domingo, 20 de maio de 2012

PSICOPATA IRANIANO ENROLA O MUNDO TODO E DESENVOLVE PROJETO NUCLEAR. VAI SOBRAR PARA ISRAEL COLOCOCAR UM PONTO FINAL NA QUESTÃO

Irã vê sucesso em prolongar a questão nuclear
Thomas Erdbrink - NYT
Enquanto o Irã inicia uma rodada crítica de discussões sobre seu programa nuclear, sua equipe de negociação pode estar menos interessada em alcançar um acordo abrangente do que em ganhar tempo e estabelecer a legitimidade de seu programa de enriquecimento, dizem autoridades iranianas e analistas.
Isso porque, apesar de o Irã enfrentar crescente pressão financeira devido ao endurecimento das sanções, as autoridades locais dizem que sua abordagem fundamental essencialmente funcionou. Ao conseguir levar adiante suas atividades nucleares --aumento do enriquecimento e construção de uma instalação para isso em um bunker na montanha--, o governo de Teerã efetivamente obrigou o Ocidente a aceitar um programa que ele afirma ter fins pacíficos.
Os iranianos dizem que sua política cuidadosamente elaborada ajudou a mover as traves do gol em seu favor, tornando o enriquecimento uma realidade que o Ocidente não conseguiu conter - e agora pode estar disposto a aceitar, embora resmungando. "Sem violar qualquer lei internacional ou o Tratado de Não-Proliferação, conseguimos superar as linhas vermelhas que o Ocidente traçou para nós", disse Hamidreza Taraghi, um assessor do líder supremo iraniano, aiatolá Ali Khamenei, que é próximo da equipe de negociação.
Enviados do Irã se reuniram na segunda-feira com autoridades da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) em Viena, para discutir o desejo do órgão de inspecionar instalações no Irã que ele suspeita que foram usadas para testar explosivos capazes de detonar uma carga nuclear, o que o Irã nega. Mas as conversas também são consideradas um precursor informal de um encontro marcado para este mês em Bagdá entre o Irã, os EUA e outros países.
Embora permaneça uma brecha importante na confiança entre os dois lados --e pouca probabilidade de que o Irã conceda o acesso que a AIEA deseja a uma instalação militar--, a posição pública do Irã alimenta a sensação de que os dois lados buscam uma maneira de declarar vitória e diluir a crise.
Quanto ao Ocidente, as autoridades disseram que o sucesso, pelo menos em curto prazo, significaria um acordo pelo qual o Irã envie todo o seu urânio de médio enriquecimento para fora do país, o que aumentaria o tempo necessário para fabricar material em grau de bomba.
Em Teerã, Taraghi promovia uma narrativa que poderia abrir caminho para a aceitação pública e política de um compromisso sobre um programa que tenha amplo apoio público, mesmo entre facções políticas adversárias. O enriquecimento é visto como uma questão de soberania e orgulho nacionais.
Taraghi, vestido em um conjunto bege de verão, contou nos dedos os êxitos do Irã. Primeiro, ele disse, os países ocidentais não queriam que o Irã tivesse uma usina nuclear, mas seu reator de Bushehr agora está ligado à rede nacional. Depois, o Ocidente se opôs a que o Irã tivesse instalações de água pesada, mas agora o país tem uma na cidade de Arak.
Terceiro, o Ocidente havia dito não para qualquer enriquecimento. "Mas aqui estamos, enriquecendo o quanto precisamos para nosso programa de energia nuclear", disse Taraghi sorrindo, referindo-se aos milhares de cascatas de centrífugas que giram há anos na instalação semissubterrânea de Natanz. Desde janeiro, outras dezenas de centrífugas estão ligadas no complexo do bunker de montanha em Fordo, perto de Qum, construído para suportar um pesado ataque militar.
Taraghi e outras autoridades dizem que sua política forçou os EUA a aceitarem o enriquecimento de urânio, apesar de cinco resoluções do Conselho de Segurança da ONU terem pedido que Teerã suspendesse essa atividade. Membros do governo Obama negam essa visão.
Mas algumas autoridades iranianas e ocidentais sugeriram que enquanto a Casa Branca talvez agora se disponha a aceitar um certo nível de enriquecimento de urânio, em troca de inspeções altamente invasivas e outras garantias, Teerã também pode estar disposta a um compromisso, encerrando seu enriquecimento até 20%, nível em que fica mais fácil enriquecer posteriormente para o grau de armamento.
