terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

Um milhão de empregos foram eliminados na zona do euro em 2012
Philippe Ricard - Le Monde
Thomas Peter/Reuters

Limpador de janela remove grafite de porta de vidro da Academia de Artes de Berlim (Alemanha). Criado pelo grupo de design Bureau Mario Lombardo como contribuição à bienal de arte do país, o grafite "dracma euro" se refere à mistura das moedas da Grécia e da zona do euroLimpador de janela remove grafite de porta de vidro da Academia de Artes de Berlim (Alemanha).
Criado pelo grupo de design Bureau Mario Lombardo como contribuição à bienal de arte do país, o grafite "dracma euro" se refere à mistura das moedas da Grécia e da zona do euro
François Hollande não é o único que está tendo dificuldades para reverter o desemprego em seu país, ainda que alguns de seus colegas europeus, como Angela Merkel na Alemanha, não precisem realmente enfrentar esse desafio.
"As perspectivas do mercado de trabalho variam muito de um país para outro. O aumento previsto para o desemprego deverá ocorrer em um pequeno número de países", antecipa a Comissão Europeia em suas previsões, publicadas na sexta-feira (22).
De maneira geral, a situação deverá piorar ainda este ano. Enquanto a crise das dívidas passa por uma trégua prolongada, são as dificuldades da economia real que estão afundando o mercado de trabalho europeu.
O índice de desemprego deverá continuar a subir em 2013, atingindo em média 11,1% da população ativa dos 27 países-membros da UE, e 12,2% da zona do euro, segundo a Comissão Europeia.
A zona do euro deverá ficar em ligeira recessão este ano. Diferentemente do que aconteceu com o brusco recuo da economia em 2009, após a crise financeira, o mercado de trabalho desta vez foi atingido em cheio pelas dificuldades da indústria e do setor de serviços, com a falta de crédito.
A zona do euro sofreu a eliminação de um milhão de empregos em 2012, e deve esperar por resultados da mesma ordem em 2013, segundo Bruxelas. O número de desempregados deverá ultrapassar os 26 milhões este ano entre todos os 27 países-membros, mas com "discrepâncias" entre países que "atingiram uma magnitude sem precedentes", observa Olli Rehn, o comissário encarregado dos assuntos econômicos e monetários.

"Reequilíbrio"

Junto com a Itália, a França – onde o índice de desemprego deverá atingir 11% em 2014 – se encontra em uma situação intermediária: ela está se saindo nitidamente pior que a Alemanha, a Áustria, a Holanda e Luxemburgo. Mas está melhor que seus vizinhos do sul, onde o número de desempregados tem atingido níveis recorde.
Na Espanha, o desemprego deverá afetar mais de uma em cada quatro pessoas em condições de atividade, assim como na Grécia. Portugal se sai um pouco melhor. Nesses países em forte recessão que têm recebido ajuda financeira, mais de um em cada dois jovens está sem trabalho.
De acordo com a Comissão, essa evolução se deve ao fato de que o emprego sofreu uma forte retração em setores que se desenvolveram de maneira não sustentável durante os anos de expansão que precederam a crise, como o setor imobiliário na Espanha. Um fenômeno de "reequilíbrio", segundo Bruxelas, que é amplificado pelos esforços de austeridade impostos pelos financiadores internacionais para reconquistar a confiança dos mercados.
Nesse contexto, o desemprego de longa duração tem batido recordes. No final de 2012, quase um em cada dois desempregados europeus (45%) estava sem trabalho há mais de um ano. Uma melhora não é esperada para antes de 2014, dependendo do vigor da recuperação esperada até lá. Mas essa volta do crescimento ainda é muito incerta.
Tradutor: Lana Lim

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