segunda-feira, 28 de outubro de 2013

Oposicionista crava ampla vitória em Buenos Aires
Kirchnerismo perde distritos-chave, porém mantém maioria do Congresso
Resultados parciais dão a Sergio Massa 12 pontos de vantagem sobre o candidato de Cristina, Insaurralde
LÍGIA MESQUITA - FSP
O governo de Cristina Kirchner perdeu as eleições legislativas de ontem nos maiores colégios eleitorais da Argentina. O pleito renovava metade da Câmara e um terço do Senado.
O resultado enterrou de vez a possibilidade de um terceiro mandato da presidente, já que para conseguir uma reforma constitucional, ela precisaria ter dois terços de parlamentares no Congresso.
Cristina nunca declarou querer mais quatro anos de governo. A ideia surgiu de alguns políticos kirchneristas. "Essa derrota é o princípio do fim do kirchnerismo", afirma à Folha o analista político Rosendo Fraga.
Com mais de 95% das urnas apuradas até o fechamento desta edição, a principal derrota imposta era a da Província de Buenos Aires, que concentra 37,3% dos 30 milhões de eleitores do país.
O oposicionista Sergio Massa, da Frente Renovadora, ganhou do kirchnerista Martín Insaurralde por 12 pontos de vantagem, com 44% contra 32%. A diferença foi de mais do que o dobro dos 5,5 pontos que separavam os dois nas primárias de agosto.
Com esse resultado, Massa, que é prefeito da cidade de Tigre, na Grande Buenos Aires, e ex-chefe de gabinete de Cristina, se cacifa como um dos principais candidatos à Presidência do país nas eleições de 2015.
E se coloca como o principal adversário de Daniel Scioli, governador de Buenos Aires e o kirchnerista mais cotado como presidenciável.
A aliança FpV (Frente para a Vitória), de Cristina, também perdeu em Córdoba, Santa Fé e Mendoza, Estados com mais cadeiras em jogo na Câmara.
Mas, no total de votos do país, o kirchnerismo se manteve como a primeira força política e conseguiu aumentar seu percentual para 32%, em relação às primárias de agosto, quando obteve 26%.
Para Patricio Giusto, da consultoria Diretório Político, mesmo com esses números, a presidente fica em uma situação "muito difícil". "O projeto de re-reeleição está morto e ela tem mais de 70% de votos contra", diz.
GOVERNABILIDADE
Mesmo com a derrota em distritos-chaves, Cristina seguirá tendo maioria no Congresso, o que garante sua governabilidade nos últimos dois anos de mandato.
A mandatária também tem a seu lado a lei de superpoderes econômicos, que permite ao Executivo decretar novos impostos e alterar o Orçamento sem votação parlamentar.
DISCURSO
Às 21h50 na Argentina (23h50 no horário de Brasília), Massa começou seu discurso na sede da Frente Renovadora em Tigre. Agradeceu aos eleitores da capital que votaram em sua lista e disse que recebeu telefonemas de seus opositores, incluindo Insaurralde, que o cumprimentou pela vitória.
"A vitória não nos dá nenhum direito. Nos dá compromisso e responsabilidade com as milhões de pessoas que votaram em nós."

Cadeirante de oposição vence disputa ao Senado
L. M. - FSP
Na eleição na capital Buenos Aires, o PRO (Proposta Republicana), partido criado pelo atual prefeito da cidade, Mauricio Macri, foi o grande vencedor.
Com 64% das urnas apuradas, Gabriela Michetti, que é cadeirante, foi declarada a vencedora na disputa ao Senado, com 38,91% dos votos, contra 27,5% do segundo colocado, Fernando Pino Solanas (Unem).
No sistema argentino, as listas para o Senado são compostas por dois nomes por partido. A legenda que obtém mais votos assegura duas bancas no Senado.
Michetti garantiu assim que Diego Santilli, também do PRO, fosse eleito.
A surpresa ficou por conta da eleição do deputado e cineasta Solanas como o terceiro senador da cidade, derrotando assim o kirchnerista Daniel Filmus.
O PRO também garantiu a primeira colocação na votação para a Câmara na capital. A lista da legenda derrotava a da Unem por 34,22% a 31,94%. A chapa governista Frente para a Vitória, com Juan Cabandié, estava em terceiro, com 22% dos votos.
A boa eleição do PRO na cidade é arma de Mauricio Macri para a eleição de 2015. O político já se declarou candidato à Presidência.

Problema cardíaco de Cristina causa nova preocupação
Presidente argentina, que foi operada para retirada de coágulo na cabeça, sofre de bloqueio no coração
Em repouso, política não votou em eleição legislativa; filho diz que 'está tudo bem' e que ela 'está de bom humor'
LÍGIA MESQUITA - FSP
A saúde de Cristina Kirchner ainda é motivo de dúvidas na Argentina. Agora, a preocupação recai sobre seu coração.
A presidente, que está de repouso após a cirurgia para a retirada de um coágulo na cabeça, retornou ao hospital Fundação Favaloro na semana passada para exames. Segundo o boletim médico, Cristina evolui bem da operação, mas apresenta um "intermitente bloqueio do ramo esquerdo" do coração, um distúrbio na condução elétrica.
Quando a presidente foi diagnosticada com o coágulo na cabeça, ela havia dado entrada no hospital por causa de uma arritmia.
A revista argentina "Notícias" desta semana diz que Cristina sofre há dois anos com arritmias que provocam náuseas e podem levar a desmaios. Segundo a publicação, um dos tratamentos para esse bloqueio do ramo esquerdo do coração é a colocação de um marca-passo.
O cardiologista Daniel Magnoni, do HCor, diz à Folha que esse distúrbio elétrico no coração pode levar o paciente a apresentar uma arritmia mais grave e até uma parada cardíaca. Por isso, a indicação de marca-passo. "A queda dela com o trauma craniano pode ter sido causada por esse bloqueio."
Por causa do estrito repouso a que está submetida, que inclui a proibição de andar de avião, Cristina não votou neste domingo em sua cidade, Río Gallegos, no sul do país.
Mas os filhos da presidente, Máximo e Florencia, deixaram a residência oficial de Olivos, na Grande Buenos Aires, para votar na cidade do Estado de Santa Cruz.
Máximo, pai do único neto de Cristina, Néstor Ivan, de três meses, é o líder da agrupação jovem ultrakirchnerista La Cámpora.
Ao chegar à escola onde vota, ele falou com a imprensa depois de anos sem dar uma entrevista.
Disse que "está tudo bem, graças a Deus" com a mãe e que ela "está de bom humor". Questionado se sabia a data para ela retornar ao trabalho, respondeu que "isso é com os médicos".

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