quarta-feira, 1 de agosto de 2012

PSICOPATA IRANIANO ESTÁ ENVOLVIDO EM UMA SÉRIE DE ESCÂNDALOS ENVOLVENDO HOMENS DE SUA CONFIANÇA

No Irã, dois casos atingem negativamente o presidente Ahmadinejad
Rick Gladstone e Christine Hauser - NYTO presidente Mahmoud Ahmadinejad, do Irã, sofreu embaraços em duas decisões na Justiça na segunda-feira (30/7), no que analistas iranianos chamaram de possível sinal de maior isolamento em seu último ano no cargo.
Quatro pessoas foram condenadas à morte em um escândalo de desvio de US$ 2,6 bilhões (em torno de R$ 5,2 bilhões), que foi indiretamente ligado ao principal assessor de Ahmadinejad e durante seu governo. As sentenças, divulgadas pela Agência de Notícias da República Islâmica, foram as primeiras dadas aos 39 condenados no escândalo, que vinha revoltando o Irã desde que foi descoberto, no ano passado.
A Justiça não identificou os quatro réus condenados, que têm direito a recurso, mas os analistas iranianos disseram que muitas pessoas implicadas na fraude estavam ligadas a funcionários nomeados por Ahmadinejad.
No segundo caso, a Suprema Corte determinou a demissão de Saeed Mortazavi do cargo de diretor-executivo do Fundo de Segurança Social, que administra a assistência social no Irã. Ele foi promotor de Teerã, muito criticado pelos dissidentes por seu papel na repressão das manifestações que irromperam após a reeleição suspeita em junho de 2009.
Quando um comitê parlamentar investigou os abusos após as eleições, há dois anos, concluiu que Mortazavi foi o responsável pela tortura e morte de ao menos três manifestantes, inclusive o filho de um alto funcionário, em um centro de detenção famoso.
Em uma afronta aos legisladores, Ahmadinejad reagiu promovendo Mortazavi, que fazia parte do círculo interno do presidente.
Não ficou claro se a decisão da Justiça terá influência sobre o processo criminal de Mortazavi, que sempre negou as acusações parlamentares do comitê. Mas sua demissão foi claramente uma censura a Ahmadinejad.
“Realmente, virou o patinho feio”, disse Hadi Ghaemi, diretor-executivo da Campanha Internacional de Direitos Humanos no Irã, um grupo baseado em Nova York. “As sentenças, o caso de fraude sendo investigado com tanta publicidade, assim como a censura de Mortazavi, são indicadores de que haverá mais”.
No que pareceu uma possível retaliação vazada por elementos pró-Ahmadinejad, o advogado-geral de Teerã teria dito, segundo Agência de Notícias da República Islâmica na segunda-feira que Mohammad Javad Larijani, membro da poderosa família conservadora que se opõe a Ahmadinejad, poderá ser processado por fraude imobiliária nos próximos dias. Um dos irmãos de Larijani, Sadegh, é chefe do judiciário em Irã, tornando tal revelação ainda mais embaraçosa.
Ahmadinejad já teve forte apoio do aiatolá Ali Khamenei, supremo líder do país. Os dois tiveram uma briga pública no ano passado, que levou a especulações sobre uma cisão, e desde então houve inúmeros ataques a Ahmadinejad por membros do Parlamento e clérigos influentes buscando prejudica-lo.
Para confrontar a pressão internacional sobre o programa nuclear do Irã, os líderes do Irã procuraram apresentar uma imagem pública de união e colocaram de lado suas diferenças. Khamenei indicou que quer que Ahmadinejad permaneça até o fim do mandato, que expira em junho.
Ahmadinejad não foi acusado de envolvimento no caso de desvio de dinheiro. Mas a extensão da corrupção foi particularmente nociva para Khamenei, que certa vez exortou os promotores a encontrarem os responsáveis e “cortarem as mãos” dos culpados.
Segundo a imprensa estatal, o principal promotor do caso, Gholam Hossein Mohseni-Ejei, disse que além dos quatro réus condenados à morte, dois foram condenados à prisão perpétua e os outros receberam sentenças de até 25 anos.
Os primeiros sinais de corrupção foram revelados em setembro no Banco Melli, o maior banco comercial do Irã, e culminaram com o julgamento, que começou em fevereiro. As autoridades disseram que o escândalo tinha expandido e passou a envolver o uso de documentos falsos para obter crédito de pelo menos sete bancos estatais e privados do Irã. O dinheiro foi usado por quatro anos para comprar empresas estatais, disseram.
Os oponentes de Ahmadinejad no Parlamento associaram o caso ao seu antigo chefe da casa civil, Esfandiar Rahim Mashaei, e a outros que tinham relacionamentos com o principal suspeito, Mahsarid Amir-Mansour Khosravi, proprietário de pelo menos 34 empresas. Mohseni-Ejei disse que Khosravi confessou na prisão e passou a cooperar com as autoridades.
Os nomes dos outros suspeitos não foram divulgados, mas incluem gerentes de filiais do banco e uma série de funcionários acusados de aceitar suborno.
A agência de notícias Fars divulgou que as autoridades haviam pedido que o Canadá extraditasse um suspeito no caso, Mahmoud Reza Khavari, ex-diretor do Banco Melli, que fugiu em setembro quando estourou o escândalo. O Irã não tem tratado de extradição com o Canadá, onde Khavari tem uma casa desde 2005 e dupla cidadania.
A mídia iraniana informou que Khavari havia renunciado no ano passado em uma carta ao ministro das finanças, Shamseddin Hosseini, na qual pedia perdão de Khamenei. Hosseini, aliado do presidente iraniano, aceitou a renúncia, mas foi criticado por isso.
Tradutor: Deborah Weinberg

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