João Bosco Rabello - OESP
Possivelmente a presidente
Dilma Rousseff cumpriu um roteiro recomendado por análises de governo nas
respostas dadas à repórter Monica Bergamo, da Folha de S.Paulo, na entrevista
publicada neste domingo. O maior indicativo dessa possibilidade é a ênfase na
aliança com Lula, com 41% de aprovação registrados na mesma pesquisa que mantém
Dilma no patamar de 30%.
Esses porcentuais indicam que Dilma despencou – e permaneceu – no patamar histórico de votação do PT, enquanto Lula se mantém muito próximo do índice alcançado após a Carta aos Brasileiros que o elegeu pela primeira vez. O que pode significar que parte do eleitorado não petista, que apostou em Lula, ainda mantém a confiança no ex-presidente.
A reentrada de Lula em cena, para além de mediar o conflito de Dilma com sua base de sustentação, principalmente o PT, teria portanto a finalidade de estancar a migração desse eleitorado para outras candidaturas. E também de acalmar o establishment que sentiu-se muito mais à vontade em seus dois mandatos do que na metade do já vivido com sua sucessora.
À parte as bravatas do ex-presidente, como a ameaça de por “as unhas de fora”, seu retorno à cena tem dois aspectos relevantes: o primeiro, o comprometimento com os resultados do governo que elegeu, assumindo publicamente sua defesa ao classificá-lo de uma extensão do seu; o segundo, o de acenar para o mercado com uma correção de rumos, com ênfase no controle da inflação.
A estratégia não sai barata para Dilma: se, de um lado, a reafirmação de que ela e Lula são “indissociáveis” pode atender tanto ao PT quanto à conveniência eleitoral, de outro reforça a imagem de tutelada usada pelos seus adversários para desqualificá-la politicamente. “Lula não vai voltar porque nunca saiu”, completa a frase do ex-presidente de que “Dilma não passa de uma extensão nossa lá” (no governo).
A tarefa de Lula, por sua vez, é das mais difíceis, porque depende da reversão da má performance da economia. A estagnação conspira contra qualquer estratégia política, por mais consistente, o que não parece o caso do PT, mesmo considerando todo o carisma do ex-presidente.
O governo aposta na agenda econômica do segundo semestre para retomar o ciclo virtuoso em que surfou no período Lula e que não conseguiu sustentar na gestão Dilma. Além da desconfiança do mercado, que paralisa investimentos, há agora a do eleitor, com relação ao perfil que o marketing palaciano construiu da Dilma gestora. Nas pesquisas, essa constatação é clara e se insere entre as maiores preocupações do governo.
O gás que as pesquisas representaram para as outras três candidaturas é um complicador a mais para o governo. Aécio Neves (PSB), Marina Silva (Rede) e Eduardo Campos (PSB), sem dúvida alguma intensificaram as pré-campanhas, explorando o momento desfavorável da presidente, com acento na inflação e na falta de gestão.
O governador de Pernambuco começou a enfrentar o que parecia um obstáculo grave às suas pretensões, a oposição interna à sua candidatura, aparando arestas e mobilizando o PSB com vistas a 2014. À medida que a situação do governo federal piora, a sua melhora, segundo as pesquisas, ainda que em índices insuficientes para justificar otimismos. O que parece certo, no entanto, é que a deterioração rápida do governo Dilma arrefeceu no PSB a insegurança que a candidatura, anunciada com Dilma ainda blindada por altos índices de aprovação, trouxe no primeiro momento.
Um possível sinal disso são as recentes declarações do ex-ministro Ciro Gomes, respeitosas a Dilma, mas profundamente ofensivas à sua equipe de governo. O mesmo Ciro recebeu a incumbência de coordenar a elaboração de um programa que o partido apresentará como referência crítica ao desempenho econômico do governo federal e que não pode deixar de ser considerada peça de campanha.
Opositor de primeira hora, e dos mais ácidos, da candidatura de Campos para 2014, em coro com seu irmão, o governador do Ceará, Cid Gomes, a manifestação crítica de Ciro ao governo Dilma, pode significar uma reavaliação sobre a oportunidade estratégica do lançamento do governador de Pernambuco.
Aécio Neves visivelmente subiu o tom, chamando o governo de “incapaz” e disseminando a tese de que ele já chegou ao fim. O senador também multiplicou suas críticas, manifestando-as tanto nas entrevistas formais quanto na chamada rede social, como fez domingo na sua página no Facebook.
Marina Silva, ainda com a atenção dividida entre a campanha e a constituição de seu partido, Rede, tem explorado também o mau momento de Dilma, sustentando sua liderança nas pesquisas entre os candidatos de oposição. Especialmente favorecida pelos protestos de rua que contestam o modelo representativo atual, ela aproveita intensamente a sintonia de sua proposta de mudança da cultura política clientelista do Brasil, com as manifestações populares.
