NYT
Sebastien Nogier /EFE
Funcionário da IBM usa máscara do grupo Anonymous
Enquanto a maioria dos americanos concluía seu fim de semana de feriado [no dia 17 de fevereiro os EUA celebram o aniversário de Washington], os telefones na sede em Vancouver, Colúmbia Britânica, da HootSuite, uma empresa de gestão de redes sociais, começaram a tocar.
A conta do Burger King no Twitter tinha sido hackeada. O logo da empresa foi substituído pelo do McDonald's e anúncios falsos começaram a aparecer. Um era o de que o Burger King tinha sido vendido para o concorrente; outras postagens eram impublicáveis.
"Toda vez que isso acontece, nossas linhas telefônicas ficam congestionadas", disse Ryan Holmes, presidente-executivo da HootSuite, que fornece gestão e ferramentas de segurança para contas do Twitter, incluindo a capacidade de impedir que alguém tenha acesso à conta. "Para as grandes marcas, é um risco enorme", ele disse, referindo-se ao potencial de ser hackeado.
O que aconteceu ao Burger King –e, um dia depois, à Jeep– é o pesadelo de todo gerente de marca. Apesar de muitas plataformas de redes sociais terem começado como uma forma dos usuários comuns compartilharem fotos de férias e atualizarem seu status, elas evoluíram em grandes veículos de propaganda para as marcas, que criam as contas gratuitamente, mas precisam pagar por produtos de propaganda mais sofisticados.
O Burger King e a Jeep, de propriedade da Chrysler, não são os únicos. Outras contas proeminentes foram vítimas de hackeamento, incluindo as pertencentes à NBC News, USA Today, Donald J. Trump, Igreja Batista de Westboro e até mesmo ao grupo de hacktivismo Anonymous.
Esses incidentes levaram a questão da segurança das senhas das redes sociais e da facilidade de acesso às contas de marcas. Fazer o login no Twitter é igual tanto para a empresa quanto para o consumidor, exigindo apenas o nome do usuário e a senha.
O Twitter, assim como o Facebook, tem introduzido constantemente uma série de opções pagas de propaganda, aumentando o impacto para os anunciantes no site. As marcas que pagam para anunciar no Twitter são encaminhadas a um representante de vendas que as ajuda a administrar suas contas, mas não recebem uma segurança maior do que o usuário comum.
Ian Schafer, o fundador e presidente-executivo da Deep Focus, uma agência de publicidade digital, também recebeu alguns telefonemas de clientes preocupados com o ataque ao Burger King, argumentando que o Twitter tem alguma responsabilidade.
"Eu acho que o Twitter precisa reforçar seus negócios fornecendo uma melhor segurança", disse Schafer. Em um memorando para seus funcionários sobre os ataques, ele pediu a redes sociais como Facebook, Twitter, Pinterest "e qualquer pessoa que pense seriamente em colocar suas marcas em suas plataformas" que "invistam tempo para entender melhor como suas marcas operam dia a dia".
"Também é hora dessas plataformas usarem sua influência para moldar os padrões de segurança na Internet", ele escreveu.
O risco para o Twitter é ofender parceiros potenciais de negócios enquanto a empresa tenta aumentar seus dólares de anunciantes, que são responsáveis por grande parte de sua receita. Em 2012, a empresa cresceu mais de 100%, arrecadando US$ 288,3 milhões em receita global de anunciantes, segundo a eMarketer.
Na quarta-feira, ela introduziu um produto que permitiria aos anunciantes criar e administrar anúncios por meio de terceiros como a HootSuite, Adobe e Salesforce.com. Estima-se que 90% da receita da empresa venha dos anunciantes.
"Isso não é algo que não levamos a sério", disse Jim Prosser, um porta-voz do Twitter, em uma entrevista no mês passado. (A empresa se recusou a comentar o hackeamento da conta do Burger King, dizendo que não discute contas específicas.) Prosser disse que o Twitter conta com controles manuais e automáticos para identificar conteúdo malicioso e contas falsas, mas reconheceu que a prática é mais arte do que ciência.
Prosser disse que o Twitter exerce um papel ativo no combate às maiores fontes de conteúdo malicioso. No ano passado, a empresa processou os responsáveis por cinco das ferramentas de spam mais usadas no site.
"Com esse processo, nós estamos atacando diretamente a fonte", a empresa disse em uma declaração. "Nós esperamos que o processo sirva como dissuasor para outros spammers, demonstrando a força de nosso compromisso em mantê-los de fora do Twitter."
