Pesquisa rejeita novo mandato para Cristina
Maioria dos argentinos é contra reformar a Constituição para permitir uma nova reeleição
Ariel Palacios - OESP
BUENOS AIRES - De acordo com a pesquisa, o atual vice-presidente Amado Boudou, no centro de um escândalo de corrupção, teria somente 5% dos votos. O primogênito da presidente Cristina, Máximo Kirchner, que nos últimos meses apareceu como sucessor caso a mãe não possa concorrer, teria 2%.
A pesquisa irritou diversos setores do governo, já que Scioli, apesar da popularidade, nunca foi considerado um kirchnerista confiável. O governador, dono de um estilo conciliador, jamais aderiu à estratégia de confronto do governo Kirchner. Scioli é bem-visto pelo peronismo dissidente e mantém boas relações com o empresariado, que o classifica como "moderado".
Na semana passada, em discurso na Casa Rosada, Cristina recriminou Scioli por inserir publicidade oficial da Província de Buenos Aires no Clarín, jornal considerado inimigo do governo.
Presidenciável. No fim de semana, Scioli admitiu, pela primeira vez, que possui "aspirações presidenciais". No entanto, ressaltou que, se houver uma reforma constitucional que permita a reeleição de Cristina, apoiará a mudança.
A pesquisa também indica que Cristina perdeu 22 pontos porcentuais de aprovação desde outubro, quando foi eleita com 54% dos votos. Segundo a consultoria, a popularidade da presidente caiu de 63,3% para 40,9% – Scioli tem 51,5% de aprovação.
Cristina, eleita em 2007, foi reeleita no ano passado. Dias antes de sua segunda posse, em dezembro, um grupo de parlamentares kirchneristas declarou que o país precisava de uma reforma da Constituição para permitir uma nova reeleição presidencial. "A continuidade de Cristina Kirchner deve ser Cristina Kirchner", defendem os aliados da presidente.
O filósofo Ernesto Laclau, que há 30 anos leciona em Oxford, transformou-se no mentor ideológico do governo Kirchner e o principal intelectual que prega a reeleição de Cristina. Segundo ele, a América Latina precisa de presidentes que possam se reeleger mais vezes, para que os projetos políticos possam ser implementados.
Menem. O sistema eleitoral argentino não permitia reeleições até a reforma constitucional de 1994. O novo sistema deu sinal verde apenas para uma reeleição, vetando três eleições consecutivas.
Em janeiro de 1999, o então presidente Carlos Menem, reeleito em 1995, quis modificar a Constituição para possibilitar uma segunda reeleição. No entanto, Menem, na época com um alto índice de rejeição, fracassou na tentativa.
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