Tanto Brooks quanto Coulson eram jornalistas poderosos cuja influência se estendia para dentro do mundo político. Após editar o tabloide "News of the World" - que Murdoch acabou fechando em um esforço para conter o escândalo de acesso indevido a mensagens de celular - Coulson tornou-se diretor de comunicação de Cameron. Brooks, ex-editora e alta executiva de Murdoch, era amiga de Cameron - que foi colega de escola de seu marido, Charlie Brooks, dos tempos de Eton - e lhe emprestava cavalos para montar, encontrava-se com ele socialmente e às vezes trocavam torpedos.
Outros executivos e jornalistas do grupo de Murdoch estão entre os 62 jornalistas que foram presos em vários inquéritos policiais, incluindo alguns de outros grupos da imprensa.
Este não é o primeiro escândalo envolvendo a imprensa britânica e seus métodos. Já em 1989, o ministro conservador David Mellor declarou que a imprensa estava "bebendo no Salão da Última Chance". Mellor sofreu consequências por sua declaração e renunciou em 1992, após ter sua vida pessoal exposta nos jornais.
Mais de 20 anos depois, muitos dos mesmos argumentos estão sendo usados sobre as relações entre políticos e jornalistas e sobre a privacidade e a invasão - hoje reforçada por tecnologias que auxiliam os investigadores que antes ganhavam dinheiro examinando o lixo das celebridades.
O inquérito de Leveson expôs alguns laços incestuosamente estreitos entre políticos e altas figuras da indústria de jornais. "As aparências são importantes, e os políticos não devem ser amigos de proprietários de jornais", disse Cathcart. "A história dos políticos britânicos com a imprensa não é de interferência e sim de subserviência", disse ele. Os políticos "têm sido muito indulgentes com a imprensa por causa da pressão que ela pode fazer em época de eleição, quando é capaz de fazer ou derrubar o candidato".
Os escândalos parecem ter prejudicado a influência dominante de Murdoch no Reino Unido e ajudado a ascensão do tabloide conservador "The Daily Mail", que sempre negou o uso de escutas telefônicas.
Recentemente, o "Daily Mail" provocou uma feroz briga política ao publicar –e defender vigorosamente- um artigo que descreve o pai do líder do Partido Trabalhista, Ed Miliband como um homem "que odiava o Reino Unido". Miliband, que criticou abertamente o império de Murdoch por ocasião do escândalo das escutas clandestinas em 2011, foi considerado corajoso por criticar o jornal, até mesmo para defender seu pai.
Mas também houve críticas do governo ao jornal "The Guardian", de esquerda, por publicar informações secretas sobre a vigilância generalizada de comunicação - incluindo escutas telefônicas - divulgadas por Edward J. Snowden, o ex-analista de inteligência dos EUA.
As escutas telefônicas são ilegais no Reino Unido, assim como o assédio, e as leis de proteção de dados deveriam proteger a privacidade dos e-mails. Mas a polícia foi extremamente lenta em agir no atual caso e parece ter sido comprometida por subornos e por suas relações com os jornalistas.
Dada a complexidade dos temas, o impasse em relação à regulamentação da imprensa pode muito bem prosseguir para além da próxima eleição geral, prevista para 2015, e esse impasse pode ser útil a Cameron, segundo Luckhurst.
Mas, enquanto o caso se desenrola, a pressão pode aumentar para que Cameron tome uma atitude, apesar da relutância de alguns em seu partido, disse Luckhurst. "Isso dependerá do que vai acontecer no tribunal."
Tradutor: Deborah Weinberg
Outros executivos e jornalistas do grupo de Murdoch estão entre os 62 jornalistas que foram presos em vários inquéritos policiais, incluindo alguns de outros grupos da imprensa.
Este não é o primeiro escândalo envolvendo a imprensa britânica e seus métodos. Já em 1989, o ministro conservador David Mellor declarou que a imprensa estava "bebendo no Salão da Última Chance". Mellor sofreu consequências por sua declaração e renunciou em 1992, após ter sua vida pessoal exposta nos jornais.
Mais de 20 anos depois, muitos dos mesmos argumentos estão sendo usados sobre as relações entre políticos e jornalistas e sobre a privacidade e a invasão - hoje reforçada por tecnologias que auxiliam os investigadores que antes ganhavam dinheiro examinando o lixo das celebridades.
O inquérito de Leveson expôs alguns laços incestuosamente estreitos entre políticos e altas figuras da indústria de jornais. "As aparências são importantes, e os políticos não devem ser amigos de proprietários de jornais", disse Cathcart. "A história dos políticos britânicos com a imprensa não é de interferência e sim de subserviência", disse ele. Os políticos "têm sido muito indulgentes com a imprensa por causa da pressão que ela pode fazer em época de eleição, quando é capaz de fazer ou derrubar o candidato".
Os escândalos parecem ter prejudicado a influência dominante de Murdoch no Reino Unido e ajudado a ascensão do tabloide conservador "The Daily Mail", que sempre negou o uso de escutas telefônicas.
Recentemente, o "Daily Mail" provocou uma feroz briga política ao publicar –e defender vigorosamente- um artigo que descreve o pai do líder do Partido Trabalhista, Ed Miliband como um homem "que odiava o Reino Unido". Miliband, que criticou abertamente o império de Murdoch por ocasião do escândalo das escutas clandestinas em 2011, foi considerado corajoso por criticar o jornal, até mesmo para defender seu pai.
Mas também houve críticas do governo ao jornal "The Guardian", de esquerda, por publicar informações secretas sobre a vigilância generalizada de comunicação - incluindo escutas telefônicas - divulgadas por Edward J. Snowden, o ex-analista de inteligência dos EUA.
As escutas telefônicas são ilegais no Reino Unido, assim como o assédio, e as leis de proteção de dados deveriam proteger a privacidade dos e-mails. Mas a polícia foi extremamente lenta em agir no atual caso e parece ter sido comprometida por subornos e por suas relações com os jornalistas.
Dada a complexidade dos temas, o impasse em relação à regulamentação da imprensa pode muito bem prosseguir para além da próxima eleição geral, prevista para 2015, e esse impasse pode ser útil a Cameron, segundo Luckhurst.
Mas, enquanto o caso se desenrola, a pressão pode aumentar para que Cameron tome uma atitude, apesar da relutância de alguns em seu partido, disse Luckhurst. "Isso dependerá do que vai acontecer no tribunal."
Tradutor: Deborah Weinberg
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