Segundo Carvalho, dinheiro das emendas não vai para os políticos, mas sim para projetos que beneficiam a população
Dilma cobra ministros para que acelerem a reserva de recursos para as emendas
de deputados e senadores
FERNANDA ODILLA, NATUZA NERY E TAI NALON - FSPUm dia após o governo anunciar a liberação de R$ 2 bilhões para conter um motim de aliados no Congresso, o ministro Gilberto Carvalho (Secretaria-Geral) disse ontem que emendas parlamentares não representam "uma relação meramente de toma lá, dá cá' ou fisiologismo" entre Executivo e Legislativo.
Carvalho reconheceu que a liberação das emendas é uma consequência do movimento de reaproximação do governo com o Congresso. Mas, para o ministro, é preciso "descriminalizar" o conceito de emendas parlamentares.
"Não podemos usar sempre essa linguagem ou esse preconceito de que qualquer emenda é apenas troca, é apenas uma forma do parlamentar desviar recursos. É essa criminalização que leva muitas vezes as pessoas a começarem a achar que todo político é bandido, todo político desvia recursos. Isso não é verdade no nosso país."
Ele afirmou que o dinheiro das emendas não vai para os políticos, mas para projetos que atendem a população: "Isso é possível fazer de maneira madura, sem essa visão rebaixada de uma relação meramente toma lá, dá cá ou fisiológica".
Diante da aparente contradição entre liberação de emendas parlamentares e do anúncio de um corte orçamentário de R$ 38 bilhões, o ministro indicou que as emendas também podem ser sacrificadas em algum grau.
"Quando se faz um corte orçamentário, você corta parcialmente recursos de cada uma das áreas de governo, as emendas fazem parte desse processo."
A ideia do governo é liberar R$ 6 bilhões em emendas parlamentares até o fim do ano para acalmar os ânimos da base aliada no Congresso.
Com a liberação de R$ 2 bilhões de imediato, a presidente Dilma Rousseff espera reduzir os riscos de derrota em votações prometidas para agosto, às vésperas da retomada dos trabalhos no Congresso, e com sua base parlamentar rebelada.
Dilma cobrou ontem seus ministros para que acelerem o empenho das chamadas emendas de deputados e senadores. No jargão orçamentário, empenho é quando o governo, por meio de seus ministérios e outros órgãos, reserva recursos para determinadas obras, passo anterior à liberação de verbas para municípios.
MÁQUINA LENTA
Durante um evento com catadores de papel no Planalto e ao som de uma buzina
de manifestantes que protestavam na porta do palácio, o ministro Gilberto
Carvalho reconheceu ontem que a máquina do governo é lenta. "A melhor buzina é a da pressão, das causas justas que precisam de urgência e nem sempre a gente consegue responder com muita urgência", disse, enquanto papiloscopistas pediam a sanção do projeto de carreira.
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