terça-feira, 19 de março de 2013

A indústria dá novo sinal de desconfiança na retomada
O Estado de S.Paulo
O emprego industrial já vinha enfraquecendo nos últimos meses e deixou de crescer, entre dezembro e janeiro, segundo o IBGE. Ou seja, o setor de manufaturas não está convencido de que haverá recuperação sustentada neste ano, ainda que a economia venha a crescer acima do porcentual ínfimo de 0,9%, registrado em 2012.
Ainda piores do que o indicador mensal foram os de prazo médio: o pessoal assalariado ocupado diminuiu 1,1%, na comparação com janeiro de 2012, e 1,4%, no acumulado dos últimos 12 meses, comparado ao dos 12 meses anteriores. E caíram, por todos os critérios de análise do IBGE, os indicadores de horas pagas. Além disso, a folha de pagamento real caiu 5% entre janeiro e dezembro, embora ainda acuse uma elevação de 4,1% nos últimos 12 meses.
Os indicadores industriais foram particularmente ruins na Região Nordeste, para onde o governo tem deslocado suas preocupações eleitorais nas últimas semanas. Na região, a queda do emprego foi de 4,8%, atingindo 14 dos 18 setores pesquisados. Até no segmento de alimentos e bebidas houve cortes acentuados de pessoal, levando a um recuo de 7% no indicador mensal do IBGE.
Entre janeiro de 2012 e janeiro de 2013, o enfraquecimento do emprego industrial foi generalizado, alcançando de São Paulo (-1%) a Pernambuco (-9%), Bahia (-4,2%) e Rio Grande do Sul (-3,1%). No País, caiu o emprego em 12 dos 18 setores analisados pelo IBGE. Como notou o Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi), os dados do emprego estão fornecendo "uma informação mais precisa do andamento da indústria do que os números da produção industrial". Isto é, o crescimento da produção industrial, em janeiro, não está consolidado - ainda hoje, o nível da produção industrial é inferior em 1,5% ao registrado em setembro de 2008, quando se agravou a crise internacional.
Quanto ao número de horas pagas, salvo alimentos e bebidas, segmentos dependentes do consumo de massa apresentaram queda, como vestuário (-7,8%), calçados e couro (-5,9%) e têxtil (-4,6%), além de outros produtos da indústria de transformação (-5,3%), máquinas e equipamentos (-2,9%), madeira (-6,9%) e papel e gráfica (-2,6%).
Nos últimos meses, muitos ramos industriais intensivos em trabalho foram beneficiados com a redução do custo tributário da folha salarial. Mas, até agora, os resultados parecem duvidosos, dando razão aos que acreditam que as regras tributárias devem ser gerais, não particulares.

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