cantanhêde - FSP
BRASÍLIA - Enquanto os aliados ou se esgoelam ou dissimulam, Dilma cuida primeiro da família: os candidatos petistas deixam o governo, mas os ministérios do PT ficam.
Eles são, claro, o coração do governo. Sai Gleisi para disputar no Paraná, entra Mercadante na Casa Civil, que já abrigou Dirceu, Palocci e a própria Dilma. Sai Alexandre Padilha para a eleição em São Paulo, entra Arthur Chioro na Saúde. Ao subir para o Planalto, Mercadante iça Henrique Paim do segundo para o primeiro posto na Educação.
Já os coadjuvantes vão disputar as laterais do palco: o PTB e o PSD estão de olho na Secretaria de Portos, por exemplo, e o Turismo está dando sopa. Só falta a Pesca.
No meio, entre os protagonistas e os coadjuvantes, há o PMDB, poderoso, guloso e muitas vezes ameaçador, e o novo Pros, que tem duas estrelas, os tonitruantes irmãos Gomes, Cid e Ciro. E entre as vagas que importam e as outras que nem tanto, há duas vistosas: Desenvolvimento e Integração Nacional.
A Integração é o sonho de dez entre dez políticos nordestinos porque tem gordos recursos para secas, enchentes e uma lista dessas coisas que aparecem muito e são faca de dois gumes: tiram voto quando ocorrem, mas dão voto aos montes quando atraem verbas --e, atrás delas, poderosos, discursos, inaugurações.
E vejamos o valor de face do Desenvolvimento, que tem baixo orçamento, mas muita influência: canal entre o Planalto e o mundo empresarial (que financia campanhas), é/era ocupado pelo petista Fernando Pimentel, amigão da presidente e candidato ao estratégico governo de Minas Gerais --que fica no "triângulo das Bermudas" eleitoral e é a base do presidenciável Aécio Neves. Logo, não é pouca coisa.
Com o PMDB botando a faca no pescoço de Dilma, é até possível que ela tire o Desenvolvimento do PT e dê para o partido do seu vice, Temer. Mas não dói. Vai-se esse anel, ficam os dedos que mais contam.
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