Denúncia amplia pressão sobre programa do Irã
Desenho de suposta câmara de testes usada para desenvolver a bomba é entregue à imprensa e inspetores exigem acesso a base onde estaria o aparelho
OESP/AP
TEERÃ - Novas informações sobre uma suposta câmara de testes nucleares – usada apenas para fins militares – fizeram aumentar ontem a pressão sobre o Irã. Um desenho do equipamento, que estaria na Base de Parchin, ao sul de Teerã, foi divulgado no domingo pela Associated Press. Ontem, a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) voltou a discutir com diplomatas iranianos, em Viena, novas inspeções e pediu acesso à instalação.
Suposta câmara de teste que estaria em Parchin
Na última vez em que estiveram no Irã, há dois meses, os inspetores foram proibidos de visitar Parchin, um amplo complexo militar. Potências ocidentais e analistas vêm levantando suspeitas sobre o local há anos, com base em imagens de satélite que indicariam a construção de instalações usadas para testes atômicos.
Se for confirmada a existência da câmara, será a primeira prova de que o Irã está atualmente empenhado em desenvolver tecnologia atômica para construir uma bomba. Num relatório publicado em novembro, a AIEA afirmou que Teerã havia construído em Parchin uma "grande instalação" para conduzir testes nucleares – algo que representaria "um forte indício de um possível desenvolvimento de armas (atômicas)", segundo a agência internacional.
Ainda de acordo com o documento, uma barreira de contenção em uma das paredes da instalação indicaria que ela foi projetada para suportar explosões equivalentes a até 70 quilos de dinamite.
O desenho da câmara divulgado ontem pela Associated Press teria como base o relato de uma pessoa que viu o aparelho, mas cuja identidade não pôde ser revelada por "questões de segurança". Olli Heinonen, que até ano passado era o número 2 da equipe de inspeção da AIEA para o Irã, afirmou que a imagem é "muito similar" a uma foto que ele viu, que também seria da câmara de Parchin.
Temores. Diplomatas ocidentais afirmam que o Irã está tentando ganhar tempo para remover indícios incriminadores do complexo militar antes de permitir a visita dos inspetores. O centro de pesquisas americano Institute for Science and International Security, que divulgou imagens de satélite de Parchin, afirmou que iranianos estão tentando "limpar" com água os resíduos radioativos que um teste teria deixado.
O encontro de ontem em Viena durou cinco horas e hoje os dois lados devem voltar a se reunir. A TV iraniana afirmou apenas que a reunião foi "positiva". Hoje, os dois lados voltarão a discutir as inspeções.
Potências ocidentais e Israel acusam o Irã de estar em busca de armas nucleares. Teerã nega a acusação e afirma que desenvolve tecnologia atômica apenas para fins pacíficos – produção de energia e pesquisa com isótopos médicos.
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