Staff de Dilma tentou convencer manifestantes da Unifesp a não usarem nariz de palhaço
Presidente e ministro cancelaram visita a câmpus de Diadema por 'questões de agenda'
Cristiane Nascimento - Estadão.edu
A presidente Dilma Rousseff e o ministro da Educação Aloizio Mercadante participariam nesta sexta-feira, 18, da inauguração de dois novos prédios da Unifesp no campus Diadema. A visita, no entanto, foi adiada de última hora. Segundo a assessoria da Presidência, as mudanças aconteceram meramente por "questões de agenda".
Estudantes da Unifesp apoiam reivindicações de docentesMuitos dos professores e alunos da instituição não foram avisados a tempo sobre o cancelamento da visita se prepararam para a inauguração, mas foram impedidos de entrar. "Demos com a cara na porta", disse uma docente da universidade. Juntos, eles se preparavam para uma manifestação pacífica, na qual entregariam uma carta ao ministro.
Segundo a professora, os assessores da presidente se reuniram com alunos e docentes durante a semana e tentaram convencê-los a não irem à cerimônia vestidos de preto e com narizes de palhaço - a caracterização reforçaria a adesão dos dois grupos à Campanha Nacional de Reestruturação da Carreira Docente."Eles nos diziam que as fotos do dia seguinte, produzidas pela imprensa, poderiam ficar feias."
Mesmo diante do cancelamento da solenidade, a diretoria do campus recebeu deputados e o prefeito de Diadema, Mário Reali. Segundo a assessoria da Unifesp, não houve tempo hábil para que a estrutura já montada fosse desfeita, o que inclui a presença dos convidados externos e o serviço do coquetel.
Greve. Os professores do câmpus Diadema decidiram em assembleia realizada na última quinta-feira, 17, entrar em greve por tempo indeterminado. A paralisação é parte de um movimento nacional dos docentes das universidades federais deflagrada esta semana em dezenas de instituições.
"Basicamente, defendemos a reestruturação da carreira docente nas instituições de ensino superior", diz Joel Machado Junior, professor do Departamento de Ciências Biológicas da Unifesp. "Entendemos que vivemos um momento único no Brasil e justamente por isso, o governo precisa enxergar que temos um papel fundamental para alavancar o desenvolvimento tecnológico no País."
Os demais câmpus da Unifesp realizam assembleias locais até segunda-feira, e uma assembleia geral convocada pela Associação de Docentes da Unifesp (Adunifesp) para terça-feira. Na ocasião, será decidida a ampliação ou não da greve para toda a universidade. Os docentes do campus da Baixada Santista já chegaram a consenso e, a partir da próxima semana, entrarão em greve.
COLABOROU JOÃO COSCELLI
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