Der Spiegel
Jim Wilson/The New York Times
Poços de petróleo do chamado Campo de Xisto de Monterey, na Califórnia (EUA); diferentemente da Alemanha, EUA não possuem normas rígidas para controlar método controverso de exploração de gás de xisto
Na segunda-feira passada (25), o governo da chanceler Angela Merkel deu um passo importante para a criação de normas para regular o fraturamento hidráulico, o controverso método para a exploração de jazidas de gás não convencionais. Por isso, parece improvável que a Alemanha experimente um boom na exploração de gás natural semelhante ao que vem ocorrendo nos EUA.
Chamar o que está acontecendo de revolução energética é um eufemismo. Nos Estados Unidos, o fraturamento hidráulico – ou fracking – disponibilizou novos depósitos de gás de xisto e aumentou drasticamente a quantidade de gás natural e petróleo produzidos em território norte-americano. Na verdade, há tanta atividade de fraturamento hidráulico na Dakota do Norte que, vista do espaço, a pouco povoada região parece, com seus incineradores de gás, ter se transformado de repente em uma vasta megalópole.
Um boom como esse não está nos planos futuros da Alemanha, como ficou claro na segunda-feira passada (25). O ministro do Meio Ambiente alemão, Peter Altmaier, do conservador União Democrata Cristã, partido da chanceler Angela Merkel, e Philipp Rösler, ministro da Economia e líder do menor partido da coalizão de Merkel, o Partido Democrático Livre, que apoia as atividades empresariais, fecharam um acordo com normas abrangentes para o setor de fraturamento hidráulico. Quando o acordo for transformado em lei, os depósitos de gás de xisto localizados próximos de aquíferos de água potável serão proibidos. Além disso, as empresas de perfuração serão obrigadas a cumprir normas ambientais rigorosas. Ainda assim, as medidas efetivamente removerão o que tem sido amplamente visto como a forte influência da Alemanha sobre o fraturamento hidráulico.
O acordo é coerente com as garantias emitidas por Altmaier após a Spiegel ter informado, no início deste mês, que o governo alemão estava interessado em criar parâmetros claros para a prática de fracking. "Nós queremos restringir o fraturamento hidráulico. Não estamos tentando promovê-lo", disse Altmaier à rádio pública alemã há duas semanas, acrescentando que ele não acredita que o "fraturamento hidráulico terá autorização para ser implantado na Alemanha em um futuro próximo".
O fraturamento hidráulico envolve a injeção, por meio de alta pressão, de uma mistura de água, produtos químicos e areia nas profundezas do solo para liberar depósitos de gás natural presos em formações rochosas. Pouco se sabe sobre os potenciais efeitos de longo prazo sobre o meio ambiente da utilização do método, mas os lucros – como o boom do fracking nos EUA tem demonstrado nos últimos anos – podem ser substanciais. O resultado tem sido um debate ideologicamente carregado e um conjunto confuso de normas que diferem de estado para estado e, às vezes, até de município para município. A Casa Branca está revendo as normas para esse tipo de exploração em terras federais.
Decisão esperada antes das eleições
O Instituto Federal de Geociências e Recursos Naturais da Alemanha estima que existam entre 0,7 e 2,3 trilhões de metros cúbicos de gás natural no subsolo do país, o suficiente para atender a demanda alemã durante um período de até 13 anos. Mas cerca de 14% dessas reservas estão em áreas próximas a aquíferos, o que as torna inexploráveis segundo as normas recém-acordadas.
Ainda não está claro quando o governo de Merkel pretende apresentar a lei relativa ao fraturamento hidráulico para apreciação no parlamento. Mas parece provável que a chanceler avançará no tema bem antes das eleições deste outono. Os partidos da oposição, de centro-esquerda, manifestaram seu ceticismo extremo em relação à prática do fracking, e têm usado a sua maioria no Bundestag, a câmara superior do legislativo alemão, para exigir que os produtos químicos suspeitos de causar danos ao meio ambiente utilizados no fraturamento hidráulico sejam totalmente proibidos até que seus possíveis efeitos negativos tenham sido exaustivamente pesquisados.
Ainda assim, uma nova lei poderia abrir o caminho para atividades limitadas de fracking na Alemanha. A ExxonMobil, juntamente com a Wintershall, estatal de gás natural alemã, estão aguardando para realizar perfurações de teste o mais rápido possível. Até agora, no entanto, as perfurações de teste têm sido consideradas uma extensão da atividade de fraturamento hidráulico no país. E parece provável que isso se mantenha assim por algum tempo.
