quinta-feira, 31 de outubro de 2013

Calote da OGX será teste para mercados de dívida de empresas latino-americanas
VIVIANNE RODRIGUES - "FINANCIAL TIMES"
No Brasil, credores e parceiros de negócios de Eike estão correndo para proteger seus interesses. Mas, nos EUA e na Europa, os investidores em ativos latino-americanos de renda fixa têm de encarar outra questão: será que o naufrágio do império X arrastará outros títulos da região?
No mercado de títulos empresariais latino-americanos, estouros como o da OGX costumavam ser telegrafados com muita antecedência e tinham impacto muito local.
Mas os últimos 12 meses foram diferentes. Os títulos latino-americanos estão sob pressão em meio a uma onda de venda de papéis de emergentes, antecipando o fim do programa de estímulo do Fed.
O número de falências e concordatas empresariais disparou na região, com duas quebras importantes entre as construtoras residenciais mexicanas. O Brasil, especialmente, teve de encarar uma trinca de más notícias: desaceleração econômica, alta na inflação e onda de protestos.
Como resultado, os preços dos papéis do país ficaram abaixo do dos rivais emergentes. Na terça, os títulos latino-americanos com classificações favoráveis tinham retorno negativo de 3,3%/ano, ante 1% negativo para a média de mercados emergentes com classificação semelhante, de acordo com o JPMorgan.
Longe de causar rejeição, porém, a combinação entre queda de preços e concordata da OGX pode atrair nova onda de compradores, dizem operadores e investidores.
As maiores empresas do Brasil, da Colômbia e do Peru foram capazes de captar dinheiro e continuarão sendo, dizem analistas. Neste ano, novas ofertas de títulos de empresas como Petrobras (Brasil) Pemex (México) e a mineradora estatal de cobre Codelco (Chile) ajudaram a elevar as emissões a 4% mais que o volume vendido no mesmo período de 2012. Não há sinal de recuo até dezembro.
Ainda assim, os investidores não devem desconsiderar as lições que a queda da OGX oferece, diz Michael Roche, estrategista de mercados emergentes no Seaport Group.
"Os investidores agiram prematuramente ao fornecer capital à companhia. E nem todos os números eram claros", diz. "Os mesmos erros voltarão a ser cometidos."

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