Tais cenários indicam claramente que o país já vive a campanha de 2014, o que equivale a dizer que a presidente Dilma, que a antecipou lançando-se à reeleição, tenta corrigir o avião em pleno voo. Está refém da reeleição e ao mesmo tempo, impelida a aplicar receitas corretivas da economia que conspiram contra essa meta.
Esses porcentuais indicam que Dilma despencou – e permaneceu – no patamar histórico de votação do PT, enquanto Lula se mantém muito próximo do índice alcançado após a Carta aos Brasileiros que o elegeu pela primeira vez. O que pode significar que parte do eleitorado não petista, que apostou em Lula, ainda mantém a confiança no ex-presidente.
A reentrada de Lula em cena, para além de mediar o conflito de Dilma com sua base de sustentação, principalmente o PT, teria portanto a finalidade de estancar a migração desse eleitorado para outras candidaturas. E também de acalmar o establishment que sentiu-se muito mais à vontade em seus dois mandatos do que na metade do já vivido com sua sucessora.
À parte as bravatas do ex-presidente, como a ameaça de por “as unhas de fora”, seu retorno à cena tem dois aspectos relevantes: o primeiro, o comprometimento com os resultados do governo que elegeu, assumindo publicamente sua defesa ao classificá-lo de uma extensão do seu; o segundo, o de acenar para o mercado com uma correção de rumos, com ênfase no controle da inflação.
A estratégia não sai barata para Dilma: se, de um lado, a reafirmação de que ela e Lula são “indissociáveis” pode atender tanto ao PT quanto à conveniência eleitoral, de outro reforça a imagem de tutelada usada pelos seus adversários para desqualificá-la politicamente. “Lula não vai voltar porque nunca saiu”, completa a frase do ex-presidente de que “Dilma não passa de uma extensão nossa lá” (no governo).
A tarefa de Lula, por sua vez, é das mais difíceis, porque depende da reversão da má performance da economia. A estagnação conspira contra qualquer estratégia política, por mais consistente, o que não parece o caso do PT, mesmo considerando todo o carisma do ex-presidente.
O governo aposta na agenda econômica do segundo semestre para retomar o ciclo virtuoso em que surfou no período Lula e que não conseguiu sustentar na gestão Dilma. Além da desconfiança do mercado, que paralisa investimentos, há agora a do eleitor, com relação ao perfil que o marketing palaciano construiu da Dilma gestora. Nas pesquisas, essa constatação é clara e se insere entre as maiores preocupações do governo.
O gás que as pesquisas representaram para as outras três candidaturas é um complicador a mais para o governo. Aécio Neves (PSB), Marina Silva (Rede) e Eduardo Campos (PSB), sem dúvida alguma intensificaram as pré-campanhas, explorando o momento desfavorável da presidente, com acento na inflação e na falta de gestão.
O governador de Pernambuco começou a enfrentar o que parecia um obstáculo grave às suas pretensões, a oposição interna à sua candidatura, aparando arestas e mobilizando o PSB com vistas a 2014. À medida que a situação do governo federal piora, a sua melhora, segundo as pesquisas, ainda que em índices insuficientes para justificar otimismos. O que parece certo, no entanto, é que a deterioração rápida do governo Dilma arrefeceu no PSB a insegurança que a candidatura, anunciada com Dilma ainda blindada por altos índices de aprovação, trouxe no primeiro momento.
Um possível sinal disso são as recentes declarações do ex-ministro Ciro Gomes, respeitosas a Dilma, mas profundamente ofensivas à sua equipe de governo. O mesmo Ciro recebeu a incumbência de coordenar a elaboração de um programa que o partido apresentará como referência crítica ao desempenho econômico do governo federal e que não pode deixar de ser considerada peça de campanha.
Opositor de primeira hora, e dos mais ácidos, da candidatura de Campos para 2014, em coro com seu irmão, o governador do Ceará, Cid Gomes, a manifestação crítica de Ciro ao governo Dilma, pode significar uma reavaliação sobre a oportunidade estratégica do lançamento do governador de Pernambuco.
Aécio Neves visivelmente subiu o tom, chamando o governo de “incapaz” e disseminando a tese de que ele já chegou ao fim. O senador também multiplicou suas críticas, manifestando-as tanto nas entrevistas formais quanto na chamada rede social, como fez domingo na sua página no Facebook.
Marina Silva, ainda com a atenção dividida entre a campanha e a constituição de seu partido, Rede, tem explorado também o mau momento de Dilma, sustentando sua liderança nas pesquisas entre os candidatos de oposição. Especialmente favorecida pelos protestos de rua que contestam o modelo representativo atual, ela aproveita intensamente a sintonia de sua proposta de mudança da cultura política clientelista do Brasil, com as manifestações populares.
Tais cenários indicam claramente que o país já vive a campanha de 2014, o que equivale a dizer que a presidente Dilma, que a antecipou lançando-se à reeleição, tenta corrigir o avião em pleno voo. Está refém da reeleição e ao mesmo tempo, impelida a aplicar receitas corretivas da economia que conspiram contra essa meta.
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