Lucia Hippolito e Edgar Flexa Ribeiro - O Globo
Fazer manifestação em São Paulo contra governador do Rio é fato inédito.Podemos e é importante fazer sobre isso algumas considerações.
Quem é contra o crime não é necessariamente a favor de Cabral, e vice-versa: quem é contra Cabral não é necessariamente a favor do crime.
Já se coloca uma questão: por que alguém contra Cabral vai fazer manifestação e quebra-quebra em São Paulo?
Isso tem a ver com o conteúdo da coisa: quem está organizando essa manifestação? A resposta pode ser simples: organizações partidárias presentes nas duas cidades ou organizações criminosas também presentes nas duas cidades.
Até que ponto um partido político acha bom negócio ser confundido com facções criminosas, na intenção de se servir delas para alavancar seus interesses?
O jogo é perigoso. As eleições vêm aí e é difícil imaginar que um partido possa controlar todos os interesses organizados em volta dele.
Se partidos políticos não têm interesse em associar-se – mesmo que pelo silêncio – com essas atitudes criminosas, o que esperam para condená-las e publicamente dissociar-se delas?
O silêncio nesse contexto – mesmo por omissão - também é criminoso. Isso não tem nada a ver com interesse partidário, é só covardia.
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