sábado, 26 de maio de 2012

PARA ESPANHÓIS CONSERVADORES, LUGAR DE MULHER É EM CASA

Fórum ultraconservador em Madri pede volta da mulher ao lar
D. Alandete e C. Nogueira - El Pais
Rearmamento ideológico, com ingredientes de moral, religião e ultraconservadorismo, diante dos tempos que correm. "Autenticidade da mulher: redescobrindo a vida no lar", "Soluções para o comportamento homossexual", "Como manter a família unida: soluções práticas", "Contra a ideologia de gênero" ou "Ataques à família" --traduzido para o inglês como "o lobby homossexual".
São alguns dos temas --junto com "O doloroso drama do aborto" ou "O custo social da pornografia"-- que seriam abordados de sexta-feira (25) até domingo, em Madri, pelo Congresso Mundial de Famílias (CMF), que está em sua sexta edição.
A organização ultraconservadora que leva o mesmo nome, nascida em 1997 nos EUA, desembarca na Espanha pela mão da HazteOir, uma associação contrária ao aborto e ao casamento entre pessoas do mesmo sexo.
O congresso em Madri, em defesa da importância da "família natural" --entendida como um casamento heterossexual "aberto para a vida", explicam fontes da organização espanhola--, contará com a presença do eurodeputado do Partido Popular Jaime Mayor Oreja, que qualificou de "aberração" a interrupção voluntária da gravidez , e do bispo de Alcalá de Henares, Juan Antonio Reig Pla, que em uma homilia transmitida pela TV na última Semana Santa associou a homossexualidade à prostituição e afirmou que muitas mulheres que abortam "não conseguem dormir por causa do pecado".
O prelado presidiria na sexta-feira a sessão intitulada "A família natural e a revolução contra a família", da qual participaria o cardeal Ennio Antonelli, presidente do Pontifício Conselho para a Família do Vaticano. Mas também estava prevista a intervenção de representantes de outras religiões (judia, ortodoxa e protestante) e de especialistas ou militantes de diversos países, incluindo os EUA.
Segundo a HazteOir, a Conferência Episcopal "não se envolveu na organização do congresso". "Não temos nada a ver com isso", explica um porta-voz dos bispos, que não se pronuncia sobre o encontro. O grupo de palestrantes foi coordenado em parte pela Universidade Francisco de Vitoria --propriedade dos Legionários de Cristo.
Para os organizadores, chegou o momento de tomar a iniciativa diante dos ventos que sopram. E isso passa por "compreender as políticas que minaram a família (lobby homossexual, controle de natalidade, políticas contra a vida incluindo o aborto e a eutanásia, enfoque de ideologias de gênero) para confrontar o problema social e político", lê-se na apresentação do "programa científico".
Na quinta-feira, na entrevista coletiva prévia ao evento, alardearam sua posição de vítima. O responsável pela HazteOir, Ignacio Arsuaga, lamentou "a demonstração de intransigência" dos setores que se opõem a suas propostas.
O principal convocador internacional do encontro é o Centro Howard para a Família, Religião e Sociedade. Seu diretor, Allan Carlson, que participará em Madri, criticou duramente o que considera um assédio dos governos social-democratas à família tradicional. Considera que "o maior desafio no século 21 é a implosão demográfica", a despopulação. Na sua opinião, um dos fatores que mais agravaram a crise demográfica é o casamento homossexual. Para o Congresso Mundial das Famílias, a Espanha "é um dos países que ainda está se recuperando de oito anos de um líder socialista, Zapatero, que impôs aos cidadãos a legalização do casamento homossexual e o aborto, apesar de ela ser majoritariamente contra eles", segundo Larry Jacobs, diretor-gerente da organização.
Tradutor: Luiz Roberto Mendes Gonçalves

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