Tradutor: Cláudia Gonçalves
Poços de petróleo do chamado Campo de Xisto de Monterey, na Califórnia (EUA); diferentemente da Alemanha, EUA não possuem normas rígidas para controlar método controverso de exploração de gás de xisto
Na segunda-feira passada (25), o governo da chanceler Angela Merkel deu um passo importante para a criação de normas para regular o fraturamento hidráulico, o controverso método para a exploração de jazidas de gás não convencionais. Por isso, parece improvável que a Alemanha experimente um boom na exploração de gás natural semelhante ao que vem ocorrendo nos EUA.
Chamar o que está acontecendo de revolução energética é um eufemismo. Nos Estados Unidos, o fraturamento hidráulico – ou fracking – disponibilizou novos depósitos de gás de xisto e aumentou drasticamente a quantidade de gás natural e petróleo produzidos em território norte-americano. Na verdade, há tanta atividade de fraturamento hidráulico na Dakota do Norte que, vista do espaço, a pouco povoada região parece, com seus incineradores de gás, ter se transformado de repente em uma vasta megalópole.
Um boom como esse não está nos planos futuros da Alemanha, como ficou claro na segunda-feira passada (25). O ministro do Meio Ambiente alemão, Peter Altmaier, do conservador União Democrata Cristã, partido da chanceler Angela Merkel, e Philipp Rösler, ministro da Economia e líder do menor partido da coalizão de Merkel, o Partido Democrático Livre, que apoia as atividades empresariais, fecharam um acordo com normas abrangentes para o setor de fraturamento hidráulico. Quando o acordo for transformado em lei, os depósitos de gás de xisto localizados próximos de aquíferos de água potável serão proibidos. Além disso, as empresas de perfuração serão obrigadas a cumprir normas ambientais rigorosas. Ainda assim, as medidas efetivamente removerão o que tem sido amplamente visto como a forte influência da Alemanha sobre o fraturamento hidráulico.
O acordo é coerente com as garantias emitidas por Altmaier após a Spiegel ter informado, no início deste mês, que o governo alemão estava interessado em criar parâmetros claros para a prática de fracking. "Nós queremos restringir o fraturamento hidráulico. Não estamos tentando promovê-lo", disse Altmaier à rádio pública alemã há duas semanas, acrescentando que ele não acredita que o "fraturamento hidráulico terá autorização para ser implantado na Alemanha em um futuro próximo".
O fraturamento hidráulico envolve a injeção, por meio de alta pressão, de uma mistura de água, produtos químicos e areia nas profundezas do solo para liberar depósitos de gás natural presos em formações rochosas. Pouco se sabe sobre os potenciais efeitos de longo prazo sobre o meio ambiente da utilização do método, mas os lucros – como o boom do fracking nos EUA tem demonstrado nos últimos anos – podem ser substanciais. O resultado tem sido um debate ideologicamente carregado e um conjunto confuso de normas que diferem de estado para estado e, às vezes, até de município para município. A Casa Branca está revendo as normas para esse tipo de exploração em terras federais.
Decisão esperada antes das eleições
O Instituto Federal de Geociências e Recursos Naturais da Alemanha estima que existam entre 0,7 e 2,3 trilhões de metros cúbicos de gás natural no subsolo do país, o suficiente para atender a demanda alemã durante um período de até 13 anos. Mas cerca de 14% dessas reservas estão em áreas próximas a aquíferos, o que as torna inexploráveis segundo as normas recém-acordadas.
Ainda não está claro quando o governo de Merkel pretende apresentar a lei relativa ao fraturamento hidráulico para apreciação no parlamento. Mas parece provável que a chanceler avançará no tema bem antes das eleições deste outono. Os partidos da oposição, de centro-esquerda, manifestaram seu ceticismo extremo em relação à prática do fracking, e têm usado a sua maioria no Bundestag, a câmara superior do legislativo alemão, para exigir que os produtos químicos suspeitos de causar danos ao meio ambiente utilizados no fraturamento hidráulico sejam totalmente proibidos até que seus possíveis efeitos negativos tenham sido exaustivamente pesquisados.
Ainda assim, uma nova lei poderia abrir o caminho para atividades limitadas de fracking na Alemanha. A ExxonMobil, juntamente com a Wintershall, estatal de gás natural alemã, estão aguardando para realizar perfurações de teste o mais rápido possível. Até agora, no entanto, as perfurações de teste têm sido consideradas uma extensão da atividade de fraturamento hidráulico no país. E parece provável que isso se mantenha assim por algum tempo.
Tradutor: Cláudia Gonçalves
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