CELSO MING - O Estado de S.Paulo
O baixo desempenho do setor produtivo do Brasil ao longo de 2012 expôs alguns
dos pressupostos equivocados com que agiu o governo Dilma.
Um deles é que basta estimular o consumo para garantir um PIB mais alentado. Foi o que tentou o governo com desvalorização cambial, queda dos juros, mais crédito, renúncias tributárias (queda de impostos) e veementes apelos para que o empresário mobilizasse seu espírito animal.
Mesmo com todos os estímulos, o comportamento da indústria em 2012 foi um fiasco. Até outubro, a queda na produção foi de 2,9% em relação aos dez primeiros meses de 2011.
Os analistas ligados ao governo federal olham para a força do consumo e interpretam o recuo de resultados da indústria como desova de estoques. Se o diagnóstico estivesse correto, o processo estaria demorando demais. A indústria não dá conta da elevação do consumo porque não consegue competir.
O governo precisa definir o que de fato quer. Se quer "um pibão grandão", como pede a presidente Dilma, terá de estimular outros setores - não tanto a indústria. Os serviços pesam nada menos que 67% no PIB total e a indústria, 28%. Mais incentivos aos serviços (ensino, saúde, transportes, comunicações, turismo, finanças) gerariam resultado melhor.
Se, no entanto, quer elevação relevante da produção industrial, terá de enfrentar o alto custo Brasil, principalmente a sobrecarga tributária e a infraestrutura cara e ruim. Mas ninguém se iluda: em razão da baixa participação da indústria no PIB, mesmo um forte desempenho industrial terá impacto relativamente baixo.
Sempre que a necessidade de reindustrializar o País, como reivindica a Fiesp, volta às discussões, entra em jogo o surrado argumento da agregação de valor. O pressuposto é de que é melhor fabricar e vender produtos industrializados em vez de artigos básicos e intermediários, porque a transformação sempre agrega valor.
Caso esse princípio estivesse inquestionavelmente correto, conforme tanta gente pensa, seria incompreensível a recusa da Vale do Rio Doce em diversificar e despejar capitais na siderurgia. Ou, então, outros capitais acorreriam pressurosos para construir refinarias de petróleo no Brasil.
Ao contrário das lendas ainda correntes na economia, as atividades que mais agregam valor são a mineração, a agricultura e determinados serviços. No subsolo, petróleo e minério de ferro pouco valem. Extraídos, pegam um preço dez vezes mais alto. Diante dessas magnitudes, a agregação de valor é apenas marginal. Semente de soja necessária para o plantio de um hectare está custando, na média, R$ 200; a produção desse mesmo hectare rende hoje ao produtor perto de R$ 3,5 mil.
As empresas de ponta na Europa e nos Estados Unidos não fazem mais questão da transformação industrial braçal. Transferem essas unidades para a Ásia ou para o Leste Europeu. Dão prioridade a atividades mais bem remuneradas, como a do design, a de criação de produtos e a de avanços tecnológicos.
Em vez de lamentar a desindustrialização do País, os dirigentes do setor produtivo e o próprio governo deveriam se dedicar mais à busca de nova estratégia para o setor produtivo, que começa a ter grande peso na exportação de commodities.
Um deles é que basta estimular o consumo para garantir um PIB mais alentado. Foi o que tentou o governo com desvalorização cambial, queda dos juros, mais crédito, renúncias tributárias (queda de impostos) e veementes apelos para que o empresário mobilizasse seu espírito animal.
Mesmo com todos os estímulos, o comportamento da indústria em 2012 foi um fiasco. Até outubro, a queda na produção foi de 2,9% em relação aos dez primeiros meses de 2011.
Os analistas ligados ao governo federal olham para a força do consumo e interpretam o recuo de resultados da indústria como desova de estoques. Se o diagnóstico estivesse correto, o processo estaria demorando demais. A indústria não dá conta da elevação do consumo porque não consegue competir.
O governo precisa definir o que de fato quer. Se quer "um pibão grandão", como pede a presidente Dilma, terá de estimular outros setores - não tanto a indústria. Os serviços pesam nada menos que 67% no PIB total e a indústria, 28%. Mais incentivos aos serviços (ensino, saúde, transportes, comunicações, turismo, finanças) gerariam resultado melhor.
Se, no entanto, quer elevação relevante da produção industrial, terá de enfrentar o alto custo Brasil, principalmente a sobrecarga tributária e a infraestrutura cara e ruim. Mas ninguém se iluda: em razão da baixa participação da indústria no PIB, mesmo um forte desempenho industrial terá impacto relativamente baixo.
Sempre que a necessidade de reindustrializar o País, como reivindica a Fiesp, volta às discussões, entra em jogo o surrado argumento da agregação de valor. O pressuposto é de que é melhor fabricar e vender produtos industrializados em vez de artigos básicos e intermediários, porque a transformação sempre agrega valor.
Caso esse princípio estivesse inquestionavelmente correto, conforme tanta gente pensa, seria incompreensível a recusa da Vale do Rio Doce em diversificar e despejar capitais na siderurgia. Ou, então, outros capitais acorreriam pressurosos para construir refinarias de petróleo no Brasil.
Ao contrário das lendas ainda correntes na economia, as atividades que mais agregam valor são a mineração, a agricultura e determinados serviços. No subsolo, petróleo e minério de ferro pouco valem. Extraídos, pegam um preço dez vezes mais alto. Diante dessas magnitudes, a agregação de valor é apenas marginal. Semente de soja necessária para o plantio de um hectare está custando, na média, R$ 200; a produção desse mesmo hectare rende hoje ao produtor perto de R$ 3,5 mil.
As empresas de ponta na Europa e nos Estados Unidos não fazem mais questão da transformação industrial braçal. Transferem essas unidades para a Ásia ou para o Leste Europeu. Dão prioridade a atividades mais bem remuneradas, como a do design, a de criação de produtos e a de avanços tecnológicos.
Em vez de lamentar a desindustrialização do País, os dirigentes do setor produtivo e o próprio governo deveriam se dedicar mais à busca de nova estratégia para o setor produtivo, que começa a ter grande peso na exportação de commodities.
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