Entre 2002 e 2010, a economia local cresceu, em média, 13,82% ao ano
População passou de 24 mil habitantes (1991) para 228 mil em 2010; PIB per capita alcançou R$ 17,2 mil em 2010
NELSON BARROS NETO - FSPCapital mais jovem e menos populosa do país, Palmas "ainda falta ser preenchida", diz o gracejo comum entre os forasteiros da cidade.
A referência ao município de amplas áreas desocupadas e avenidas largas também se aplica ao potencial de crescimento da economia local.
De 2002 a 2010, a economia de Palmas cresceu, em média, 13,82% ao ano -superando os índices do Tocantins (7,2%) e do Brasil (4%).
Setores como construção civil e supermercados ajudam a puxar a fila. Nos últimos cinco anos, redes como Extra, Makro e Carrefour se instalaram na cidade.
De acordo com o último levantamento feito pelo IBGE por meio das "Estatísticas do Cadastro Central de Empresas", em 2010 havia 6.503 empresas registradas em Palmas, um avanço de 41% em relação a 2006 (4.613).
O ramo de alimentos também já rendeu à capital do Tocantins a primeira rede de franquias do Estado.
Aberta em 2007, a Buffalos, de espetos e sanduíches, soma duas unidades no município e uma em Parauapebas (PA). Em junho, a rede de lanchonetes deve chegar a Maceió (AL).
"Levamos em conta ser uma cidade planejada, perto do centro do país e com potencial de crescimento", diz o dono, Diego Passoni, 28, que deixou Florianópolis para "empreender no Norte". Hoje fatura, em média, R$ 130 mil mensais por loja.
AVANÇO DA POPULAÇÃO
Casos como o de Passoni ajudam a explicar a explosão demográfica de Palmas, que passou de 24 mil habitantes em 1991 para 228 mil em 2010. De 2002 a 2010, o PIB per capita avançou 126%, de R$ 7.600 para R$ 17,2 mil.
"O que se lança, vende", diz Fabiano do Vale, dono de construtora com 23 empreendimentos em Palmas. "A nova classe C está parecendo mais classe B. Vem consumindo tudo", afirma.
O avanço da economia abre espaço à especulação imobiliária. Parte dos preços no setor triplicou. Na cidade, o aluguel de um apartamento de 64 m², em área nobre, fica em torno de R$ 900.
JURO NEGATIVO
O cenário para o investidor é também bastante atraente. "Embora estejamos geograficamente no centro, participamos da região Norte, com disponibilidade de fundos como o da Sudam (Superintendência do Desenvolvimento da Amazônia) e taxas reais de juro negativas. Isso chama o empresário", diz o secretário de Indústria e Comércio do Estado, o paulista Paulo Massuia, 48.
Falta de mão de obra qualificada é desafio
Cobertura da rede de esgoto atinge apenas 52% da população da cidade
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O crescimento de Palmas, no Tocantins, faz com que a cidade enfrente novos problemas, mas ainda sem ter resolvido todos os antigos.
A falta de mão de obra especializada é queixa recorrente do empresariado local.
Dono da rede Buffalos, Diego Passoni diz ter sofrido para encontrar consultores para a expansão do negócio.
Sem opções nas regiões Norte e Centro-Oeste, teve que recorrer a profissionais de São Paulo. "Falavam que não valeria a pena vir pela distância. Colocavam o preço no teto apenas para não fechar negócio", diz.
A indisponibilidade de mão de obra afeta também a construção civil, apesar do bom momento do setor na região. "Há entidades que até capacitam. Mesmo assim não temos conseguido atender à demanda", diz Paulo Tavares, do sindicato da indústria da construção. Na periferia, há pendências básicas por resolver. A cobertura de rede de esgoto atinge apenas 52% da população. A empresa de saneamento estadual -privatizada em 2011- promete universalizar o serviço em quatro anos.
Há ainda dificuldades políticas. Um projeto de ampliação do Plano Diretor (documento que regula o uso e ocupação do solo) rumo a áreas desocupadas foi engavetado há dois anos após denúncias de influência de empresas de loteamentos.
O próprio governador do Estado, Siqueira Campos (PSDB), está com a permanência no cargo ameaçada. Na semana passada, o Ministério Público opinou pela cassação do tucano sob acusação de compra de votos e abuso de poder econômico. O governador nega.
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