Metodologia desenhada pela estatal foi submetida à aprovação do ministro Guido Mantega, presidente do conselho, e dos demais conselheiros
VEJA
Ministro Guido Mantega: nova metodologia deverá passar pela chancela do governo (Hélvio Romero/Estadão Conteúdo)
Desta nova metodologia dependerão os robustos investimentos da Petrobras ao longo dos próximos anos, sinalizou nesta segunda-feira o diretor financeiro da estatal, Almir Barbassa, ao afirmar que a política solicitada ao governo (sócio controlador da Petrobras) permitirá a implementação do plano de negócios da estatal. "O que estamos prevendo é que a nova política contemple a nossa previsibilidade e permita a implantação do plano de negócios que temos", afirmou Barbassa, referindo-se aos investimentos de 236,7 bilhões de dólares previstos de 2013 a 2017.
A atual política de preços da Petrobras, com reajustes esporádicos que não acompanham valores internacionais no curto prazo e provocam defasagem, está afetando a companhia num momento em que a empresa vem importando derivados para fazer frente ao crescimento do consumo brasileiro, principalmente por diesel. Segundo dados do Centro Brasileiro de Infra Estrutura (CBIE) levantados com exclusividade ao site de VEJA, a empresa perdeu 14 bilhões de reais entre janeiro e agosto ao absorver a defasagem de preços. "Temos uma política de preços amplamente conhecida que funcionou por muito tempo. Mas ultrapassamos os limites que nos auto-impusemos e, tendo em vista o programa de investimentos, achamos por bem a adequação à realidade e a redução da alavancagem", afirmou o executivo, durante teleconferência para analistas.
A Petrobras quer mais aderência dos preços dos combustíveis que vende no país aos valores praticados no mercado internacional, considerando que as importações de se tornaram cada vez maiores devido ao aumento da demanda e à incapacidade da estatal de suprir o mercado local. Se for aprovada, a metodologia permitirá reajustes automáticos conforme as periodicidade determinada pela nova fórmula e a variação de preços de petróleo no mercado internacional. Os reajustes, dessa forma, não vão demandar aprovação de diretoria para serem realizados, disse o diretor da Petrobras. Barbassa, contudo, não quis dar mais detalhes sobre como será essa nova fórmula.
Batalha de acionistas - A decisão de Mantega sobre a nova política ainda é uma incógnita, sobretudo porque o ministro tem afirmado incessantemente que a companhia não prevê reajustar preços. Contudo, a empresa tem sido pressionada por acionistas, sobretudo depois da disparada do dólar, no segundo semestre de 2013. Reportagem da Bloomberg publicada há duas semanas afirmava que os acionistas minoritários da estatal estavam prestes a assegurar que o reajuste ocorreria ainda este ano, depois de terem conseguido mais poder (e mais assentos) no conselho da administração da empresa. Segundo a reportagem, meses de lobby dos investidores, liderados pela Aberdeen Asset Management Plc, levaram o ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, a assegurar que o governo deixaria a companhia subir os preços da gasolina, depois que os subsídios ao combustível causaram 6,77 bilhões de reais em perdas líquidas no primeiro semestre nas refinarias.
Outro fator que agravou a pressão foi o leilão do Campo de Libra, ocorrido na última semana, que exigirá da estatal um aporte de 6 bilhões de reais ao Tesouro ainda este ano, além de investimentos pesados para garantir a exploração da área, que é a primeira do pré-sal a ser explorada sob o regime de partilha.
A nova metodologia terá foco nos valores praticados para gasolina e óleo diesel, combustíveis que têm mais peso tanto na receita da Petrobras quanto na inflação. Já produtos como nafta e querosene de aviação não deverão ser incluídos na nova metodologia, segundo Barbassa. O diretor também evitou comentar se haverá um mecanismo amortecedor para que eventuais altas de preços da Petrobras não sejam integralmente repassados ao consumidor.
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