terça-feira, 1 de outubro de 2013

Grupo terrorista somali usa dinheiro de contrabando e extorsões em atentados
Al-Shabab foi responsável por recente cerco ao shopping de Nairóbi, que deixou pelo menos 67 mortos
Jeffrey Gettleman e Nicholas Kulish - NYT
Enclave somali de Eastleigh, no Quênia, serve como capital financeira do al-Shabab: grupo extremista islâmico matou ao menos 67 pessoas em atentado num shopping
Foto: Terceiro / Agência O Globo
Enclave somali de Eastleigh, no Quênia, serve como capital financeira do al-Shabab: grupo extremista islâmico matou ao menos 67 pessoas em atentado num shopping - Terceiro / Agência O Globo
NAIRÓBI — Marfim ilegal, sequestros, pirataria, contrabando de carvão, extorsões e até campanhas falsas de caridade. O grupo al-Shabab passou de um negócio ilegal para outro, tirando dinheiro do submundo do Leste da África para financiar ataques como o recente cerco ao shopping de Nairóbi, que deixou pelo menos 67 mortos segundo números oficiais.
Autoridades daqui e do Ocidente têm redobrado esforços para derrotar ou pelo menos conter o grupo antes que seus militantes voltem a atacar no Quênia ou mesmo nos EUA. Mas, apesar das tentativas, o grupo ainda controla rotas lucrativas de contrabando no Sul da Somália, extrai dinheiro da proteção de várias empresas somalis e levantou milhares, senão milhões, de dólares no exterior.
Estima-se que o al-Shabab empregue uma equipe financeira que desenvolveu elaborados esquemas que incluiriam, entre outras negociações, US$ 500 por extorsão e US$ 2 para cada saco de arroz que passa por seus postos de controle.
- Eles calculam sua renda, fazem contas. E você tem que obedecer, senão eles matam você - disse Mohamed Aden, ex-presidente da Himan e Heeb, uma região parcialmente autônoma no centro da Somália, perto do território do al-Shabab.
O grupo também roubaria dinheiro de projetos de construção de mesquitas e escolas. E tem empresários experientes em suas fileiras. Depois que o grupo tomou o porto de Kismayo, no Sul da Somália, alguns negociantes de carros de lugares tão distantes como Mogadíscio preferiram importar veículos dali, ao invés de usar o porto governamental, alegando que o al-Shabab cobrava taxas mais baixas. Embora forças da União Africana tenham tirado o grupo de Kismayo, seus militantes ainda controlam áreas nos arredores do porto.
- Eles têm uma renda diversificada - disse Jonathan Schanzer, ex-funcionário de contraterrorismo do Tesouro dos EUA, que estima em US$ 100 mil os gastos do grupo com o atentado em Nairóbi.
O caos na Somália também torna mais difícil eliminar o al-Shabab. A longa história de anarquia no país, cujo governo central caiu em 1991, cria um ambiente ideal para aproveitadores. O grupo pode cometer vários crimes sem se preocupar com a prisão de seus militantes, porque a aplicação da lei é praticamente inexistente. A pobreza extrema é outro fator complicador. Quando os EUA designaram o al-Shabab uma organização terrorista, em 2008, as agências humanitárias reclamaram que as sanções americanas tornaram impossível distribuir ajudas em áreas controladas pelo grupo.

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