Portaria que diminuía limite de 18 para 16 anos foi cancelada após menos de 24h
Lisandra Paraguassu e Ocimara Balmant - OESP
Menos de 24 horas depois de publicar uma portaria reduzindo de 18 para 16
anos a idade para o início do tratamento de mudança de sexo, o governo federal
suspendeu a medida por tempo indeterminado. Em nota, o Ministério da Saúde
informa que serão consultados especialistas para criar um protocolo de
atendimento.
O ministro garantiu que pretende reenviar o texto já na próxima semana, mas o prazo dado não combina com as explicações. Se o governo realmente quiser criar um protocolo de atendimento, o processo é muito mais longo do que alguns poucos dias, já que entidades médicas precisam ser consultadas e todo um protocolo, criado.
A portaria aumentava os procedimentos sobre transexualidade, passando a incluir também mulheres, e diminuía a idade para o início dos procedimentos: o tratamento psicológico e o uso de hormônios poderia começar a partir dos 16 anos, com autorização dos pais, e a cirurgia poderia ser feita aos 18. As regras atuais só permitem o início do procedimento aos 18 e operação dois anos depois.
Na hora
O texto foi publicado ontem e uma entrevista com o secretário havia sido marcada para a tarde. Enquanto os jornalistas esperavam, chegou a informação de que o encontro fora suspenso "por problemas na agenda de Magalhães". No início da noite, a informação de que a portaria fora suspensa.
Para o promotor de Justiça de Defesa dos Usuários da Saúde do Distrito Federal e pioneiro na luta pelos direitos dos transexuais, Diaulas Ribeiro, a revogação foi correta. "Estranhei a publicação de uma portaria que vai contra o que o Conselho Federal de Medicina prevê, que é a cirurgia apenas aos 21, e que não contempla as linhas de cuidado, medida importantíssima."
Na opinião da coordenadora do Programa de Estudos em Sexualidade da USP, Carmita Abdo, a diminuição da idade é urgente, mas deve ser feita com critério. "Se consideramos que, desde os 3 anos a criança já apresenta manifestações bastante claras, quando chega aos 16 já terão passados mais de dez anos com essa inconformidade", explica Carmita. "Logo, desde que a avaliação seja criteriosa, diminuir a idade para o início da terapia poderia barrar características como o aparecimento de barba."
Esta foi a segunda vez que o ministério volta atrás. Há menos de dois meses,
a pasta suspendeu uma campanha para combater o preconceito às profissionais do
sexo depois que a divulgação de uma peça com a frase "Sou feliz sendo
prostituta" causou polêmica.
No caso dos transexuais, o governo informou, oficialmente, que decidiu
suspender o texto para ter tempo de definir protocolos de atendimento, avaliação
dos adolescentes e "obtenção da autorização dos pais". Nos bastidores, o governo
considerou precipitada a publicação da portaria, assinada pelo secretário de
Atenção à Saúde, Helvécio Magalhães, sem uma negociação prévia e tentou evitar
mais uma polêmica com setores evangélicos e católicos contrários a esse tipo de
tratamento. Teria sido o próprio ministro, Alexandre Padilha, que decidiu
desautorizar seu secretário, depois do texto já publicado no Diário Oficial da
União.O ministro garantiu que pretende reenviar o texto já na próxima semana, mas o prazo dado não combina com as explicações. Se o governo realmente quiser criar um protocolo de atendimento, o processo é muito mais longo do que alguns poucos dias, já que entidades médicas precisam ser consultadas e todo um protocolo, criado.
A portaria aumentava os procedimentos sobre transexualidade, passando a incluir também mulheres, e diminuía a idade para o início dos procedimentos: o tratamento psicológico e o uso de hormônios poderia começar a partir dos 16 anos, com autorização dos pais, e a cirurgia poderia ser feita aos 18. As regras atuais só permitem o início do procedimento aos 18 e operação dois anos depois.
Na hora
O texto foi publicado ontem e uma entrevista com o secretário havia sido marcada para a tarde. Enquanto os jornalistas esperavam, chegou a informação de que o encontro fora suspenso "por problemas na agenda de Magalhães". No início da noite, a informação de que a portaria fora suspensa.
Para o promotor de Justiça de Defesa dos Usuários da Saúde do Distrito Federal e pioneiro na luta pelos direitos dos transexuais, Diaulas Ribeiro, a revogação foi correta. "Estranhei a publicação de uma portaria que vai contra o que o Conselho Federal de Medicina prevê, que é a cirurgia apenas aos 21, e que não contempla as linhas de cuidado, medida importantíssima."
Na opinião da coordenadora do Programa de Estudos em Sexualidade da USP, Carmita Abdo, a diminuição da idade é urgente, mas deve ser feita com critério. "Se consideramos que, desde os 3 anos a criança já apresenta manifestações bastante claras, quando chega aos 16 já terão passados mais de dez anos com essa inconformidade", explica Carmita. "Logo, desde que a avaliação seja criteriosa, diminuir a idade para o início da terapia poderia barrar características como o aparecimento de barba."
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