Hollande afirma que 'os franceses escolheram a mudança'
Socialista venceu o conservador Nicolas Sarkozy nas eleições presidenciais
VEJA
O socialista François Hollande declarou neste domingo que "os franceses escolheram a mudança" ao lhe dar a vitória sobre o conservador Nicolas Sarkozy nas eleições presidenciais da França. "Me comprometo a servir meu país com a entrega e exemplaridade que requer esta função", disse Hollande em suas primeiras palavras em Tulle, no centro do país, antes de viajar para Paris para comemorar sua vitória.
Entre suas prioridades, disse que está impulsionar uma "reorientação da Europa rumo ao emprego, o futuro e o crescimento". "Responsável pelo futuro de nosso país, sei que a Europa nos olha. Tenho certeza de que em certos países foi um alívio, uma esperança, já que a austeridade não podia seguir sendo uma fatalidade", declarou.
O vencedor das eleições - que ainda não foi confirmado pelos resultados oficiais - afirmou que respeita as convicções de todos os franceses e que será "o presidente de todos". "Esta noite só há uma França, uma só nação reunida em um mesmo destino", destacou Hollande perante os milhares de simpatizantes reunidos em uma praça da cidade da qual já foi prefeito.
Hollande acrescentou que a redução do déficit e a preservação de um modelo social que "garante a todos o mesmo acesso aos serviços públicos e a igualdade entre territórios" serão outras prioridades de seu mandato, além da educação, do meio ambiente e das políticas específicas para a juventude. "Cada decisão será tomada sobre estes dois critérios: É justo? É para a juventude?", afirmou Hollande.
Adversários - Antes mesmo de sair o resultado oficial, o presidente francês, Nicolas Sarkozy, reconheceu sua derrota contra Hollande, a quem desejou "boa sorte". Seu adversário obteve neste domingo entre 51,8% e 52,7% dos votos, segundo pesquisas divulgadas no fechamento dos colégios eleitorais e que outorgam cerca de 48% a Sarkozy, que tentava a reeleição.
"A França tem um novo presidente, é uma eleição democrática, republicana e deve ser respeitada", disse o conservador perante centenas de simpatizantes reunidos em uma sala de conferências no centro de Paris. "Desejo de todo coração que a França passe com sucesso por estas provas, é nosso país. Temos que pensar exclusivamente na felicidade da França, em sua grandeza", ressaltou Sarkozy.
Já a líder da extrema direita francesa, Marine Le Pen, manifestou suas dúvidas de que o vencedor François Hollande vá reformar o novo tratado europeu, ao contrário do que tinha anunciado. Em uma declaração após conhecer as primeiras estimativas que apontam Hollande como vencedor, Marine assinalou que o candidato socialista na realidade não quer mudar a "essência" do tratado.
Em entrevista à rede de televisão TF1, negou que seja responsabilidade sua o triunfo de Hollande e indicou Nicolas Sarkozy como o único derrotado. "Esta noite tem a responsabilidade do fracasso de seu campo", ressaltou. Marine também atacou Sarkozy e Hollande por nenhum deles ter sido capaz - ou ter a coragem - de iniciar uma recuperação no país.
Nessa circunstância, considerou que "o espaço de liberdade é o Parlamento, a Assembleia Nacional', em clara alusão aos pleitos legislativos de junho nos quais pôs suas esperanças de conseguir deputados que "sejam capazes de opor-se à política neoliberal e socialista".
Presidente - Aos 57 anos, nascido em uma família burguesa da província de Rouen, no noroeste do país, Hollande estudou em uma prestigiada escola de ensino superior e berçário da elite política francesa. Lá conheceu a que foi sua companheira por 25 anos e mãe de seus quatro filhos, Ségolène Royal, que foi a candidata socialista à Presidência em 2007. Acusado por opositores de não ter experiência para assumir o cargo, Hollande foi prefeito, deputado e presidente do Departamento de Corrèze.
François Hollande surgiu como alternativa real para a presidência francesa após o ex-presidente do FMI, Dominique Strauss-Kahn, ser preso em Nova York sob a acusação de agressão sexual e se envolver em um escândalo que culminou com o sepultamento de suas credenciais políticas. A partir dali, Hollande iniciou sua disparada nas pesquisas, que o colocam como provável vencedor ante Sarkozy no segundo turno.
Pró-Comunidade Europeia, Hollande tinha como carro-chefe a promessa de reforma tributária e justiça social. "Não se impressione por nada", diz aos seus partidários, para os quais o candidato seria o único capaz de encarnar uma alternativa contra Nicolas Sarkozy.
(Com agência EFE)
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