sábado, 24 de setembro de 2011

THOMAS BERNHARD (1931-1989)

O dia dos fantasmas


Amanhã é o dia dos fantasmas. Vão


erguer-se como pó


e desatar às gargalhadas.


Amanhã é o dia dos fantasmas, que


caíram na terra das batatas. Não posso


negar que eu


sou culpado desta morte dos rebentos.


Sou culpado!


Amanhã é o dia dos fantasmas, que trazem


na fronte o meu tormento,


que possuem o meu trabalho diário.


Amanhã é o dia dos fantasmas, que dançam


como carne no muro do cemitério


e me mostram o Inferno.


Porque tenho eu de ver o Inferno? Não há outro caminho


para Deus?




Uma voz: Não há outro caminho! E este caminho


passa pelo dia dos fantasmas,


passa pelo Inferno.

Trad. José A. Palma Caetano

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