Ano novo para a Europa
FSP - Editorial
O último encontro de líderes da União Europeia (UE) trouxe duas decisões importantes. Uma delas foi a promissora liberação, após meses de tensa negociação, de € 34,4 bilhões (cerca de R$ 92 bilhões) para a Grécia, o que elimina por ora o risco de que o país abandone a zona da moeda única.
A outra, um marco no aprofundamento da comunidade monetária, foi o acordo para estabelecer o Banco Central Europeu (BCE) como supervisor bancário comum.
Como autoridade supervisora, o BCE poderá fiscalizar diretamente os bancos com ativos acima de € 30 bilhões, ou que superem 20% do PIB do país onde têm sede. Ao todo, são cerca de 200 instituições.
A regra abarca a maior parte do sistema financeiro espanhol, por exemplo. Mas deixa de fora quase todos os bancos comunitários alemães, responsáveis por grande parte do financiamento a empresas.
O BCE operará em parceria com as autoridades locais, mas não está claro quanto poderá intervir nas casas bancárias. Falta um acordo sobre regras de liquidação para instituições insolventes em cada jurisdição nacional. Esse é o grande nó a ser desatado em 2013.
A fragmentação financeira, com bancos sob responsabilidade apenas nacional e sujeitos a interferência política, se mostrou um elemento crítico de propagação da crise.
O temor de quebras bancárias nos países da periferia da zona do euro acelerou a fuga dos investidores, que passaram a se desvencilhar de títulos de dívida soberana, o que elevou o custo de financiamento dos governos mais frágeis. Esse círculo vicioso só agora começa a ser revertido.
Apesar da recessão e de compreensíveis críticas quanto à lentidão das decisões, a zona do euro termina 2012 melhor do que começou.
Houve dois momentos cruciais. Em meados do ano, no auge dos temores quanto à saída de países da área de moeda única, acordou-se que o caminho de longo prazo seria no sentido de maior integração fiscal, financeira e política.
Em setembro, o presidente do BCE, Mario Draghi, deu sua contribuição ao enfrentar a oposição do Bundesbank (banco central da Alemanha) para criar um programa de compra ilimitada de papéis de qualquer país que aceite submeter-se a um programa formal de ajuste com a UE e com o FMI.
Assegurou, assim, que governos da periferia possam manter financiamento por longo tempo, mesmo enquanto ajustam suas economias.
Em 2013, persistirão um ambiente econômico ruim e o risco de volatilidade política, mas a zona do euro construiu laboriosamente, em 2012, alguns alicerces fundamentais para sua sobrevivência.
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