quarta-feira, 31 de julho de 2013

PMDB afirma que não abandona Cabral e pede paciência ao partido
Direção nacional espera recuperação do governador para o bem da sigla
Paulo Celso Pereira - O Globo
Governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral
Foto: Frame / Adriano Ishibashi
Governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral - Frame / Adriano Ishibashi
BRASÍLIA — Se entre secretários do prefeito Eduardo Paes já há muitos que defendem o afastamento dele do governador Sérgio Cabral, em Brasília o clima é diferente. A palavra de ordem na direção nacional do PMDB, partido dos dois, é paciência. Os caciques da legenda acreditam que ainda há tempo até as eleições do próximo ano para que o governador recupere ao menos parte de seu prestígio. Mais do que uma avaliação, existe uma torcida grande para que o correligionário se recupere o quanto antes, para o bem do próprio PMDB.
— Não é da cultura do PMDB abandonar companheiros em dificuldade. Nada garante a irreversibilidade desse quadro. Temos de esperar, falta mais de um ano para a eleição. Não vamos julgar, condenar ou abandonar ninguém antes de entender a realidade e fazer uma revisão da trajetória. Ele tem todas as condições de se recuperar se fizer as mudanças que o povo exige. Não há muita diferença da situação dele para a de outros governadores, só a intensidade — defende o ministro da Secretaria de Aviação Civil da Presidência, Moreira Franco.
O vice-presidente Michel Temer está preocupado com a situação e chegou a ligar para Cabral há duas semanas, quando ocorreu o mais violento protesto no Leblon, próximo à casa do governador. O vice-presidente, de quem Moreira é um dos aliados mais próximos, também trabalha com a perspectiva de encontrar um cenário melhor em junho do próximo ano, quando serão sacramentadas as alianças nas convenções partidárias.
— Temos tempo. As conversas vão até junho do próximo ano — tem dito Temer aos dirigentes do partido.
Cabral era visto como um trunfo peemedebista para as negociações nacionais com o PT. A ideia era que a capacidade de ajudar a eleição de Dilma no Rio permitisse que a legenda estabelecesse outras exigências Brasil afora. Agora, o risco é que em vez de bônus para Dilma, a aliança com Cabral seja vista como um ônus, levando o PT a fazer exigências.
Conversas com Dilma
Durante a visita do Papa Francisco ao Rio, a presidente Dilma Rousseff conversou com Cabral sobre os protestos, e ele afirmou que irá comprovar em breve o envolvimento de adversários políticos com os grupos mais radicais das manifestações. Apesar da derrocada do aliado, a presidente continua considerando como cenário ideal para as eleições de 2014 o apoio de Cabral no Rio.
A questão é que Cabral perdeu capital político para manter a exigência de retirada da candidatura do senador Lindbergh Farias (PT) ao governo do estado. Até por isso, a ideia é só retomar esse tema dentro de alguns meses.

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