Mas especialistas em segurança dizem, e os recentes ataques de hackers ao Burger King, Jeep e outras marcas demonstram, que o Twitter precisa fazer mais.
"O Twitter e outras redes sociais são como ímã para hackers, hacktivistas e cibercriminosos sérios", disse Mark Risher, presidente-executivo da Impermium, uma empresa do Vale do Silício que busca limpar as redes sociais. "Devido ao seu acesso deliberadamente fácil e políticas liberais de conteúdo, as contas dessas redes são irresistivelmente tentadoras."
No caso da Jeep, os hackers substituíram a imagem miniatura da marca pelo emblema da Cadillac. (A Jeep é uma divisão da Chrysler e a Cadillac é uma divisão da concorrente General Motors.) As imagens de fundo na página da Jeep no Twitter foram substituídas por uma foto de homens em um carro coberto de logos do McDonald's, e postagens sem sentido começaram a fluir pelo feed de notícias da conta.
Hackeamento proeminente –ou "colapsos de redes sociais", como Holmes da HootSuite os chama– pode significar um aumento de procura por produtos da HootSuite para gestão de redes sociais. (Nem a Jeep e nem o Burger King são clientes da HootSuite.) Mas os ataques levantaram questões sobre a facilidade de contas do Twitter serem comprometidas e o que as marcas podem fazer para impedir futuros ataques.
Quando o Burger King foi hackeado, a empresas trabalhou com o Twitter para suspender a conta temporariamente, enquanto consertava o problema.
Os próprios hackers podem ser mais ágeis. Em dezembro, o Anonymous, a coletividade livre de hackers, invadiu as contas do Twitter de membros da Igreja Batista de Westboroe e, em alguns casos, divulgou informação como endereços e telefones de membros da Igreja, assim como os endereços dos quartos de hotel onde a Igreja estaria coordenando os protestos pelos quais é conhecida.
Em resposta, o Twitter suspendeu a conta de @YourAnonNews, uma das principais contas associadas ao Anonymous. Mas quase imediatamente, os hackers criaram uma conta de apoio no Twitter, @YANBackUp. até a original ser reativada. Quando foi, a conta não apenas permaneceu ilesa, como ganhou 100 mil seguidores adicionais.
Tradutor: George El Khouri Andolfato
Funcionário da IBM usa máscara do grupo Anonymous
Enquanto a maioria dos americanos concluía seu fim de semana de feriado [no dia 17 de fevereiro os EUA celebram o aniversário de Washington], os telefones na sede em Vancouver, Colúmbia Britânica, da HootSuite, uma empresa de gestão de redes sociais, começaram a tocar.
A conta do Burger King no Twitter tinha sido hackeada. O logo da empresa foi substituído pelo do McDonald's e anúncios falsos começaram a aparecer. Um era o de que o Burger King tinha sido vendido para o concorrente; outras postagens eram impublicáveis.
"Toda vez que isso acontece, nossas linhas telefônicas ficam congestionadas", disse Ryan Holmes, presidente-executivo da HootSuite, que fornece gestão e ferramentas de segurança para contas do Twitter, incluindo a capacidade de impedir que alguém tenha acesso à conta. "Para as grandes marcas, é um risco enorme", ele disse, referindo-se ao potencial de ser hackeado.
O que aconteceu ao Burger King –e, um dia depois, à Jeep– é o pesadelo de todo gerente de marca. Apesar de muitas plataformas de redes sociais terem começado como uma forma dos usuários comuns compartilharem fotos de férias e atualizarem seu status, elas evoluíram em grandes veículos de propaganda para as marcas, que criam as contas gratuitamente, mas precisam pagar por produtos de propaganda mais sofisticados.
O Burger King e a Jeep, de propriedade da Chrysler, não são os únicos. Outras contas proeminentes foram vítimas de hackeamento, incluindo as pertencentes à NBC News, USA Today, Donald J. Trump, Igreja Batista de Westboro e até mesmo ao grupo de hacktivismo Anonymous.
Esses incidentes levaram a questão da segurança das senhas das redes sociais e da facilidade de acesso às contas de marcas. Fazer o login no Twitter é igual tanto para a empresa quanto para o consumidor, exigindo apenas o nome do usuário e a senha.
O Twitter, assim como o Facebook, tem introduzido constantemente uma série de opções pagas de propaganda, aumentando o impacto para os anunciantes no site. As marcas que pagam para anunciar no Twitter são encaminhadas a um representante de vendas que as ajuda a administrar suas contas, mas não recebem uma segurança maior do que o usuário comum.
