sábado, 19 de maio de 2012

EUA: NUNCA ANTES NA HISTÓRIA DESSE PAÍS

Recém-nascidos brancos já não são maioria nos Estados Unidos
Cristina F. Pereda - OESP
Pela primeira vez na história dos EUA, a maioria dos recém-nascidos não é branca, segundo dados do censo revelados nesta semana.
O crescimento da população hispânica, com um alto índice de natalidade, assim como da minoria asiática, confirma uma tendência apontada há anos.
De todos os nascimentos entre julho de 2010 e julho de 2011, 49,6% foram de crianças brancas, enquanto os filhos de casais hispânicos, asiáticos, afro-americanos ou de raças diferentes chegaram a 50,4%. Os americanos brancos, porém, continuarão sendo o grupo majoritário de população até 2042, segundo as projeções do Departamento do Censo.
A composição demográfica é capital em uma nação fundada por imigrantes e na qual a raça dos habitantes teve e terá grandes implicações para seu futuro econômico, social e político em alguns dos momentos mais importantes de sua história (o último tão recente quanto a chegada à Casa Branca de Barack Obama, o primeiro presidente negro, em 2008).
Algumas dessas mudanças se notam nos Estados de Havaí, Novo México, Texas, Califórnia e Distrito de Colúmbia, onde os brancos já são menos de 50% da população; em um em cada nove municípios americanos, onde o conjunto de minorias hispânica, afro-americana e asiática superou os brancos; e em todo o país, graças ao fato de um em cada cinco menores de 18 anos ser hispânico.
Essa evolução já se fez sentir nas últimas eleições, quando 40% dos novos eleitores eram hispânicos e, no total, dois terços do eleitorado hispânico apoiaram Obama. Em novembro próximo, segundo os especialistas, o candidato republicano deverá ganhar quatro em cada dez votos hispânicos se quiser impedir a reeleição do presidente.
O crescimento da população hispânica --um em cada seis americanos já é latino-- teve consequências políticas importantes no sul do país, onde contribuiu significativamente para o aumento da população em 13 dos 16 Estados da região. Em 2010, o Arizona aprovou uma polêmica lei de imigração que, apesar de ser bloqueada pelo Departamento de Justiça, inspirou várias cópias em diferentes Estados, como Geórgia ou Alabama. No Texas, os Partidos Democrata e Republicano disputam a distribuição dos distritos eleitorais, já que sua nova composição pode mudar o resultado das eleições.
Ativistas e organizações de defesa dos direitos das minorias, assim como numerosos políticos democratas contrários a essas estratégias, denunciaram que o único objetivo dessas leis é tornar cada vez mais difícil o voto pelos cidadãos menos inclinados a apoiar um candidato republicano, isto é, as minorias.
Ao todo, o grupo de população não branca cresceu 1,9% na última década, alcançando 114 milhões de habitantes, 36% da população do país. Os especialistas atribuem o crescimento das minorias, especialmente no caso da comunidade hispânica, às ondas migratórias das últimas três décadas e a seu alto índice de natalidade. A maioria dos imigrantes é hispânica, e esta é mais jovem --sua idade média é de 27 anos-- e costuma ter mais filhos que outros setores da população.
O censo de 2010 já concluiu que mais da metade do crescimento da população na última década ocorreu graças aos nascimentos de crianças hispânicas, enquanto essa minoria cresceu 43% nos últimos dez anos, passando de 35 para 50,5 milhões de latinos. Segundo os dados do governo, 26% dos nascimentos no último período eram de crianças hispânicas, contra 15% de afro-americanas e 4% de asiáticas.
O censo projeta que em 2050 os EUA terão uma população de 438 milhões de pessoas, 19% das quais terão nascido no estrangeiro.
Tradutor: Luiz Roberto Mendes Gonçalves

Nenhum comentário: