quinta-feira, 26 de setembro de 2013

O Brasil estragou tudo?, pergunta a revista britânica ‘The Economist’
A pergunta que a nova edição deixa no ar é se a Copa do Mundo e os Jogos Olímpicos, antes comemorados como sinônimos de crescimento econômico, não vão trazer, simplesmente, mais dívida ao país
O Globo
Estragou tudo? Em 2009, capa da "The Economist" exaltava a economia brasileira. Já edição de 2013 questiona se será possível reiniciar o motor da economia Foto: Arte O Globo
Estragou tudo? Em 2009, capa da "The Economist" exaltava a economia brasileira. Já edição de 2013 questiona se será possível reiniciar o motor da economia - Arte O Globo
RIO - Na segunda metade dos anos 2000, o Brasil decolava e recebia elogios mundo afora. Com economia estável, o país sofreu pouco durante a crise econômica mundial - registrando crescimento de 7,5% no ano de 2010, enquanto grande parte dos países estava em recessão. Porém, ao que tudo indica, o crescimento está minguando, afirma a nova edição da revista britânica “The Economist”. A reportagem de 14 páginas intitulada “Has Brazil Blown it?” (O Brasil estragou tudo?, em tradução livre), da edição distribuída para a América Latina e que chega às bancas neste fim de semana, questiona se a presidente Dilma Rousseff vai conseguir reiniciar os motores do crescimento econômico.
A publicação diz que, desde 2011, o Brasil conseguiu apenas 2% de crescimento anual e ressalta o descontentamento da população brasileira quanto ao alto custo de vida, os serviços públicos deficientes e a ganância e a corrupção dos políticos como impeditivos para um salto maior. Essa mescla resultou nas recentes manifestações ocorridas em junho.
Em 2009, a economia do Brasil também foi matéria de capa. A ascensão econômica foi seguida de um elogioso editorial e de especial de (também) 14 páginas, apontando que a inclusão do Brasil, em 2003, no grupo de emergentes Bric (Brasil, Rússia, Índia e China) havia surpreendido muitos, mas que havia se mostrado acertada, já que o país apresentava desempenho econômico invejável.
Na ocasião, a “The Economist” exaltava o desempenho do país, pois as taxas brasileiras superavam as registradas pelos irmãos do Bric.
"Ao contrário da China, (o Brasil) é uma democracia, ao contrário da Índia, não possui insurgentes, conflitos étnicos, religiosos ou vizinhos hostis. Ao contrário da Rússia, exporta mais que petróleo e armas e trata investidores estrangeiros com respeito.", disse na ocasião.
Enquanto, em 2009, a escolha do Rio de Janeiro como sede olímpica em 2016 marcou simbolicamente a entrada do país no cenário mundial, hoje a pergunta da nova edição é outra: Será que a Copa do Mundo e os Jogos Olímpicos de recuperação ajudarão o país ou simplesmente vão trazer mais dívida?
Críticas frequentes
Não é a primeira vez que a revista britânica critica o Brasil. Aliás, as cutucadas à economia brasileira - e também à equipe econômica do país são mais que frequentes. Em junho deste ano, a revista criticou o ministro Guido Mantega, ao afirmar ironicamente que, "já que as avaliações anteriores da revista britânica tornaram-no 'intocável', pedirá agora que ele continue em seu cargo".

“Foi amplamente noticiado no Brasil que nossa impertinência teve o efeito de tornar o ministro da Fazenda intocável. Agora, vamos tentar um novo caminho. Pedimos que a presidente (Dilma Rousseff) mantenha-o a todos os custos: ele é um grande sucesso”, afirmou a The Economist em editorial.

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