quarta-feira, 16 de maio de 2012

MALACK OBAMA: TO BE OR NOT TO BE: THATS THE QUESTION

Pesquisa aponta dúvidas em relação à declaração de Obama sobre casamento gay
Peter Baker e Dalia Sussman - NYT
O presidente dos EUA discursa durante cerimônia de formatura da turma da faculdade Barnard College
Reuters
A maioria dos americanos suspeita que o presidente Barack Obama teve motivação política quando declarou seu apoio ao casamento de mesmo sexo, segundo uma pesquisa divulgada na segunda-feira (14), sugerindo que a forma não planejada do anúncio moldou a postura do público.
Para 67% dos entrevistados pelo “The New York Times/CBS News” desde o anúncio, Obama o fez “principalmente por motivos políticos”, enquanto 24% disseram que foi “principalmente porque ele acha que é o certo”. Os eleitores independentes apresentaram maior probabilidade de atribuir a interesse político, com quase metade dos eleitores democratas concordando.
Os resultados reforçam as preocupações de assessores da Casa Branca e de estrategistas democratas de que a sequência dos eventos que anteciparam o anúncio na semana passada fez com que parecesse calculado, em vez de baseado em princípios.
Obama, que disse desde o final de 2010 que sua posição a respeito da questão estava “evoluindo”, proclamou seu apoio ao casamento de mesmo sexo apenas após o vice-presidente Joe Biden tê-lo feito em uma entrevista para a televisão.
“Se Biden não tivesse se manifestado a respeito, eu não acho que ele teria dito algo”, disse Larry Gannon, 48 anos, um artista gráfico de Norwalk, Califórnia, e um eleitor independente, na entrevista após a pesquisa.
Holly Wright, 67, uma eleitora independente de Smithfield, Virgínia, que trabalha na indústria de alimentos, disse acreditar que Obama concluiu que mais americanos aprovavam o casamento de mesmo sexo.
“Ele acredita que isso o ajudará a vencer a eleição”, ela disse. “Em outras palavras, diga o que a maioria das pessoas quer ouvir.”
Os resultados da pesquisa deixaram claro que o presidente está ingressando em uma área divisora da vida americana, uma que pode não figurar na lista de prioridades do país, mas ainda assim tem o potencial de prejudicá-lo nas margens na eleição de novembro. Aproximadamente 4 entre 10 americanos, ou 38%, apoiam o casamento de mesmo sexo, enquanto 24% apoiam uniões civis, mas não um casamento formal, e 33% são contrários a qualquer forma de reconhecimento legal. Quando as uniões civis são eliminadas como opção, a oposição ao casamento de mesmo sexo sobe para 51%, em comparação a 42% de apoio.
A pesquisa mostrou que relativamente poucos eleitores consideram o casamento de mesmo sexo como sendo sua questão mais importante em meio à continuidade da incerteza econômica, e mais da metade disse que não faria diferença na escolha deles do presidente. Mas entre aqueles que disseram que a posição de Obama influenciaria o voto deles, mais disseram que agora é menos provável que votem nele; em uma disputa apertada, até mesmo uma pequena mudança nos Estados indefinidos pode custar caro.
As consequências políticas do anúncio do presidente absorveram Washington, com estrategistas de todos os lados analisando dados para tentar antecipar o que isso significaria em novembro. Muitas pesquisas mostram um aumento do apoio nacional ao casamento de mesmo sexo, especialmente entre os americanos mais jovens. Mas eleitores em mais de 30 Estados aprovaram medidas proibindo essas uniões, mais recentemente na Carolina do Norte, na semana passada.
A equipe de Obama está contando com a noção de que o que ele possa perder em votos ou em intensidade de apoio será compensado pela maior empolgação entre os eleitores jovens e sua base liberal. Seu provável adversário republicano, Mitt Romney, um ex-governador de Massachusetts, está apostando na ideia de que a posição de Obama afugentará um número suficiente de defensores do casamento tradicional, incluindo negros, ajudando a fazer a disputa pender para seu lado.
A situação permanece tão incerta em parte porque, como mostrou a pesquisa, há um conflito profundo no público a respeito da questão. Considere as respostas para duas perguntas: apenas 32% disseram que o governo federal deve determinar se o casamento de mesmo sexo é legal em vez de deixar o assunto para os Estados; mas 50% são favoráveis a uma emenda à Constituição determinando que o casamento é apenas entre um homem e uma mulher, derrubando as leis estaduais que determinam o contrário.
O apoio de Obama ao casamento de mesmo sexo parece ter tido pouco efeito sobre a posição dos americanos a respeito. Mais influente parece ser a crescente familiaridade com pessoas que são gays e lésbicas. Em uma pesquisa “Times/CBS News” de 2003, 44% dos entrevistados disseram ter um colega de trabalho, amigo próximo ou parente que era gay, em comparação a 69% na mais recente pesquisa. Aqueles que tinham apresentavam maior probabilidade de apoiar a legalização do casamento de mesmo sexo do que os que não.
“Eu podia ser contra muito tempo atrás, mas então, após conhecer pessoas que são gays, eu mudei de ideia e agora tenho uma posição diferente”, disse John Cornett, 70, um democrata que é avaliador de imóveis em Georgetown, Kentucky.
A nova pesquisa nacional é baseada em entrevistas por telefone conduzidas de 11 a 13 de maio, por linhas fixas e celulares, com 615 adultos.
Restando menos de seis meses para a eleição, Obama permanece em uma disputa acirrada com Romney. Há um mês, uma pesquisa “Times/CBS News” mostrou os dois empatados com 46% cada; a mais recente pesquisa apresentou o candidato republicano como 46% e o presidente com 43%, uma diferença dentro da margem de erro de 4 pontos percentuais para mais ou para menos.
A posição vulnerável de Obama na pesquisa ocorreu apesar do crescente otimismo em relação à economia. Aproximadamente um terço dos eleitores disse que ela está muito boa ou boa, o maior número desde janeiro de 2008. Mais de um terço disse que ela está melhorando, em comparação com um quarto que disse que está piorando. O desemprego e a economia continuam sendo o tema predominante, com 62% os citando como a maior prioridade e 19% com sua segunda maior prioridade. Em comparação, apenas 7% escolheram o casamento de mesmo sexo como a questão mais importante e 4% como a segunda mais importante.
Apesar da maioria dos entrevistados ter dito que a posição dos candidatos não influenciaria seu voto, aproximadamente quatro entre dez disseram que influenciaria, e isso age contra Obama –26% dos entrevistados disseram que isso diminui a probabilidade de votarem em Obama, enquanto 16% disseram que é mais provável que votem. Muitos dos que se descreveram como menos prováveis de votar em Obama eram republicanos que de qualquer modo não votariam, mas em uma disputa apertada, mesmo pequenos números importam.
Por si só, o tamanho da amostra da nova pesquisa é pequeno demais para fazer comparações por raça, mas a agregação de quatro pesquisas “Times/CBS News” que fizeram a pergunta ao longo do último ano abre uma janela para uma dinâmica racial que pode ser problemática para Obama.
De modo geral, os americanos negros e brancos são divididos na questão do casamento de mesmo sexo em números semelhantes. Mas os democratas negros se mostram mais céticos do que os democratas brancos, com 45% dos democratas brancos apoiando a legalização do casamento para casais gays, em comparação a 36% dos democratas negros, enquanto 35% dos democratas negros são contrários a qualquer reconhecimento legal, em comparação a 28% dos democratas brancos.
Tradução: George El Khouri Andolfato

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