Mesmo antes de uma reunião preliminar em Istambul no mês passado, a primeira nas novas conversações, o diretor da agência nuclear iraniana, Fereydoon Abbasi, anunciou que seu país pretende parar o enriquecimento de urânio até 20%. O Irã disse que estava enriquecendo urânio para alimentar um reator médico de 43 anos, projetado nos EUA, para produzir isótopos usados no tratamento de câncer.
Taraghi também disse que nas discussões em Istambul o Irã conseguiu convencer o Ocidente da importância de uma decisão religiosa, ou "fatwa", de Khamenei contra a posse de armas nucleares. Ele disse que, ao fazê-lo, ajudou a vender sua posição de que não quer possuir armas nucleares. "O Ocidente é secular, não acredita que as decisões religiosas sejam mais importantes para nós que as políticas. Levou algum tempo para o nosso lado convencê-los", ele disse.
As autoridades americanas descrevem a coisa de maneira diferente, dizendo que elas próprias mencionaram a fatwa na tentativa de oferecer aos iranianos uma maneira honrosa de aceitar um compromisso.
Os negociadores do Irã deixaram a reunião em Istambul acreditando que tinham alcançado uma grande vitória. "Conseguimos firmar nossos direitos", disse Taraghi em seu escritório no centro de Teerã. "Tudo o que resta é um debate sobre a porcentagem de enriquecimento."
Mas não está claro da parte de Washington ou de Teerã onde termina o otimismo e começa a posição para negociar. As autoridades americanas dizem que nenhum compromisso sobre o enriquecimento nuclear foi oferecido nas conversas em Istambul, o que potencialmente prepara o lado iraniano para uma grande decepção.
Em vez disso, na semana passada os EUA pediram que o Irã tome "medidas práticas urgentes", sem especificar o quê, antes da reunião em Bagdá em 23 de maio.
Reforçados pela opinião de que o aumento das sanções junto com ameaças militares intimidaram os iranianos, as autoridades ocidentais vazaram várias exigências chaves que poderão fazer nas negociações em Bagdá.
Uma delas é que o Irã permita a volta dos inspetores da ONU ao complexo militar de Parchin para investigar acusações de órgãos de inteligência ocidentais de que o Irã trabalha em detonadores para uma arma nuclear. Também há exigências de que o Irã feche o complexo de Fordo, que está sob supervisão da AIEA. E para que se chegue a um acordo as potências ocidentais querem que a república islâmica assine uma aceitação voluntária sob o Tratado de Não-Proliferação Nuclear, permitindo inspeções mais amplas.
As autoridades americanas disseram que podem imaginar um programa de enriquecimento em solo iraniano - mas só daqui a alguns anos e sob uma série de condições, que incluem: respostas completas a todas as indagações da AIEA sobre possível trabalho em tecnologia de armamentos; permissão para que a AIEA realize inspeções sem advertência 24 horas por dia, sete dias por semana, em locais declarados e suspeitos; e a suspensão do enriquecimento até que esses outros requisitos sejam cumpridos.
"Isso ilustra que o caso nuclear é apenas mais um pretexto para tentar nos subjugar", disse Aziz Shah Mohammadi, um especialista antes ligado ao Conselho de Segurança Nacional do Irã, que, juntamente com Khamenei, define a política nuclear do país. "Portanto, consideramos cada rodada de negociações como uma fase separada, e não conduzindo a uma solução geral", ele disse.
A independência do Ocidente é um pilar da ideologia da república islâmica, o que torna muito difícil para seus líderes fazerem compromissos sobre questões como fechar instalações nucleares ou aceitar inspeções estrangeiras fora dos acordos incluídos no Tratado de Não-Proliferação, segundo analistas locais.
O país espera sobretudo iniciar um novo projeto nuclear, se as negociações falharem, disse um analista. "Nossos líderes poderão anunciar, por exemplo, um novo bunker na montanha para que Fordo seja esquecido", ele disse, pedindo para manter o anonimato porque não estava autorizado a falar sobre o assunto. "Em caso de fracasso, tentaremos nos conter de novo até que surjam melhores oportunidades para alcançar nossas metas."
Taraghi não quis considerar a possibilidade de as negociações falharem, mas disse que o Irã fará exigências próprias em Bagdá, incluindo o fim das sanções contra seu banco central. "Consideramos o episódio nuclear como um forte recuo das potências ocidentais", ele disse. "Mas a aceitação de nosso programa nuclear leva tempo, nós entendemos isso."
Tradutor: Luiz Roberto Mendes Gonçalves

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