A FANTASIA DOS COMPUTADORES NAS ESCOLAS
Elio Gaspari - FSP
O comissário Aloizio Mercadante, que anunciou a compra de 600 mil tabuletas para professores, bem como os educatecas que lidam com encomendas de computadores para escolas deveriam pedir à Universidade Estácio de Sá uma cópia da dissertação de mestrado de Marcelo Remigio Tavares de Matos. É curta e simples. Analisa o impacto e o desempenho de 11 computadores federais colocados na periferia de Petrópolis, na escola municipal Stefan Zweig, o autor do livro "Brasil, País do Futuro".
No Brasil do presente, Remigio entrevistou 164 alunos num universo de 200 jovens do segundo ciclo, mas só três dos dez professores quiseram responder ao seu questionário. Só uma informou que usava o laboratório de informática em suas aulas.
Tanto a diretora da escola como a garotada exaltam a experiência. Já os professores não receberam capacitação adequada, nem a escola dispôs de assistência para colocar uma página na internet.
Quando as máquinas chegaram, ficavam disponíveis sete dias por semana e havia um contrato de assistência. Deletaram-no, a sala foi fechada aos sábados e domingos e sumiram os endereços eletrônicos dados aos alunos. Se um computador enguiça, o conserto leva cerca de um mês.
Em média, cada aluno tem acesso aos computadores duas horas por semana. Como eles não são bobos, ligam-se duas horas por dia em outras máquinas, quando conseguem. Em uma conta racional, poderiam ter cinco horas por semana na escola.
Apesar da falta de capacitação dos professores, não há má vontade de viv'alma na Stefan Zweig com os computadores. O que há por lá é a fantasia segundo a qual basta comprar máquinas e, com isso, chega-se ao futuro. Capacitação de mestres dá trabalho. Compra de equipamentos dá marquetagem y otras cositas más.
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