Ian Schafer, o fundador e presidente-executivo da Deep Focus, uma agência de publicidade digital, também recebeu alguns telefonemas de clientes preocupados com o ataque ao Burger King, argumentando que o Twitter tem alguma responsabilidade.
"Eu acho que o Twitter precisa reforçar seus negócios fornecendo uma melhor segurança", disse Schafer. Em um memorando para seus funcionários sobre os ataques, ele pediu a redes sociais como Facebook, Twitter, Pinterest "e qualquer pessoa que pense seriamente em colocar suas marcas em suas plataformas" que "invistam tempo para entender melhor como suas marcas operam dia a dia".
"Também é hora dessas plataformas usarem sua influência para moldar os padrões de segurança na Internet", ele escreveu.
O risco para o Twitter é ofender parceiros potenciais de negócios enquanto a empresa tenta aumentar seus dólares de anunciantes, que são responsáveis por grande parte de sua receita. Em 2012, a empresa cresceu mais de 100%, arrecadando US$ 288,3 milhões em receita global de anunciantes, segundo a eMarketer.
Na quarta-feira, ela introduziu um produto que permitiria aos anunciantes criar e administrar anúncios por meio de terceiros como a HootSuite, Adobe e Salesforce.com. Estima-se que 90% da receita da empresa venha dos anunciantes.
"Isso não é algo que não levamos a sério", disse Jim Prosser, um porta-voz do Twitter, em uma entrevista no mês passado. (A empresa se recusou a comentar o hackeamento da conta do Burger King, dizendo que não discute contas específicas.) Prosser disse que o Twitter conta com controles manuais e automáticos para identificar conteúdo malicioso e contas falsas, mas reconheceu que a prática é mais arte do que ciência.
Prosser disse que o Twitter exerce um papel ativo no combate às maiores fontes de conteúdo malicioso. No ano passado, a empresa processou os responsáveis por cinco das ferramentas de spam mais usadas no site.
"Com esse processo, nós estamos atacando diretamente a fonte", a empresa disse em uma declaração. "Nós esperamos que o processo sirva como dissuasor para outros spammers, demonstrando a força de nosso compromisso em mantê-los de fora do Twitter."
Mas especialistas em segurança dizem, e os recentes ataques de hackers ao Burger King, Jeep e outras marcas demonstram, que o Twitter precisa fazer mais.
"O Twitter e outras redes sociais são como ímã para hackers, hacktivistas e cibercriminosos sérios", disse Mark Risher, presidente-executivo da Impermium, uma empresa do Vale do Silício que busca limpar as redes sociais. "Devido ao seu acesso deliberadamente fácil e políticas liberais de conteúdo, as contas dessas redes são irresistivelmente tentadoras."
No caso da Jeep, os hackers substituíram a imagem miniatura da marca pelo emblema da Cadillac. (A Jeep é uma divisão da Chrysler e a Cadillac é uma divisão da concorrente General Motors.) As imagens de fundo na página da Jeep no Twitter foram substituídas por uma foto de homens em um carro coberto de logos do McDonald's, e postagens sem sentido começaram a fluir pelo feed de notícias da conta.
Hackeamento proeminente –ou "colapsos de redes sociais", como Holmes da HootSuite os chama– pode significar um aumento de procura por produtos da HootSuite para gestão de redes sociais. (Nem a Jeep e nem o Burger King são clientes da HootSuite.) Mas os ataques levantaram questões sobre a facilidade de contas do Twitter serem comprometidas e o que as marcas podem fazer para impedir futuros ataques.
Quando o Burger King foi hackeado, a empresas trabalhou com o Twitter para suspender a conta temporariamente, enquanto consertava o problema.
Os próprios hackers podem ser mais ágeis. Em dezembro, o Anonymous, a coletividade livre de hackers, invadiu as contas do Twitter de membros da Igreja Batista de Westboroe e, em alguns casos, divulgou informação como endereços e telefones de membros da Igreja, assim como os endereços dos quartos de hotel onde a Igreja estaria coordenando os protestos pelos quais é conhecida.
Em resposta, o Twitter suspendeu a conta de @YourAnonNews, uma das principais contas associadas ao Anonymous. Mas quase imediatamente, os hackers criaram uma conta de apoio no Twitter, @YANBackUp. até a original ser reativada. Quando foi, a conta não apenas permaneceu ilesa, como ganhou 100 mil seguidores adicionais.
Tradutor: George El Khouri Andolfato
Nenhum comentário:
Postar um comentário