quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

Apple avança lentamente pelo território chinês
Harold Thibault - Le Monde 
A China Mobile, maior operadora mundial de telefonia celular (com 767 milhões de assinantes, sendo 191 milhões em 3G), iniciou no dia 17 de janeiro a comercialização do iPhone 5, na ocasião do lançamento de sua conexão 4G.
Isso gerou a semana de ativações de iPhones mais carregada para a Apple em sua breve história na China. Desde 2009, a empresa da maçã só esteve presente através de duas operadoras secundárias, a China Unicom e a China Telecom. Mesmo juntas, estas últimas só representavam uma minoria dos 1,23 bilhão de
Com a China Mobile, passou-se para outro nível. A Apple vai se beneficiar com a expansão da oferta de 4G da operadora. Lançada em dezembro de 2013 em somente 16 metrópoles chinesas, ela deve ser estendida para 340 cidades até o final de 2014. "Estamos no caminho certo", comentou Tim Cook, CEO do grupo, na segunda-feira (27) ao apresentar os resultados trimestrais.
Os analistas estão esperando para ver. "Os vendedores ainda não têm uma imagem precisa do sucesso da China Mobile junto com o iPhone, não há números por enquanto", constata Nicole Peng, diretora de pesquisa da consultoria de tecnologia Canalys, em Xangai. Segundo Peng, para se ter uma ideia do sucesso das vendas será preciso aguardar até que passem as comemorações do Ano Novo chinês, ou até deixar passar de um a dois trimestres, quando a rede do 4G estiver cobrindo boa parte dos centros urbanos do país.
A Apple havia falado em 1,3 milhão de pré-encomendas de iPhones na China Mobile entre o anúncio do acordo no final de dezembro de 2013 e a entrada no mercado. Por trás desse otimismo, a gigante americana deverá provar que a marca agrada aos chineses, uma vez que a Samsung já domina um terço do mercado chinês e que atores locais têm melhorado a qualidade e a imagem da marca, sobretudo a Huawei e a Xiaomi.

O mais caro do mercado

Os consultores da Forrester estimam que a China Mobile conseguirá escoar cerca de 17 milhões de iPhones nos próximos doze meses, o que equivaleria a um crescimento de 10% nas vendas mundiais. A Apple já entregou 16,8 milhões de iPhones na China ao longo de doze meses até setembro de 2013, através das duas maiores operadoras com as quais trabalha.
Além disso, cerca de 45 milhões de iPhones funcionariam pela rede 2G da China Mobile, adquiridos ou no mercado cinza através de Hong Kong, ou no preço cheio nas lojas autorizadas da Apple. Mas eles não podiam usar a internet rápida, o padrão de tecnologia 3G utilizado pela China Mobile, concebido pela China, uma vez que ele não é compatível com os smartphones anteriores da Apple. O grupo americano se recusava a se dobrar aos particularismos impostos pela gigante estatal chinesa.
O padrão 4G adotado pela China Mobile e as especificações técnicas do iPhone 5 acabaram com essa incompatibilidade. As dúvidas agora são sobre o sucesso do modelo econômico, uma vez que nenhum dos dois gigantes queria perder suas margens de lucro.
Na verdade, a Apple está se posicionando no segmento mais caro do mercado, inclusive com o modelo supostamente destinado aos países emergentes, o 5C, vendido a 4,488 yuans (cerca de R$1.800), em um mercado onde dois terços dos usuários compram só o telefone. Sem falar no modelo 5S, oferecido a 5.288 yuans, nas lojas da China Mobile. "O iPhone na China Mobile não é mais barato que na Unicorn. O argumento de venda se baseia essencialmente na rapidez do 4G", constata Peng. A China Mobile de fato alega ter uma velocidade bem maior em sua nova rede de internet móvel, graças a novas tecnologias, mas também pelo baixo número de usuários por hora.

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