24.jul.2013 - Ricardo Stuckert/Instituto Lula
O ex-presidente Lula e a presidente Dilma Rousseff durante ato do PT em Salvador, na Bahia
Passado o furacão Francisco, o Brasil volta à dura realidade política que os protestos de junho passado deixaram de pernas para o ar.
E o cenário se animou com uma enigmática frase da presidente Dilma Rousseff: "Lula não voltará porque ele nunca saiu", disse em entrevista concedida dias atrás ao jornal "Folha de S.Paulo".
Há apenas dois meses, dava-se como certa a reeleição de Rousseff para um segundo mandato nas eleições do próximo ano. "Vamos elegê-la no primeiro turno", havia anunciado com segurança o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, seu maior apoiador.
Mas, de repente, as pessoas saíram às ruas. O "gigante Brasil" despertou, e o cenário mudou radicalmente. Dilma perdeu 50 pontos de popularidade. Hoje, com mais prudência, o governista PT (Partido dos Trabalhadores) já reconhece que as eleições presidenciais "estão abertas" a todas as incógnitas.
Nem mesmo o esforço feito pela mandatária de sair ao encontro das exigências dos manifestantes, quando as ruas ainda rugiam, foi suficiente. A população quer mais.
Os partidos aliados, que há dez anos governam com o PT, agora, diante da queda de popularidade da presidente, dão sinais de querer abandonar o barco e migrar para outros possíveis candidatos, como a ecologista Marina Silva ou opositor Aécio Neves, do PSDB, ou, ainda, o jovem Eduardo Campos, líder do PSB (Partido Socialista do Brasil).
Diante desse vendaval, uma parte do PT que nunca tinha visto com bons olhos a presidência de Rousseff agora tramaria a volta de Lula, que acaba de afirmar que está bem de saúde depois do câncer que teve detectado em 2011 --há alguns dias até desmentiu uma recaída.
Nesse ambiente de tensão política, Dilma pronunciou sua sibilina frase de que Lula não precisa voltar porque nunca saiu. Em seguida, a oposição falou em um "lapso freudiano", de reconhecimento implícito de que Lula continuou governando nesses anos com ela, que não gozou de independência.
Tratou-se de um escorregão da presidente? Nem todos pensam assim.
Merval Pereira, um dos analistas políticos mais agudos, interpreta a frase como a melhor forma de neutralizar a facção de seu partido que tenta substituí-la por Lula. Como se dissesse: se meu governo vai mal, se o Brasil não cresce, se a sociedade sai à rua contra nós, Lula é responsável comigo meio a meio, já que ele "nunca saiu". Quer dizer, continua governando comigo.
Lula sempre defendeu que Rousseff era a "melhor candidata" do PT; "melhor gestora" que ele e com uma grande personalidade. A um amigo seu que lhe perguntou por que havia escolhido como candidata uma mulher, respondeu: "Porque ela é mais homem que nós dois juntos".
Por que substituí-la, então? Lula disse aos militantes do partido que ele fundou: "Serei o maior defensor da candidatura de Dilma". E já começou a fazê-lo.
As cartas da política estão embaralhadas, entretanto. Como se fosse pouco, o papa animou os milhares de fiéis católicos a continuarem gritando na rua a favor de maiores conquistas sociais e pediu aos políticos que, em vez de reprimir os protestos, "dialoguem" com a rua sem poupar esforços.
Tradutor: Luiz Roberto Mendes Gonçalves
O ex-presidente Lula e a presidente Dilma Rousseff durante ato do PT em Salvador, na Bahia
Passado o furacão Francisco, o Brasil volta à dura realidade política que os protestos de junho passado deixaram de pernas para o ar.
E o cenário se animou com uma enigmática frase da presidente Dilma Rousseff: "Lula não voltará porque ele nunca saiu", disse em entrevista concedida dias atrás ao jornal "Folha de S.Paulo".
Há apenas dois meses, dava-se como certa a reeleição de Rousseff para um segundo mandato nas eleições do próximo ano. "Vamos elegê-la no primeiro turno", havia anunciado com segurança o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, seu maior apoiador.
Mas, de repente, as pessoas saíram às ruas. O "gigante Brasil" despertou, e o cenário mudou radicalmente. Dilma perdeu 50 pontos de popularidade. Hoje, com mais prudência, o governista PT (Partido dos Trabalhadores) já reconhece que as eleições presidenciais "estão abertas" a todas as incógnitas.
Nem mesmo o esforço feito pela mandatária de sair ao encontro das exigências dos manifestantes, quando as ruas ainda rugiam, foi suficiente. A população quer mais.
Os partidos aliados, que há dez anos governam com o PT, agora, diante da queda de popularidade da presidente, dão sinais de querer abandonar o barco e migrar para outros possíveis candidatos, como a ecologista Marina Silva ou opositor Aécio Neves, do PSDB, ou, ainda, o jovem Eduardo Campos, líder do PSB (Partido Socialista do Brasil).
Diante desse vendaval, uma parte do PT que nunca tinha visto com bons olhos a presidência de Rousseff agora tramaria a volta de Lula, que acaba de afirmar que está bem de saúde depois do câncer que teve detectado em 2011 --há alguns dias até desmentiu uma recaída.
Nesse ambiente de tensão política, Dilma pronunciou sua sibilina frase de que Lula não precisa voltar porque nunca saiu. Em seguida, a oposição falou em um "lapso freudiano", de reconhecimento implícito de que Lula continuou governando nesses anos com ela, que não gozou de independência.
Tratou-se de um escorregão da presidente? Nem todos pensam assim.
Merval Pereira, um dos analistas políticos mais agudos, interpreta a frase como a melhor forma de neutralizar a facção de seu partido que tenta substituí-la por Lula. Como se dissesse: se meu governo vai mal, se o Brasil não cresce, se a sociedade sai à rua contra nós, Lula é responsável comigo meio a meio, já que ele "nunca saiu". Quer dizer, continua governando comigo.
Lula sempre defendeu que Rousseff era a "melhor candidata" do PT; "melhor gestora" que ele e com uma grande personalidade. A um amigo seu que lhe perguntou por que havia escolhido como candidata uma mulher, respondeu: "Porque ela é mais homem que nós dois juntos".
Por que substituí-la, então? Lula disse aos militantes do partido que ele fundou: "Serei o maior defensor da candidatura de Dilma". E já começou a fazê-lo.
As cartas da política estão embaralhadas, entretanto. Como se fosse pouco, o papa animou os milhares de fiéis católicos a continuarem gritando na rua a favor de maiores conquistas sociais e pediu aos políticos que, em vez de reprimir os protestos, "dialoguem" com a rua sem poupar esforços.
Tradutor: Luiz Roberto Mendes Gonçalves
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