A nova polarização
Eliane Cantanhêde - FSP
BRASÍLIA - Enquanto Judiciário e Legislativo se digladiavam, a eleição presidencial avançava bastante na semana passada, com ações e reações do governo e das oposições.
Aécio Neves, do PSDB, lançou a ideia de um mandato presidencial de cinco anos, sem direito a reeleição. Eduardo Campos, do PSB, mordeu a isca e ligou ao "concorrente" para endossar a ideia, que tem lá sua serventia simbólica, como mote para unir a oposição, mas nenhuma serventia prática. Que Congresso vai aprová-la? Só se for o de Marte, quem sabe o de Saturno?
Um movimento na mesma direção, a da união, mas em sentido contrário, de Aécio para Campos, foi quando o socialista apresentou-se no programa do seu partido na TV e não deixou dúvidas --é candidato e, apesar dos cargos do PSB no governo, está na oposição. Foi a vez de Aécio retribuir e dar as "boas-vindas" a ele na seara oposicionista.
Aécio e Campos também atraíram Marina Silva, da futura Rede, para a dança contra a candidata favorita de todas as pesquisas, que é Dilma Rousseff. Os três são contra o projeto que inibe a criação de novos partidos, um petardo petista com alvo certo: a candidatura de Marina.
Com isso, vai surgindo uma nova polarização nacional. O "PT versus PSDB" evolui para um enfrentamento "governo versus oposições". Lula e Dilma fortalecem suas alianças, particularmente com o PMDB. Aécio, Campos e Marina ensaiam um jogo articulado para o primeiro turno, que pode ou não sobreviver. Depende de como a campanha evoluir. Se Aécio, Campos e Marina ficarem pau a pau, o acordo e o ensaio viram pó.
Até lá Lula, Dilma e seus artilheiros não economizam munição para segurar aliados e evitar dispersão para as hostes adversárias, sobretudo para a candidatura Eduardo Campos. Ele e Marina são os alvos da vez.
A eleição, portanto, está como o diabo, os jornalistas e os políticos em busca de vantagens gostam.
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