Pilar Álvarez - El Pais
Manuel H. de Leon/AFP
Vista do saguão de embarque do aeroporto de Barajas, em Madri (Espanha)
O maior aeroporto da Espanha busca novo rumo, uma rota a seguir. Madri Barajas deixou de ser o nº 1 em agosto. O aeroporto de Barcelona, El Prat, o superou neste verão.Além disso, acumula uma queda de viajantes superior a 20% nos últimos dois anos. Empalidece do mesmo modo que a cidade, onde a queda de 7,7% do turismo neste ano (22,2% em agosto) fez as administrações acenderem luzes vermelhas para buscar soluções.
"O bom de estar tão mal é que despertamos o interesse dos governantes depois de anos e anos de autocomplacência", reflete Jesús Gatell, o presidente da Comissão de Turismo da Câmara de Comércio.
Na última quinta-feira, representantes da Câmara, da AENA, da prefeitura, da Comunidade de Madri e da Turespaña se reuniram no chamado Comitê de Rotas de Barajas, que busca novos destinos com os quais conectar Madri de forma direta. Têm em vista Ásia e América Latina, mas também querem recuperar a Europa, explica Gatell.
No próximo 4 de outubro, representantes do comitê viajarão a Las Vegas (EUA) para reunir-se com companhias aéreas em uma convocação internacional de novos destinos.
Os empresários também pedem um fundo de 15 a 20 milhões de euros para campanhas promocionais.
"Estamos dispostos a dar parte desse dinheiro, mas é necessário", acrescenta Gatell. Por enquanto, governo, comunidade e prefeitura destinarão 3 milhões de euros para a promoção no estrangeiro.
Na quarta-feira( 25), a Comissão de Fomento do Congresso aprovou pedir ao governo para também pôr o foco em Barajas. A proposta surgiu do socialista Rafael Simancas e foi reformulada pelo Partido Popular para oferecer seu apoio.
Ficaram de fora as referências à redução das taxas aeroportuárias ou potencialização da imagem de Madri, e se aprovou um texto bastante frouxo no que se refere à chegada do trem de alta velocidade (TVA) ao aeroporto (sem data concreta nem pedido econômico expresso) e a criação de um comitê de coordenação aeroportuária na comunidade de Madri. Os socialistas deram por incluída também sua proposta de abrir novas rotas.
Tanto a comunidade como a prefeitura culpam Barajas pelo colapso turístico, por dois motivos. O governo regional acredita que a crise e o conflito trabalhista da Iberia, que tenta fechar uma redução de 22% de seu pessoal, provocou greves e mobilizações que afetaram diretamente o número de viajantes.
Também indica o aumento de taxas, que subiram 113% nos últimos dois anos, justamente o período em que começou a se acelerar a queda de passageiros.
As administrações, a patronal das companhias aéreas (Aceta), a oposição e os empresários reclamam uma redução de tarifas. Não parece que isso vá ocorrer por enquanto.
"Na primavera se chegou a um acordo com as companhias para o crescimento sustentado dessas taxas nos próximos cinco anos", explica Elena Mayoral, diretora do aeroporto desde abril.
Mayoral lembra que a AENA não se alimenta de dinheiro estatal, senão que financia sozinha seu funcionamento e suporta uma dívida de 14 bilhões de euros. Quase a metade corresponde ao Terminal 4, que custou 6 bilhões de euros e está subutilizado. Mayoral afirma que em todo caso a ampliação era necessária.
"Quando se abriu o T-4 só havia capacidade para 38 milhões de viajantes e já estávamos acima da capacidade. Com os 45 milhões atuais, precisamos dele."
Tanto o presidente regional, Ignacio González (PP), como o conselheiro de Transportes, Pablo Cavero, intensificaram nos últimos meses suas reuniões com responsáveis do aeroporto e da Iberia, segundo fontes da comunidade. Nesses encontros pedem que se acelere a saída do conflito trabalhista da companhia e que se proteja um enclave estratégico para a região.
Afirmam que podem fazer pouco mais que mostrar interesse, já que a grande maioria das decisões relacionadas com Barajas fica à margem de sua competência.
A prefeita de Madri, Ana Botella (PP), também pediu que o TVA chegue a Barajas. O projeto está no ar desde 2006, com adiantos e atrasos na data de entrada em funcionamento. A conexão ferroviária do aeroporto com a alta velocidade contou com 15,1 milhões de euros nos Orçamentos Gerais do Estado de 2013, mas custará ao todo 250 milhões de euros.
Todos concordam que essa conexão ajudaria também a recuperar o aeroporto, mas a ninguém escapa que dificilmente todas essas verbas sairão de uma vez (quer dizer, em 2014) dos magros cofres do Estado.
Tradutor: Luiz Roberto Mendes Gonçalves
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