Reinaldo Azevedo - VEJA
O Movimento Passe Livre está de volta. E quer intensificar as suas ações em São Paulo. Quanto mais confusão com a Polícia Militar, melhor. A avaliação é que os confrontos desgastam o governador Geraldo Alckmin, que é do PSDB. O MPL, como todos sabem, fez campanha para Fernando Haddad, do PT. Os valentes se dizem socialistas e pregam que o fim da propriedade privada deve começar pelos transportes.
O MPL havia tirado o pé do acelerador. Quando os protestos ganharam a adesão de setores da sociedade que não têm vínculos com movimento nenhum, eles se afastaram. Jamais endossaram “reivindicações burguesas” como “escolas e hospitais padrão Fifa”. Consideravam que isso desviava o foco e impunha um viés pequeno-burguês ao movimento. Os revolucionários endinheirados do MPL, a exemplo de Marilena Chaui, “odeiam” a classe média.
Muito bem! As pessoas que não pertencem a grupelhos de esquerda já fugiram das ruas. Cansaram da bagunça, da truculência, da violência. As praças foram devolvidas aos extremistas. Agora, sim, eles podem voltar a realizar seus atos minoritários. E o MPL voltou. E está em franco diálogo com a Prefeitura de São Paulo.
É isto mesmo: a gestão Haddad já deixou claro aos líderes do MPL que estuda, sim, a criação do passe livre. E parte dos recursos sairia do reajuste escorchante do IPTU. Para que a ideia vingue, no entanto, é preciso que haja a tal “pressão social”.
“Olhem, o Reinaldo Azevedo está acusando Fernando Haddad de estar por trás da depredação da cidade…” Não! O Reinaldo Azevedo não precisa que lhe atribuam o que não escreve. O que escreve já pode render bastante conversa. Eu estou afirmando, sim, com todas as letras, que:1: a Prefeitura abriu o que chamam por lá de “diálogo” com o movimento Passe Livre;
2: a gratuidade dos transportes deixou de ser considerada uma ideia inexequível e que se estuda o assunto na Prefeitura;
3: a gestão petista considera que a “pressão social” ajuda a encontrar uma resposta;
4: agora, sem o homem comum na rua, que o atrapalhava, o Passe Livre pretende intensificar seus atos, que incorporam a violência como parte da luta porque, segundo seus valentes pensadores, violento é o Estado.
Como todos vimos, isso pode resultar no linchamento de policiais. Mas, para os “revolucionários”, é tudo parte do jogo. E, não nos esqueçamos, as eleições estão aí. Se houver sangue nas ruas, melhor.
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