Subsídios à gasolina, problemas climáticos e custos elevados tiram competitividade do setor
Ronaldo D’Ercole - O Globo
SÃO PAULO - Festejada como potência mundial, a indústria brasileira do etanol vive tempos difíceis. Nos últimos quatro anos, das 330 usinas do Centro-Sul do país, 40 fecharam as portas e outras dez devem parar de moer cana de açúcar neste ano. Endividada e sem novos projetos de investimento, a indústria da cana deve encerrar a atual safra operando com 96% da capacidade instalada, nível delicado diante das perspectivas de aumento de 13% na demanda anual de etanol no mundo e de crescimento do mercado doméstico.
Entre 2011 e 2012, problemas climáticos fizeram com que o país produzisse quase 100 milhões de toneladas a menos que em 2010, mas a atual safra deve chegar a 635 milhões de toneladas, de acordo com a Datagro, consultoria especializada no setor.
— Voltando ao patamar de 2010 e com o fechamento de usinas, a moagem começa a ficar próxima da capacidade efetiva do setor. E não existe ainda um ambiente que estimule o setor privado a investir em capacidade — diz Plínio Nastari, da Datagro.
Estudo do banco Itaú BBA sobre o setor constata que, dos 147 grupos produtores de etanol e açúcar do Centro-Sul do país, 90 (responsáveis por 28,5% da produção nacional) estão excessivamente endividados e precisam passar por processos de fusão ou aquisição ou terão de encerrar as atividades.
— A paridade com o preço da gasolina, controlado pelo governo nos últimos anos, levou a um valor para o etanol que não remunera os investimentos e, em muitos casos, gera prejuízo. Por isso, entre as empresas a ordem é sobreviver. Investir, nem pensar — diz Alexandre Figliolino, diretor de Agronegócio do banco Itaú BBA.
Os custos elevados desde a crise de 2008, que pegou a maioria das empresas muito endividadas, combinados com os problemas climáticos que afetaram as safras de cana e a manutenção do subsídio à gasolina minaram a competitividade do etanol. Resultado: a participação do álcool (hidratado e anidro) no consumo interno de combustíveis para veículos leves desabou de 45%, em 2010, para 31,7% ano passado.
Exportações estão crescendo
Ao mesmo tempo, as exportações dessa fonte de energia limpa só aumentam: chegaram a 3 bilhões de litros em 2012 e devem atingir os 4,1 bilhões de litros este ano, segundo a Datagro.
Marcos Fava Neves, professor da Faculdade de Economia da USP em Ribeirão Preto, considera a falta de estratégia do governo para o setor “o grande equívoco de política pública” do governo Dilma Rousseff.
— O etanol é reconhecido como um combustível avançado nos Estados Unidos e, por isso, tem tributação diferenciada. Aqui, não tem — diz Fava Neves. — Tenho viajado o mundo e as pessoas não entendem o que acontece aqui.
De acordo com a Unica (entidade que representa as usinas do Centro-Sul), o país precisa instalar ao menos cem novas usinas de etanol e açúcar até 2020. Só que desde 2008, diz Antonio de Pádua Rodrigues, diretor-técnico da Unica, nenhum novo projeto foi aprovado. Quadro que o pacote anunciado semana passada pelo governo pouco deve mudar.
— Os incentivos anunciados pelo governo contribuem para recompor as margens de operação e reforçar o caixa. Mas não há nenhuma diretriz nova na política energética e nenhuma indicação de que o etanol terá maior peso na matriz energética. Sem isso, não vale a pena investir no aumento da produção — diz um usineiro que pediu para não ser identificado.
— Voltando ao patamar de 2010 e com o fechamento de usinas, a moagem começa a ficar próxima da capacidade efetiva do setor. E não existe ainda um ambiente que estimule o setor privado a investir em capacidade — diz Plínio Nastari, da Datagro.
Estudo do banco Itaú BBA sobre o setor constata que, dos 147 grupos produtores de etanol e açúcar do Centro-Sul do país, 90 (responsáveis por 28,5% da produção nacional) estão excessivamente endividados e precisam passar por processos de fusão ou aquisição ou terão de encerrar as atividades.
— A paridade com o preço da gasolina, controlado pelo governo nos últimos anos, levou a um valor para o etanol que não remunera os investimentos e, em muitos casos, gera prejuízo. Por isso, entre as empresas a ordem é sobreviver. Investir, nem pensar — diz Alexandre Figliolino, diretor de Agronegócio do banco Itaú BBA.
Os custos elevados desde a crise de 2008, que pegou a maioria das empresas muito endividadas, combinados com os problemas climáticos que afetaram as safras de cana e a manutenção do subsídio à gasolina minaram a competitividade do etanol. Resultado: a participação do álcool (hidratado e anidro) no consumo interno de combustíveis para veículos leves desabou de 45%, em 2010, para 31,7% ano passado.
Exportações estão crescendo
Ao mesmo tempo, as exportações dessa fonte de energia limpa só aumentam: chegaram a 3 bilhões de litros em 2012 e devem atingir os 4,1 bilhões de litros este ano, segundo a Datagro.
Marcos Fava Neves, professor da Faculdade de Economia da USP em Ribeirão Preto, considera a falta de estratégia do governo para o setor “o grande equívoco de política pública” do governo Dilma Rousseff.
— O etanol é reconhecido como um combustível avançado nos Estados Unidos e, por isso, tem tributação diferenciada. Aqui, não tem — diz Fava Neves. — Tenho viajado o mundo e as pessoas não entendem o que acontece aqui.
De acordo com a Unica (entidade que representa as usinas do Centro-Sul), o país precisa instalar ao menos cem novas usinas de etanol e açúcar até 2020. Só que desde 2008, diz Antonio de Pádua Rodrigues, diretor-técnico da Unica, nenhum novo projeto foi aprovado. Quadro que o pacote anunciado semana passada pelo governo pouco deve mudar.
— Os incentivos anunciados pelo governo contribuem para recompor as margens de operação e reforçar o caixa. Mas não há nenhuma diretriz nova na política energética e nenhuma indicação de que o etanol terá maior peso na matriz energética. Sem isso, não vale a pena investir no aumento da produção — diz um usineiro que pediu para não ser identificado.
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